Desde 2011 que as ruas de Lisboa estão mais coloridas e belas, pinceladas pelas cores dos tecidos utilizados pela marca Kahumbi nas suas criações. Roupa com sabor étnico, sem esquecer as tendências: “Claro, vivo na Europa”, afirma Naara Saturnino.
Tivemos uma pequena conversa, no fim do seu desfile, em que apresentou algumas peças da sua colecção de Verão, a qual vai ser apresentada dia 30 de Julho, pois, segundo nos diz, não tem “timings” para as suas colecções.
Naara, de origem angolana, é uma mulher segura, forte e sem hesitações, que responde desabridamente às questões que lhe colocamos. Queremos saber se a sua roupa significa uma afirmação política, a resposta não se fez esperar: “Sim, no sentido em que é uma afirmação das minhas origens, uma forma de me manter em contacto com as minhas origens e afirmar-me como negra”.
Foto: Loide Santos
Não se pense que faz roupa só para negros, magros, ou estereótipos de beleza, a sua roupa é para todos e, por muito que pareça quase impossível, fica maravilhosamente bem a todas e todos.
Talvez se compreenda o porquê na sua postura enquanto mulher. Mãe solteira, Naara considera-se feminista, reconhecendo uma luta que começou há muitos anos e ainda se encontra longe de estar acabada.
As suas marcas, pois tem também marca em nome próprio, integram acessórios e, segundo pudemos apurar pelas suas publicações em página própria, artigos de decoração.
Quisemos saber o que inspirava esta artista e a resposta é simples: “todas as formas de arte e a street”. É essa urbanidade que se revela nas suas formas que mesmo que nos lembrem etnicidade, têm sempre a contemporaneidade presente.
Por curiosidade Kahumbi significa a cria do pássaro, tão cantado, Humbiumbi que anuncia o nascer do Sol e voa alto, sempre mais alto, levando os outros pássaros a segui-lo.
Naara uma estilista que não se deve perder de vista e merece que o seu trabalho seja seguido de perto. Quem usa a sua roupa sente-se, pura e simplesmente, individual dentro do mundo.
https://www.facebook.com/Kahumbi-172603709430762
Fotos: Mª José Belo Marques e Loide Santos