Jack White foi o principal prejudicado pelo facto dos bilhetes para o último dia terem esgotado tão rapidamente. Um bom concerto de um ícone do rock, mas sem o seu público no NOS Alive ’18.
Já passavam mais de dez minutos da hora marcada (21h05) quando subiu ao palco principal Jack White. Um dos guitarristas mais icónicos deste século tinha uma tarefa estranha em mãos. Em 2007, na primeira edição do então denominado Optimus Alive!, Jack White era o grande cabeça-de-cartaz, mas na altura liderando os agora extintos The White Stripes. Relatos contam que esse terá sido um dos melhores concertos de todas as edições do Alive. Neste sábado, o retrato era bastante diferente por dois motivos principais:
1 – Parece que ainda há muita gente que não sabe quem é Jack White;
2 – Eram muito poucos os que lá estavam por ele, pois o dia já estava mais do que esgotado antes de ter sido anunciado no cartaz.
A recepção controversa do novo álbum “Boarding House Reach” poderia ser outro motivo a ser apresentado para a fraca agitação do público com o aparecimento em palco de Jack White, mas por tudo o que o rodeou a actuação, a ideia com que se fica é que os poucos que de facto ouviram o disco, gostaram de o ouvir representado ao vivo. Com um público mortiço pela sua frente, Jack White foi tirando ases da sua larga cartola, passando pelos melhores momentos da sua carreira a solo, pelos The White Stripes, pelos The Raconteurs e até pelos The Dead Weather, a ver se ganhava algum tipo de movimento por parte dos espectadores. Começando com duas extraordinárias músicas rock da sua carreira a solo, “Over and Over and Over” e “Lazaretto”, seguindo de imediato para “Hotel Yorba”, White deixou bem explícito que não era por ter pouca adesão por parte do público que ele ia dar um concerto menor, ele não é assim. Tantos clássicos deste século como “I’m Slowly Getting Into You”, “We’re Going To Be Friends” ou “Broken Boy Soldier” a serem recebidos com a menor animação dos espectadores da frente só nos fazem pensar no concertão que este poderia ser, caso estivessem presentes mais fãs de Jack White. O guitarrista só conseguiu tirar 3 momentos de extrema alegria do público: quando apareceu uma imagem de Trump a levar com uma seta, quando tocou a música universal “Seven Nation Army” e quando apareceu mais tarde no concerto dos Pearl Jam, por esta ordem de grandeza. Quando antes deste concerto ouvia-se comentar que muitas dos espectadores que ali estavam não sabem que a “Seven Nation Army” foi escrita pelo artista que ia subir a palco antes dos Pearl Jam, sorriamos um pouco. Estamos na época do streaming e do fácil acesso à música, e a “Seven Nation Army” não passou nunca de moda, estando se calhar até mais popular neste momento. Finalizado o concerto, apercebemo-nos que a afirmação anterior revelou-se muito verdadeira, confirmando que o livre e rápido acesso às obras musicais, não correlaciona directamente com um maior conhecimento musical por parte de quem usa as plataformas de streaming diariamente. Nota ainda para a excelente actuação da restante banda que Jack White trouxe consigo, mantendo sempre a actuação em grande plano, relembrando por vezes um concerto de free jazz, tal era (ou parecia ser) o improviso total dos elementos da banda.
Tendo ficado a largas milhas do espectáculo que Jack White nos ofereceu em 2012 no Coliseu de Lisboa, só pedimos que este herói da guitarra venha cá mais vezes, e de preferência o mais rapidamente possível em sala fechada.
SETLIST – JACK WHITE
Over and Over and Over
Lazaretto
Hotel Yorba
Corporation
Black Math
I Cut Like a Buffalo
Love Interruption
We’re Going to Be Friends
I’m Slowly Turning Into You
Steady, as She Goes
Connected by Love
You Don’t Know What Love Is (You Just Do As You’re Told)
Icky Thump
Freedom at 21
Screwdriver
Broken Boy Soldier
Seven Nation Army
A CA Notícias esteve presente na edição deste ano do festival nos dias 12, 13 e 14 Julho e poderá consultar aqui toda a informação sobre o NOS Alive ’18.
Segundo dia de NOS Alive ’18 – O resumo de 13 de Julho (com fotogaleria)