in , , , ,

Segundo dia de NOS Alive ’18 – O resumo de 13 de Julho (com fotogaleria)

Segundo dia de NOS Alive ’18 – O resumo de 13 de Julho (com fotogaleria)

O segundo dia de NOS Alive ’18 ficou marcado pelo poder do rock dos Queens of The Stone Age, pela intimidade dos The National perante 55 mil pessoas e um palco Sagres recheado de boas actuações. Saiba como correu o dia 13 de Julho no Passeio Marítimo de Algés.

 

Portas abertas à partir das 15h, mas como era uma sexta-feira só a partir das 18 horas é que o recinto foi-se compondo mais. Como tal, não houve público suficiente às 17h para os concertos que se estavam a realizar nos 3 palcos principais do NOS Alive. Kaleo no Palco NOS, Sound Bullet no Palco Sagres e XXIII no NOS Clubbing abriam os respectivos palcos naquele que poderá ter sido o melhor dia do festival.

Às 17h50 era a vez dos Japandroids subirem ao Palco Sagres. Estranho ver uma banda da dimensão da banda canadiana a actuar tão cedo e com tanta gente sem ter conseguido chegar ao recinto em Algés, mas a vida de digressões e festivais por vezes proporciona este tipo de calendarização que pode parecer estranha a muitos. No entanto para quem já estava presente no recinto foi interessante ver um espectáculo rock sem manias nem adereços. Apenas uma guitarra e uma bateria, e foi o suficiente para animar os ânimos de todos os que assistiram. A banda que actuou por duas vezes em Portugal no ano passado (nos festivais NOS Primavera Sound e Vodafone Paredes de Coura), regressou assim a Lisboa para apresentar novamente as músicas do disco mais recente “Near to the Wild Heart of Life”, mas não só. Houve espaço para algumas faixas dos dois primeiros álbuns, que foram as que reuniram maior consenso por parte do público.

A seguir, os Black Rebel Motorcycle Club actuavam no palco principal e para apanhar o início do concerto era necessário correr. Mas tanto esforço não era necessário, pois não iríamos ser recompensados por tal. A banda californiana já não pisava palcos portugueses desde 2013, quando actuaram no Meco numa edição do Super Bock Super Rock que curiosamente tinha dois cabeças-de-cartaz deste NOS Alive: Arctic Monkeys e Queens of The Stone Age (o outro foi The Killers). Apesar de terem editado um novo álbum este ano, “Wrong Creatures”, aquilo que se viu nesta sexta-feira não foi muito diferente do que se viu em 2013. A banda simplesmente parece não conseguir desamarrar-se ao vivo, e o rock parece demasiado morno, sem ponta de rasgo. Não ajudou muito à animação do público que ao contrário dos outros dois dias não estava em massa na fila da frente para ver QoTSA ou The National. “Beat The Devil’s Tattoo” e “Spread Your Love” continuam a ser clássicos de uma banda que parece não se esforçar muito para sair de uma apatia ao vivo.

Seguiriam-se The Kooks, não fosse a doença do vocalista da banda Luke Pritchard ter obrigado ao cancelamento do concerto. Em substituição vieram os Blossoms, outra banda indie rock britânica, que é bastante acarinhada em terras de Sua Majestade, mas que por cá passam completamente ao lado. Já no ano passado tinham actuado no palco secundário deste festival, mas sem grande alarido. Este ano foi igual, com muitos a decidirem passar esse tempo nas activações das marcas presentes no festival ou a jantar. Entretanto no palco Sagres, Eels e Yo La Tengo iam fazendo os possíveis para cativar o maior número de pessoas e deverão ter rivalizado bem com os poucos milhares que assistiam a Blossoms.

 

Chegava a hora de The National. “O que é The National é bom” poderia muito bem ser o slogan da banda americana, tal é a quantidade de vezes que por cá passam e como nos surpreendem sempre. Os muitos que esperavam a subida a palco de Matt Berninger comentavam sobre o receio que tinham sobre este concerto. A dimensão do festival é grande, com capacidade para 55 mil espectadores diariamente, as atracções extra-musicais são muitas à volta, e a maior parte do público presente não é o público de The National, com alguns a nem conhecerem sequer qual o seu reportório. Tudo tinha para correr mal a uma banda que possui na intimidade com o público um dos seus grandes trunfos. Mas quem conhece realmente a banda de Matt Berninger sabe que eles darão tudo para contrariar os possíveis contratempos que poderão aparecer. E foi mesmo isso que fizeram na noite de sexta-feira. Ao 15º concerto em Portugal é difícil arranjar novos adjectivos para os elogiar. Se é verdade que esta actuação poderá não ter sido a melhor (até porque o alinhamento foi mais curto do que o que gostaríamos), ninguém saiu indiferente aos The National. Iniciando o espectáculo com músicas do novo álbum como “Nobody Else Will Be There” e “The System Only Dream In Total Darkness”, deram logo a entender que o alinhamento iria recair maioritariamente no novo álbum “Sleep Well Beast”, um registo com mais tendências electrónicas e que caiem muito bem neste tipo de eventos. Mas é faixas como “I Need My Girl”, “Fake Empire”, “Terrible Love” ou “About Today” que sentimos uma maior comunhão entre fãs e banda, sinal de que o novo disco ainda não está completamente digerido. A banda foi competente como sempre, enquanto que o vocalista Matt mantinha a sua pose que tanto nos dá uma ideia de estrela de rock que consegue ter milhares de espectadores a seus pés como também nos dá a ideia de um homem frágil com traumas e que os prefere exorcizar em público e em disco. Poucos são os líderes que conseguem estabelecer uma relação tão profícua com o público português como Matt Berninger consegue, e isso muito se deve à sua entrega sem limites em cada actuação. Se num momento o vemos a cantar encostado no público que aproveita para tirar selfies com o vocalista, logo a seguir o vemos a admitir que ultimamente tem sido difícil ver as notícias e que este concerto está a ajudá-lo a sentir-se melhor. Mais perto do final da actuação temos direito ao clássico de culto “Mr. November”, em que vemos Matt a dirigir-se ao stand da cerveja ali perto para ir buscar uma fresquinha enquanto exclama a plenos pulmões o refrão forte da música, apesar de não ter sido acompanhado pela totalidade do público (sinal do desconhecimento de muitos da discografia dos The National). Terminado o concerto, podemos dizer: “Venham sempre que quiserem, vocês são da casa!”.

Agora aconteceu o grande problema desta edição do NOS Alive, mas um bom problema. Os Portugal. The Man já actuavam antes do final do concerto, e difícil era a romaria entre palcos, tornando-se impossível de assistirmos a um dos concertos mais aguardados do festival. A banda de Portland que adoptou o nome do nosso país e que até assinou um acordo com o Turismo de Portugal nos últimos dias encheu por completo a tenda do Palco Sagres e esperamos poder rever a banda rapidamente em Portugal.

 

Ao som de “Singin’ in The Rain” de Gene Kelly, seguida da música do icónico filme de Stanley Kubrick “A Clockwork Orange”, os Queens of The Stone Age subiam a palco para mostrarem a muitos o que é realmente um concerto rock. Os anos passam, o rock cada vez anda menos presente na vida das pessoas, e cada vez se torna mais estranho assistir a um concerto de puro rock em festivais com este dimensão, e quando os há, não são normalmente cabeças-de-cartaz. Esta edição do NOS Alive tem a particularidade de apresentar no seu cartaz vários nomes capazes disso, mas nenhuma das bandas o fez tão bem como que os QoTSA. Tendo editado “Villains” no ano anterior, este concerto serviria de apresentação do novo disco aos portugueses, isto depois de terem actuado por duas vezes em Portugal na tour de apresentação de “…Like Clockwork” de 2013. O início confirma essa ideia, abrindo logo com as dançáveis “Feet Don’t Fail Me Now” e “The Way You Used To Do”. Seguiu-se “A Song for The Deaf”, a primeira incursão no seu Magnum opus “Songs for The Deaf”. E foi logo aí perceptível a diferença que existia nos fãs da banda originada no deserto da Califórnia, com muitos a preferirem as faixas mais dançáveis da discografia da banda e com outros tantos a preferirem as músicas mais sujas, mais “stoner” dos Queens of The Stone Age, mas com todos a viverem em harmonia o belo concerto da banda liderada por Josh Homme. O guitarrista e vocalista dos Queens of The Stone Age atrai as atenções com o seu carisma e 1.90 m de altura, mas uma das grandes vantagens da banda é que as atenções não se concentram apenas no gigante ruivo, e todos os elementos da banda têm espaço para brilharem durante a actuação. Destacando-se o último membro a ingressar na banda, Jon Theodore, o baterista que se juntou à banda depois de muitos anos e experiências, que até levaram o líder dos Foo Fighters, Dave Grohl, a pegar nas baquetas dos QoTSA. A banda encontra-se naquele que será muito provavelmente o momento mais estável com a manutenção dos 5 membros desde a edição de “…Like Clockwork”. Troy Van Leeuwen, Michael Shuman, Dean Fertita, Jon Theodore e Josh Homme, todos eles grandes músicos, todos eles com projectos ou colaborações de sucesso em bandas como The Dead Weather, Mini Mansions, Mars Volta, Chelsea Wolfe,  Them Crooked Vultures, Eagles of Death Metal ou Kyuss.

“You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire” marca o primeiro momento de mosh e a evidente separação e transformação musical da banda em comparação com os últimos discos editados. Faltando um pouco de potência no sistema sonoro do Palco NOS, o público que se encontrava à frente do palco, do lado esquerdo da banda, fazia os possíveis para levantar poeira e originar o caos controlado. Tal como manda um bom concerto de rock. Tudo isto feito de forma ordeira, não importunando quem queria ver o concerto longe da confusão lá na frente. Portanto quem quisesse mosh, tinha. Quem não queria, podia não ir para lá. O próprio Josh terá adorado a iniciativa do público durante todo o concerto, tendo exclamado mais do que uma vez “Obrigada MotherF***ers”. Por muito que os QoTSA queiram dançar, há quem ainda queira o rolo compressor sonoro dos primeiros discos da banda. E a banda dá, doseando as duas vertentes (algo que os Arctic Monkeys não conseguiram fazer na noite anterior). “No One Knows” obviamente foi o pináculo da actuação, mas outros momentos foram igualmente impressionantes como o singalong do riff de “Burn The Witch” e o clássico para fazer bebés “Make It Wit Chu”, com toda a sensualidade que o momento pedia. Para terminar em grande “Song for The Dead”, que não fosse o extenso tapete verde do NOS Alive, e estaríamos todos a cuspir pó neste momento tal foi a intensidade do mosh que se iniciou.

Há 4 anos podemos ter tido um concerto estranho dos Queens of The Stone Age no Rock in Rio, mas nesta sexta-feira mostraram (novamente) que são muito provavelmente a banda rock que melhor percebe e interpreta o género da actualidade.

Foto: Arlindo Camacho/NOS Alive

Para final de festa no Palco NOS estavam reservados os Two Door Cinema Club. Depois do rock pesado dos QoTSA, altura para desanuviar com o pop-rock da banda britânica, que começou disparando hits para todo o lado. “Undercover Martyn”, “I Can Talk” e “This is The Life” foi o trio vencedor que levou dezenas (ou até mesmo centenas) de pessoas a porem-se nas cavalitas dos seus amigos. O concerto leva sem dúvida o prémio de melhor festa desta noite, e isso parece ter satisfeito os bons milhares que se mantiveram no Palco NOS. Apesar da banda já ter passado por Portugal em várias ocasiões, o delírio da multidão pelos êxitos radiofónicos dos Two Door Cinema Club parece demonstrar que os portugueses ainda não estão saturados da sua música alegre.

Foto: Arlindo Camacho/NOS Alive

A CA Notícias esteve presente na edição deste ano do festival nos dias 12, 13 e 14 Julho e poderá consultar aqui toda a informação sobre o NOS Alive ’18. 

Segundo dia de NOS Alive ’18 – O resumo de 13 de Julho (com fotogaleria)Google Notícias

Siga o CA Notícias na Google e leia as notícias em primeira mão!
Netflix – Trailer do filme “Sierra Burgess Is A Loser”, com Shannon Purser

Netflix – Trailer do filme “Sierra Burgess Is A Loser”, com Shannon Purser

Cinema – Trailer de “Teen Titans Go! O Filme”

Cinema – Trailer de “Teen Titans Go! O Filme”