Naquele que poderá ter sido o primeiro (!) e último concerto de Ozzy Osbourne em Portugal, o público deu por bem empregue o dinheiro e tempo gasto para ver o Príncipe das Trevas na Altice Arena. Saiba também como correu o concerto de Judas Priest.
50 anos depois de ter começado a sua carreira musical como vocalista e fundador de uma das bandas mais icónicas de sempre, ozzy Osbourne actuou pela primeira vez em Portugal. Sim, pode parecer estranho o primeiro concerto de Ozzy em Portugal ter ocorrido apenas em 2018, mas a verdade é que a vinda do Príncipe das Trevas a terras lusitanas parecia condenada desde sempre. Em 1973, os Black Sabbath tinham data dupla marcada para o Pavilhão Dramático de Cascais em Abril desse ano, mas esses concertos não se vieram a suceder. Mais tarde, em 2002, era a vez do festival Ozzfest se estrear em Portugal, e que melhor sítio para isso do que no Estádio do Restelo? Tudo parecia reunido para a estreia de Ozzy por cá, desta vez a solo. Mas à ultima da hora Ozzy foi convidado para actuar nas comemorações do Jubileu de Ouro da Rainha Isabel II de Inglaterra e deixaria as responsabilidades maiores do festival a Slayer e Tool. Com esse cancelamento inesperado, Ozzy prometeu compensar os fãs portugueses com um concerto no ano seguinte, mas tal não se verificou.
Por isso, chegados a 2018, eram muitos os entusiasmados à volta da Altice Arena na segunda-feira. Um mar preto de t-shirts que assegurava os curiosos que por ali passavam que se ia ouvir música pesada naquela noite. Depois da grande abertura feita por Judas Priest e da meia hora de interregno recheada de música dos AC/DC, chegava um vídeo que mostrava as várias fases da estrela da noite, desde criança.
Com o público completamente rendido logo ao início, Ozzy e restante banda poderiam já não fazer mais nada durante duas horas que já tinham a noite ganha. “Bark at the Moon” abre o concerto e resultou num grito uníssono dos milhares na Altice Arena pelo mítico líder dos Black Sabbath. Numa setlist em que a banda ia trocando sensivelmente entre êxitos (tanto da carreira a solo de Ozzy como dos Black Sabbath) e outras escolhas menos imediatas, foi “Mr. Crowley” que se seguiu e reuniu mais cantoria por parte do público.
“Fairies Wear Boots” foi a primeira faixa dos Black Sabbath apresentada pela banda composta por Zakk Wylde (guitarra), Blasko (baixo), Tommy Clufetos (bateria) e Adam Wakeman (teclados), banda essa que se iria mostrar mais ainda em “War Pigs”, principalmente devido ao bom trabalho de Zakk (alguém que dispensa apresentações no meio) e Tommy, e que deu tempo suficiente para Ozzy descansar para as faixas seguintes que antecederiam o encore. Desde o início do clássico dos Black Sabbath até à “I Don’t Want to Change The World”, Zakk Wylde e Tommy Clufetos brilharam com solos e medleys arrebatadores e que devem ter durado mais de 15 minutos, mas que passou demasiado depressa para quem viu. A estrela principal era Ozzy Osbourne, mas aquele excesso de solos de Zakk e Tommy foi um dos melhores momentos da noite.
Depois de uma hora e pouco em que Ozzy deu tudo o que tinha, correndo à sua maneira de um lado para o outro no palco, atirando baldes com água aos “felizardos” no Golden Circle, e acima de tudo cantando da melhor forma possível, chegava o encore com uma explosão de cor e luz para acompanhar a balada sentimental “Mama, I’m Coming Home”. Antes de terminar, o vocalista ainda surpreendeu o público com o seu pedido de “One More Song”, invertendo a tendência natural dos concertos. Para o fecho, a cereja no topo do bolo, “Paranoid”.
A estreia de Ozzy em Portugal pode ter servido em simultâneo como a sua despedida dos palcos portugueses, mas uma coisa é certa, se vier novamente ao nosso país, será recebido da mesma forma entusiástica como o foi nesta segunda-feira. O músico já passou por várias fases, umas positivas e outras nem tanto, mas Ozzy Osbourne é um símbolo do Metal e este concerto veio aumentar mais ainda a sua cotação por cá. Os portugueses já perdoaram a sua ausência durante tanto tempo.
SETLIST OZZY OSBOURNE
Bark at the Moon
Mr. Crowley
I Don’t Know
Fairies Wear Boots
Suicide Solution
No More Tears
Road to Nowhere
War Pigs
Miracle Man / Crazy Babies / Desire / Perry Mason
Drum Solo
I Don’t Want to Change the World
Shot in the Dark
Crazy Train
Encore:
Mama, I’m Coming Home
Paranoid
Antes de Ozzy, já Rob Halford, outro “dinossauro” da música, tinha passado pelo palco da Altice Arena com os seus Judas Priest para apresentar o novo álbum da banda “Firepower”. Muito bem recebido pela crítica e pelos fãs, foi mesmo a faixa homónima desse novo registo que abriu o concerto da banda britânica, seguindo-se depois “Grinder”, faixa que pertence a um dos melhores álbuns da banda, “British Steel”.
Trocando de indumentária de forma constante, Rob Halford com a sua poderosa voz ia conquistando o público, mas tal como Ozzy, a carreira dos Judas Priest e do Rob é mais do que suficiente para ter o público receptivo às músicas apresentadas. A actuação foi muito consistente e que confirmou a qualidade do novo álbum (foram tocadas ainda “Lightning Strike” e “Rising from Ruins”).
O restante alinhamento foi composto por clássicos dos Judas Priest como “Turbo Lover”, “Painkiller” ou “Breaking the Law”, mas o grande momento deu-se com a entrada em palco de Glenn Tipton, guitarrista da banda desde 1973, que foi diagnosticado com a doença de Parkinson e que decidiu no início deste ano afastar-se dos concertos. O guitarrista que continua a ser um elemento dos Judas Priest, afastou-se dos palcos devido ao estado da sua doença, mas apareceu no encore para tocar “Metal Gods” e “Breaking the Law”, para gáudio dos muitos milhares presentes.
Terminado o concerto, apareceu uma imagem que deixou os fãs da banda britânica mais descansados sobre o futuro dos Judas Priest: “THE PRIEST WILL BE BACK!”, dando a entender que o regresso a Portugal poderá ser breve, e ninguém reclamará por isso.
SETLIST JUDAS PRIEST
Firepower
Grinder
Sinner
The Ripper
Lightning Strike
Bloodstone
Turbo Lover
Rising From Ruins
Freewheel Burning
You’ve Got Another Thing Comin’
Hell Bent for Leather
Painkiller
Encore:
Metal Gods
Breaking the Law