O dia do meio do NOS Alive trouxe-nos uns Vampire Weekend mais crescidos, um Johnny Marr como o vinho do Porto, e Tash Sultana e Greta Van Fleet, duas apostas novas, uma no futuro, outros no passado.
JOHNNY MARR
Já estamos habituados a ver Johnny Marr em cartazes de festivais de verão por cá, mas nunca são vezes demais. O guitarrista que continua a editar álbuns e singles interessantes (em oposição ao seu colega Morrissey) já tinha estado por cá no final do ano passado a apresentar o seu mais recente disco “Call The Comet” e por isso intercalou na sua actuação no NOS Alive as suas músicas a solo com o melhor do trabalho que fez com os The Smiths. Num bom horário, com uma tenda capaz de ter mais público do que o que estava no Palco NOS a ver Primal Scream à mesma hora, Johnny Marr estava a jogar “em casa”. Isto porque a quantidade de ingleses presentes nas filas da frente ajudaram a energizar um público que esperava ansiosamente pelas músicas dos The Smiths. Com uma actuação segura, a fazer-nos lembrar que ele é um dos heróis da guitarra dos anos 80, foi nas passagens por “Bigmouth Strikes Again”, “Easy Money” e a inesquecível “There Is a Light That Never Goes Out” que conquistou por completo o merecido aplauso do público.
E com um Johnny Marr assim, ninguém se lembra do Morrissey.
SETLIST JOHNNY MARR
The Tracers
Bigmouth Strikes Again
Armatopia
Hi Hello
How Soon Is Now?
Getting Away With It
Walk Into the Sea
Get the Message
Easy Money
There Is a Light That Never Goes Out
GRETA VAN FLEET
Muitos dos curiosos que passaram pelo NOS Alive no dia 12 Julho queriam saber realmente o que valem os Greta Van Fleet ao vivo. Será que são mesmo uma cópia dos Led Zeppelin e do rock dos anos 70 que tanto influenciaram? Ou serão uma banda com cunho e selo próprio? Bem, não querendo ofender ninguém, acredito que nenhuma das duas opções cola por inteiro aos Greta Van Fleet. Com uma inspiração clara vinda dos Led Zeppelin e de outras bandas tais, tanto musicalmente como visualmente, isso não faz deles uma banda de covers sem personalidade.
Apresentando-se perante uma plateia curiosa, os Greta Van Fleet deram tudo o que tinham de forma a tentar convencer que têm lugar nas playlists do género e pelo que demonstraram, merecem-no. Não ouvimos nada de novo, que revolucione o rock ou a música em geral, mas quem quer que os festivais tenham mais rock n’ roll, têm em Greta Van Fleet uma bela opção. Sempre com o estigma por trás, os “miúdos” não se deixam afectar e mostram ser profecientes nesta arte. Não deu para ver muito tempo da actuação, que a Tash Sultana começava dentro em breve no Palco Sagres. Curiosidade saciada, agora é altura de vê-los mais vezes.
TASH SULTANA
Quando chegámos ao Palco Sagres, havia pouco espaço livre para conseguir ver a australiana Tash Sultana a construir as suas peças musicais como acreditamos que irá ser norma daqui a uns bons anos. Defensora do método DIY (Do It Yourself), a australiana é uma das novas coqueluches da música e certamente iremos continuar a ouvir falar da multi-instrumentista por muitos anos. Esta estreia em Portugal serviu para mostrar o que ela consegue fazer com mais de uma dezena de instrumentos, recorrendo a instrumentos tão variados como guitarras, trompetes ou sintetizadores. Ainda lhe falta conseguir estabelecer um alinhamento mais equilibrado e com mais canções “grandes”, de festival. Mas para primeira amostra, está mais do que aprovada.
VAMPIRE WEEKEND
O nome maior do segundo dia, talvez não seria o mais excitante do festival (provavelmente por isso mesmo o dia não esgotou), mas os Vampire Weekend são das bandas que nascidas no boom do indie rock melhor se aguentaram ao teste do tempo. 11 anos depois da edição do seu primeiro álbum, homónimo, os miúdos apresentam-se agora como graúdos. E isso dá para ver tanto em palco como no disco “Father of the Bride” que lançaram neste ano, um disco com uma sonoridade complexa e global. E global é mesmo a palavra que define a banda liderada por Ezra Koenig, indo buscar sonoridades ao continente africano, ao indie norte-americano e ao ska originado na Jamaica por exemplo. No centro do palco, atrás da banda, encontra-se um globo grande que nos mostra em detalhe o continente Europeu e o continente africano. À frente do globo, os Vampire Weekend divertiam-se ao divertir o público com a sua música ligeira que puxa o pezinho da dança, mas que ao mesmo tempo tenta passar uma mensagem de consciencialização sobre vários dos problemas que nos afectam actualmente.
Passando por toda a discografia (os 4 álbuns de originais foram todos representados) e até por covers de Bob Dylan, seria complicado encontrar um fã da banda descontente com a actuação. Claramente satisfeitos por regressarem a Portugal, ainda por cima com o estatuto de cabeças-de-cartaz dum festival grande, os Vampire Weekend tinham como objectivo apresentar o novo álbum, mas o concerto acabou por ser mais do que isso. Foi um reencontro com velhos amigos. Amigos que eram adolescentes, que ainda estavam a perceber o que era a vida e a pensar no que seria o futuro. Agora, 11 anos volvidos de “Vampire Weekend” somos todos adultos, público e banda.
Podia ter sido um palco demasiado grande para os “miúdos” mas eles já cresceram o suficiente para o merecer. Desta vez não vamos ter de esperar tanto para voltar a vê-los. Temos encontro marcado para o Coliseu dos Recreios a 26 Novembro.
SETLIST VAMPIRE WEEKEND
White Sky
Unbelievers
Cape Cod Kwassa Kwassa
Bambina
Sunflower
Run
Sympathy
New Dorp. New York
This Life
Harmony Hall
Diane Young
Cousins
A-Punk
Campus
Oxford Comma
Hannah Hunt
Jokerman
Worship You
Ya Hey