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Da 5 Bloods | Crítica Cinema

Da 5 Bloods | Crítica Cinema
DA 5 BLOODS (L to R) JOHNNY NGUYENÊas VINH TRAN, CLARKE PETERS as OTIS and DELROY LINDO as PAUL in DA 5 BLOODS Cr. DAVID LEE/NETFLIX © 2020

Da 5 Bloods chegou este mês ao catálogo de filmes da Netflix. O novo filme de Spike Lee chegou à Netflix com muita expectativa gerada após o sucesso do seu último filme BlacKkKlansman. Saiba a nossa opinião sobre Da 5 Bloods.

Crítica feita por: Bernardo Freire (Visão de um Crítico)

Durante a promoção do filme Da 5 Bloods, o realizador e coargumentista afro-americano afirmou que “a Spike Lee Joint is not one thing… is a misture“. Nesta caso em particular, uma mistura pouco articulada. Uma batalha entre dois filmes que na tentativa de se superarem um ao outro, acabam por encontrar uma harmonia caótica. As intenções são as melhores. A equipa de argumentistas coloca o dedo em feridas importantes da história bélica dos Estados Unidos da América e Spike Lee volta a realçar as questões raciais. Apesar de urgente e relevante, enquanto filme o adjetivo que prevalece não é tanto joint, mas sim disjoint.

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Produzido pela Netflix, o argumento conta a história de um quarteto de veteranos de guerra (Delroy Lindo, Clarke Peters, Norm Lewis e Isiah Whitlock Jr.) que regressam ao Vietname com um propósito honroso e outro mais interesseiro: O primeiro, recuperar os restos do corpo de um companheiro de guerra que idolatravam, Stormin Norm (Chadwick Boseman). O segundo, desenterrar um tesouro que encontraram no campo de batalha, dentro de um avião que despenhara.

O grupo apelida-se de “The Bloods” e para completar o quinteto, o filho distante de Paul, a personagem de Delroy Lindo, insiste em participar na aventura. Uma oportunidade para ficar com um punhado do tesouro, como também reconectar-se com o seu pai, que além de ser o mais traumatizado e temperamental do grupo é também o único a votar a favor de Donald Trump. As suas ideologias e o chapéu vermelho com a escrita “Make America Great Again” são recordações constantes da sua posição política.

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Se olharmos para a filmografia do Sr. Lee, encontramos em Da 5 Bloods vários aspetos que têm caracterizado os seus trabalhos. Não é a primeira vez que realiza um filme de guerra, assim como recorre novamente ao arquivo histórico para realçar vários pontos da narrativa. Esteticamente a técnica que aplica para dar a impressão que as personagens estão a flutuar está de volta e as proporções da tela morfam com propósitos claros. O primeiro ato está repleto de referências a Apocalypse Now (1979), desde a música Ride Of The Valkyries, até ao nome do bar onde se reúnem, passando pelo caráter épico e vistoso que tenta imprimir com planos gerais da selva vietnamita.

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Apesar de ser tudo demasiado óbvio para o meu gosto, o problema principal do filme não diz respeito às referências ou à estética que a realização almeja, mas sim ao facto de misturar demasiadas ideias numa história cujo foco escasseia. Como um tabuleiro de xadrez com peças em excesso, Da 5 Bloods sucumbe à sua própria ambição, desenvolvendo uma narrativa que deriva em tom, objetivos e entretenimento. Isto faz com que a metade do filme que explora o stress pós-traumático das personagens e a decisão em torno do que fazer com o ouro seja muito mais interessante que a metade mais ativista e política. Juntas colidem numa história que por entre sequências de aventura, suspense e ação fala muito mais do que mostra. Em comparação com BlacKkKlansman (2018), é um retrocesso claro.

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O ponto alto é a prestação intensa de Delroy Lindo. Até à data a melhor interpretação de 2020. O ator representa a condição frágil da sua personagem de modo autêntico ao longo do arco narrativo, moldada pela expedição, a relação com o filho e as experiências horrorosas da guerra. Quando se dirige diretamente para a câmara não vemos uma atuação, mas sim um homem torturado a resmungar de forma febril. As cenas são melhores por causa dele e o filme, por mais desarrumado que seja, só teve a lucrar com a sua arte.

 

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