Diz-se que Portugal nasceu em Guimarães, porém, foi de Belém que os portugueses partiram para a conquista do mundo nas caravelas. Dois locais intrinsecamente ligados à história de Portugal e cujos clubes daí originários são dos mais relevantes no panorama desportivo nacional. Amanhã, dia 1 de Outubro de 2017, decidem-se várias coisas no nosso país: as eleições autárquicas e o desenlace do Belenenses vs V. Guimarães, da 8ª jornada a Liga NOS. Em perspectiva esperam-se duas coisas distintas: uma com pouca afluência e pouco suspense e outra com alguma afluência e muita incerteza. As equipas estão igualadas em pontos (10) e tem o objectivo de dar continuidade à senda vitoriosa. É importante é tomar café antes de assistir ao jogo que se disputa às… 21h30.
O Vitória está desgastado. Jogar frente ao Marítimo, depois ter um encontro para a Liga Europa na quinta-feira e vir jogar ao Restelo no Domingo, não é – de todo -, um calendário favorável aos homens de Pedro Martins, que terá de saber gerir o seu plantel para tirar dividendos no fim da temporada. Depois do jogo duro nos Barreiros, onde souberam gerir e ganharam bem, o jogo em Lisboa adquire uma importância extrema, sobretudo para se manterem colados ao grupo da frente. Com uma frente de ataque de impor respeito, onde se destacam Raphinha, Rafael Martins e Héldon, o Vitória tem um esquema de jogo bem estudado, com muito bom controlo de bola e várias movimentações perigosas no último terço. Onde Pedro Martins peca, é exactamente onde Domingos Paciência também falha: na falta de criatividade no meio-campo. A dupla Wakaso e Celis é muito forte e dura sem bola, mas pouco eficaz com a mesma. A nível ofensivo, o jogo interior dos vimaranenses peca imenso na hora de chegar à área adversária. Defensivamente são coesos, com Pedro Henrique a ser o esteio da defesa. O que funciona bem na equipa da cidade berço é a versatilidade do ataque e a forma como rapidamente capitalizam os lances de perigo. Os azuis terão de estar atentos e não poderão conceder veleidades ofensivas. A vitória neste jogo, poderá catapultar os homens de Guimarães para uma posição mais cimeira e condizentes com as aspirações da equipa.
Em Lisboa o momento é azul. Como a vista do estádio, o equipamento e o passado do clube. Domingos Paciência tem ao seu dispor um grupo unido, confiante e motivado pela recente eficácia demonstrada. Galvanizados pela excelente vitória na ronda anterior, o Belenenses procurará manter a fortaleza do Restelo inviolável (3 jogos, 2 vitórias e 1 empate) e dar seguimento às duas vitórias seguidas. Para isso terá de manter os níveis de concentração elevados e a capacidade de superação lá no alto. O timoneiro azul deve voltar a apostar no mesmo onze, num meio-campo igual ao do Vitória, forte, musculado, mas muito pouco criativo. Os duelos aéreos voltaram a ser importantes, mas mais que isso, a eficácia. Perante uma equipa forte e com várias soluções, qualquer lance ofensivo terá de ser materializado. Tiago Caeiro é a única dúvida para o jogo de Domingo, com a hipótese de Diogo Viana voltar ao onze e o sistema de 4-3-3 regressar. Chaby parece recuperado, mas depois da vitória expressiva, a confiança nos titulares deve ser mantida. A boa prestação ofensiva, aliada a uma importante coesão defensiva foi essencial para levar de vencida o Feirense por 4-1. Em casa, o emblema da Cruz de Cristo é forte e terá um estádio mais preenchido do que o habitual para se poder colar ao grupo da frente e levar de vencida um velho rival.
Um clássico do futebol português disputa-se numa altura em que as equipas estão mais equiparadas que nunca. Profundidade do plantel de um lado, moral elevado e factor casa do outro. Uma vitória de qualquer um dos clubes, servirá para os colocar no grupo da frente e continuar a senda vitoriosa, que tão importante numa Liga tão competitiva – tirando os mesmos de sempre – como é a portuguesa. Os homens do castelo preparam-se para atacar a fortaleza azul. Será que o Estádio do Restelo continuará a ser talismã?