“E ao sétimo dia, Jesus descansou”. As equipas da Liga NOS decidiram antecipar esse descanso e, em virtude dos compromissos internacionais (do Belenenses só Tandjigora foi seleccionado para o Gabão), o campeonato parou e só recomeçou na passada sexta-feira. O Belenenses deslocar-se-á à Vila das Aves para defrontar o Desp. Aves, que ocupa o último lugar – em ex aequo com o Chaves – com apenas um ponto. Às 20h os azuis prosseguirão a caminhada rumo a algo que lhes foge há algum tempo: estabilidade.
Os nortenhos mostraram desde cedo que vieram à 1ª Liga para ficar e isso ficou claro com a aposta na construção do plantel. Com investidores chineses por trás deste projecto ambicioso liderado pelo treinador Ricardo Soares, a equipa vermelha e branca que estava afastada dos grandes palcos há 11 anos, construiu uma equipa de raiz com a chegada de mais de 25 jogadores novos. O grande problema é o mesmo de sempre: falta de entrosamento. Construir uma equipa de raiz exige tempo e tempo, é coisa que o Aves não tem. Porém, apesar de ainda estar a demorar a cimentar processos, a escolher um onze base e a definir objectivos, o certo é que jogadores com Sami, Derley, Paulo Machado, Salvador Agra ou Luís Fariña podem fazer a diferença a qualquer momento. As circunstâncias não são as melhores e um resultado negativo em casa pode colocar muita pressão em Ricardo Soares, o que pode abonar a favor dos azuis. Outro dos pontos positivos que os recém-promovidos têm para apresentar é a poderosa frente de ataque e as ideias positivas e de ataque do seu timoneiro.
O Belenenses tem um histórico positivo com o Aves. Em 19 jogos os azuis somam 8 vitórias, 5 empates e 6 derrotas. Contudo, isso nada diz relativamente ao jogo de segunda-feira. Duas equipas algo frágeis, a assimilar princípios e com desejo de se estabilizar. O emblema da Cruz de Cristo vê a ida ao norte e uma possível vitória como uma alavanca para estabilizar neste início de época. 4 pontos em 4 jogos não é preocupante, todavia, podiam ser mais e a equipa poderia apresentar outro tipo de consistência exibicional, assim como a definição de um sistema táctico, não andando a deambular constantemente entre 3-5-2, 4-3-3 ou até mesmo um 4-2-3-1 ou um 4-4-2. Domingos ainda não decidiu se prefere jogar com uma referência como Maurides ou optar por jogadores mais móveis e criativos na frente. Uma decisão que tem de ser tida para a equipa se adaptar e poder jogar em consequência disso mesmo. A volatilidade táctica destas primeiras 4 jornadas não pode ser considerada positiva, a partir do momento em que apenas o jogo frente ao Marítimo foi bem conseguido a todos os níveis. Sasso, devido a expulsão e Rosa e Juanto devido a lesão, são os principais ausentes, num convocatória que já conta com a contratação de última hora, Bouba Saré. É expectável (quase certo) que Domingos volte a mexer na táctica e nos jogadores que alinharão de início, podendo dar a titularidade ao mais recente reforço e pode optar por utilizar Cleyton no eixo defensivo. As carências defensivas têm de ser o alvo de maior preocupação do treinador e o aspecto mais treinado nas últimas duas semanas.
É tempo de se firmarem créditos. De se assumir uma postura ofensiva, mas sempre com uma base sólida atrás do meio-campo. Se os azuis conseguirem a primeira vitória fora da época e fizerem 7 pontos em 5 jogos, o moral da equipa pode subir e as coisas podem melhorar – e muito! – daqui para a frente. Por tudo isso, importa não desvalorizar nem o jogo, nem o adversário, que tem um plantel recheado de qualidade.