TT Isle of Man 2 já está disponível no nosso país para PS4, XBOX One e PC. A versão Nintendo Switch sairá ainda este ano. Eis a nossa análise ao jogo.
Análise feita por: Pedro Loureiro (It’s a Pixel Thing)
Jogos de motos em asfalto nunca foi realmente o meu forte, mas há algo em TT Isle of Man 2 que me faz regressar vezes sem conta.
Adoro jogos de motos, nomeadamente relacionados com todo-o-terreno (franquias MX vx ATV, MXGP, etc), mas, por vezes – e felizmente –, surge um jogo de motos em asfalto que consegue agarrar a minha atenção e tem o poder de me manter colado a ele durante horas a fio.
O estúdio Francês Kylotonn, ou KT Racing, é mais conhecido pela série oficial do WRC tendo também, pelo meio, conseguido oferecer-nos o V-Rally 4 e o primeiro jogo desta série, TT Isle of Man: Ride on the Edge, que, honestamente, não me impressionaram assim tanto. Entretanto o WRC 9 foi já anunciado, chegando em setembro próximo, e já me estou a preparar para a chegada do tão aguardado Test Drive Unlimited, uma série esquecida cuja licença estava nas mãos da Atari e que está a ser, agora, ressuscitada pela Kylotonn e BigBen Interactive. Felizmente, o futuro é risonho para os amantes dos jogos de corridas!
Por agora, esta nova e mais polida sequela de TT Isle of Man: Ride on the Edge acabou de me chegar ás mãos. Mas, afinal, do que se trata esta coisa de “TT Isle of Man”? Resumindo muito rapidamente, é uma corrida anual de motos, em estradas fechadas, em torno da ilha de Man situada entre a Inglaterra e a Irlanda. Tão simples quanto isso. E permitam-me começar por dizer isto: nenhum outro jogo de corridas consegue oferecer tão extrema sensação de velocidade. E o áudio tem uma parte extremamente fundamental ajudando a mergulhar ainda mais na já por si realística sensação de condução, em que o ruído do vento muda consoante a velocidade a que passamos pelos mais diversos objetos nos limites da estrada, já para não mencionar os excelentes force feedback e diferentes efeitos sonoros dos motores das mais variadas classes de motos presentes. Os nossos olhos começarão a sangrar devido a toda a concentração e foco necessários. Se cometermos um erro, iremos provavelmente bater numa parede ou numa casa a 320 km/h. Estas estradas estão repletas de pequenos sulcos, árvores, paredes, edifícios, desníveis entre muitos outros objetos imóveis. E decerto que, até agora, julgavas que Nürburgring Nordschleife era difícil, certo? Esta pista é uma brincadeira de crianças em comparação com o mítico traçado de 60 Km de TT Isle of Man!
A par com o deslumbrante percurso e da sensação de velocidade francamente incrível está o manuseamento da moto. Se procuras um jogo de motos puramente arcade, este não é definitivamente para ti. TT Isle of Man: Ride on the Edge 2 é pura simulação e, uma prova disso é a manobra a que chamamos “cavalinho”, que ocorre ocasionalmente e quando menos esperamos numa aceleração mais brusca ou após atingirmos um dos muitos desníveis na estrada, algo que me faz lembrar o incrível Tourist Trophy, um exclusivo da PlayStation 2 lançado em 2006 e vindo dos criadores do Gran Turismo. Por isso, prepara-te para falhar, porque este é o “Richard Burns Rally” dos jogos de motos.
Em TT Isle of Man: Ride on the Edge 2, terminar uma corrida sem cair uma única vez que seja é um feito incrível. Nas primeiras horas de jogo é também uma tarefa impossível, mas quando começarmos a conseguir fazer as curvas a alta velocidade evitando os mais variados objetos na berma da pista, estaremos prontos para enfrentar os verdadeiros desafios. Por exemplo, terminar as quatro voltas que compõe o evento TT Clássico demorou perto de 90 minutos! Uau! Eu consigo terminar a etapa mais longa do Dakar 18 em cerca de 60 minutos! Mas uma hora e meia? Pensavas que o Dakar 18 era duro, certo? Uma mais valia é que, em TT Isle of Man 2, podemos desligar o jogo a meio de uma prova e terminar mais tarde, pegando exatamente no sítio onde ficámos. Uma ótima notícia e um excelente pormenor!
Vamos agora dar uma olhadela no modo carreira. Podemos correr com a nossa própria moto, ou assinar um contrato com uma equipa e usar a deles. Iniciamos esta nossa aventura com os modelos Supersport e só depois progredimos para as classes Classic e Superbike. A progressão no campeonato culmina nas principais corridas de TT e o dinheiro obtido através da obtenção de bons resultados é usado para comprar melhores peças e upgrades. Quanto mais provas ganharmos e quantas melhores posições conseguirmos obter, mais dinheiro entrará no nosso cofre. Para além disso, os nossos resultados positivos serão mais notados por melhores equipas, o que provará, no final, que somos bons o suficiente para correr no principal evento na Ilha de Man.
As pistas usadas para estas corridas são na sua maioria ficcionais, localizadas no Reino Unido e na Irlanda. Muitas foram recicladas do primeiro jogo, enquanto os troços irlandeses são elementos retirados da área de mundo aberto oferecida, pela primeira vez, neste segundo jogo da série. E enquanto rolava por esta área, tive uma espécie de déjà-vu concretamente em relação ao Forza Horizon. Estas pistas são divertidas e bonitas, mas não são, de longe, tão excitantes como a verdadeira corrida TT Isle of Man.
Embora as corridas na Irlanda sejam sólidas o suficiente, e o mundo aberto é usado entre as principais corridas do campeonato para uma mão cheia de pequenos desafios, acabam por tornar-se repetitivas muito rapidamente. E, infelizmente, as pistas na Irlanda do Norte e na Escócia denotam uma fraca inspiração por parte da equipa de desenvolvimento do jogo.
Também está incluído, pela primeira vez, um sistema de regalias. Isto pode ser na forma de rivais mais lentos, respawn mais rápido ou paragens nas boxes mais eficientes. Pontos são usados para as desbloquear, mas o sistema mostra-se um pouco superficial indo contra a sensação realista do jogo. É claramente um sistema que foi implementado para tentar chamar a atenção daqueles jogadores mais casuais que procuram um jogo de motos que equilibre a ficção com a realidade. Mas falha redondamente.
A linha de ajuda à trajetória é preciosa, mas, na maioria das vezes, não é intuitiva o suficiente. A ação/indicação de travagem quando nos aproximamos de uma curva apertada não é perfeita. Ora nos vimos a rolar muito devagar, ou, na próxima tentativa, aproximamo-nos muito rápido o que acaba por resultar num inevitável acidente.
Algumas outras desvantagens são a inteligência artificial inconsistente, a falta de vida e de tráfego nas áreas do mapa aberto, e os 30 frames por segundo nas consolas. Esta análise foi feita recorrendo às versões para PlayStation 4 e para PC, e, honestamente, esta última é sem dúvida a versão definitiva. Adoraria, também, que houvesse um modo multijogador de ecrã dividido. O modo offline disponível resume-se a um jogo por turnos, em que trocamos o comando com outros jogadores. Algo monótono para quem está a assistir e à espera da sua vez de jogar. Se formos nós na fila, provavelmente acabaremos por adormecer.
TT Isle of Man: Ride on the Edge 2 é um título cheio de adrenalina. É rápido, perigoso e verdadeiramente absorvente como nenhum outro. Mas prepara-te para terminar em 2º, mesmo que te aches assim tão bom neste tipo de jogos. A curva de aprendizagem é muito íngreme. Do mais íngreme que vi em anos! Mas, quando apanhamos o jeito, é verdadeiramente gratificante