Conseguimos, ontem, o primeiro triunfo para as competições nacionais, batemos, em casa o Moreirense, que se encontrava com menos dois pontos de nós, por 2-0.
Foi o coroar de uma exibição em que se notou uma equipa cansada mas com muita garra e vontade de conquistar os três pontos.
Esta época, em 10 jogos oficiais, contamos com 3 vitorias, 6 empates e 1 derrota,
Registo incrível e francamente bom tendo em conta que 5 desses jogos foram contra equipas europeias de muito maior orçamento e que nos viam, teoricamente, como equipa inferior.
No ano desportivo que passou Rui Pedro Soares afirmou que queria, nas suas palavras”o Belenenses mais forte dos últimos 40 anos”, na minha opinião, afirmo, hoje, que temos o melhor Belenenses dos últimos 26 anos.
Poderia-se, muito possivelmente, comparar esta equipa, nesse espaço temporal (26 anos) às equipas de Marinho Peres e de Jorge Jesus, assim o farei.
Em termos de guarda-redes e embora os percalços, sustos e desilusões que o Ventura já nos proporcionou esta época, já demonstrou também (exemplo Lech Poznan) que concentrado e focado no jogo consegue ser decisivo o que o levou o ano passado à Seleção A ( recorde-se que já não ia um atleta azul à seleção há cerca de 8 anos) e que demonstra a sua qualidade. Em 2001, Marco Aurélio tirava as bolas da baliza quando os adversários já iam gritar golo. Em 2006, tanto Costinha como Marco Aurélio já sentiam o peso da idade.
Em termos defensivos, este ano contamos contamos com Geraldes, Floro, Brandão, Tonel, Palmeira, Filipe Ferreira, João Amorim. Tudo bons defesas. Em 2001 tínhamos já uma dupla de Centrais que dava sinais de cansaço: Wilson e Filgueira (apesar de ter sido a melhor dupla de centrais que vi atuar no restelo) e nas alas César Peixoto, Pedro Henriques e Lito Vidigal. Em 2006 tínhamos Alvim, Rolando, Nivaldo, Mano e Amaral, bons defesas mas muitos deles com pouca experiência de futebol português.
A equipa deste ano é muito nivelada, muito igual em termos de qualidade de jogadores, vejamos: no meio-campo contamos com Vilela, André Sousa, Ruben Pinto, Ricardo Dias, Tiago Silva e Carlos Martins, embora haja um triângulo que é preferido para a titularidade (Pinto, Sousa, Martins) a verdade é que qualquer um dos seis podia ser titular no nosso meio campo.
Comparando o meio-campo com a equipa de 2001 de Marinho Peres,inegavelmente, havia grandes jogadores como Neca, com toda a sua técnica e Tuck e Marco Paulo, com a sua força e raça mas o banco não condizia com a qualidade dos titulares, por exemplo, Paulo Dias, Franklin ou Carlos Manuel.
Na equipa de 2006 de Jorge Jesus havia também grandes craques mediocampistas: Zé Pedro, Cândido Costa, Silas, Ruben Amorim mas depois, em termos de banco, contrastava: Mancuso, Pinheiro, Sandro Gaúcho.
A nível ofensivo, em 2001, tínhamos grandes referências como Seba, Marcão e Verona ; em 2006 tínhamos Dady e Garcés ; este ano, na minha opinião, temos 7 referências que podem ser titulares, não perdendo a equipa qualidade: Rosa, Dalcio, Caeiro, Fábio Nunes, Sturgeon, Kuka, Luís Leal.
Nesta versão de 15/16 o Belenenses tem a equipa muito mais equilibrada qualitativamente, temos uma excelente equipa titular, um grande banco e ainda uma boa bancada. Arrisco-me a dizer que do plantel de 23 jogadores, conseguimos dividir em duas equipas bastante competitivas.
Por exemplo, ontem, no jogo contra o Moreirense, ficaram na bancada, três jogadores, que na minha opinião, tinham lugar em quase todas as equipas que lutam para o meio da tabela na Liga Portuguesa: Dálcio, Vilela e Tiago Silva.
A par da qualidade do plantel temos que ver a parte financeira. O Belenenses endividou-se (e muito) no tempo do saudoso Presidente Cabral Ferreira para poder dar aquela equipa ao Treinador Jorge Jesus. A equipa deste ano vem na linha do que vem sendo a política desde os tempos da Segunda Liga: um dos orçamentos mais baixos do futebol profissional português.
Não nos podemos esquecer que na primeira jornada da Liga Europa tivemos a ousadia de entrar em campo com três jogadores que na temporada passada estavam a disputar a segunda divisão portuguesa: João Amorim, André Sousa e Tonel.
Uma coisa é certa: História já esta equipa fez: pela primeira vez estamos numa fase de grupos da Liga Europa onde estamos invictos há 5 partidas.
E porquê a melhor equipa dos últimos 26 anos? Porque não me atrevo a dizer, ainda numa fase tão prematura do campeonato, que esta equipa é superior à de 89, que eliminou Porto e Sporting na caminhada para o Jamor e que aí bateu o Benfica, vice campeão europeu.
A equipa está formada, a ambição é enorme, o sonho comanda a vida!