San Payo Araújo é treinador do mini basquetebol do nosso clube e coordenador dos escalões de sub-12 e sub-14. Com um grande conhecimento da modalidade e agora no nosso clube tem como objetivo fazer crescer os mini atletas na modalidade.
Quais os objectivo da formação do basquetebol do belenenses nos escalões que orienta?
– Existem dois objetivos: os numéricos e os qualitativos. Relativamente aos numéricos, depois do convite do João Machado para integrar o departamento de formação de basquetebol do belenenses, ele disse que o mínimo era duplicar o número de atletas existentes e cumprimos esse objetivo, ou seja, começámos com menos de 15 e atualmente temos 31 o que nos vai permitir concorrer ao certificado de escola portuguesa de mini-basket que é um certificado de federação e no decorrer deste ano queremos chegar aos 60 minis inscritos pelo belenenses.
Estes atletas têm que idades?
– A faixa etária vai desde os 6 aos 12 anos. Temos neste momento rapazes e raparigas e já temos uma equipa de mini- 12 de rapazes e raparigas, fruto do trabalho do ano passado e poderá ser uma equipa com uma boa qualidade pois são muito bons técnica e taticamente, o que nos vai criar uma responsabilidade ainda maior porque devido á quantidade de jogadoras femininas vamos ter de criar uma equipa de sub-14 apenas de raparigas, o se irá dar dentro de 2/3 anos porque estas coisas demoram sempre algum tempo, que o nível destes escalões melhora sempre significativamente e sempre por ai cima.
No que respeita ao mini-basket já se consegue ver o talento dos jogadores?
– Eu ,nestas idades, já consigo perceber quem tem aptidão para a modalidade mas também nestas idades gosto pouco de estar centrado na deteção de talentos. Penso que o mais importante é estar centrado nas suas capacidades no ponto de vista físico e no ponto de vista pedagógico, melhorá-los enquanto pessoas, se tiverem a possibilidade de serem melhores pessoas, poderão ser melhores jogadores. Tenho uma experiência vivida em Espanha da forma que eles detetam os talentos acima de tudo não pelas capacidades físicas mas pelas capacidade comportamentais dos miúdos. Quem é o miúdo que tem o prazer de jogar basket, quem é o miúdo que tem capacidade de aprendizagem, são os aspectos comportamentais que vão determinar a escolha desses talentos, e não, como nós aqui, em que o que é verificado é quem tem jeito, quem salta bem, mas o que vais ser determinante é o aspeto pessoal.
Como está o mini-basket desenvolvido em Portugal?
– O desenvolvimento do mini-basket em Portugal, e sou suspeito em falar porque sou o coordenador da federação, é das modalidades a que está melhor. Quando comecei o trabalho dentro da federação iniciei com dois mil minis reais e hoje em dia estamos perto dos dez mil atletas, isto claro, associado ao aumento claro da prática da modalidade. Isto de só ter números e de não estarem associados a uma prática não corresponde a praticamente nada. Há muito mais prática de jogos e treinos dentro de uma equipa de mini-basket dentro do panorama do basquetebol nacional, de que tanto se acusa de estar nas ruas da amargura. Quem considera isso é porque não repara no mini-basket.
Os dez mil atletas que falou, são dentro dos clubes ou através de atividades escolares?
– São através dos clubes. Clubes do país inteiro. Tem sido efetuado um grande trabalho pelos clubes e são uma fonte de rendimento porque hoje em dia já não existem minis sem o pagamento de uma mensalidade e como essas despesas são reduzidas há muitos clubes a apostarem no mini-basket. O que levanta outras questões, ou seja, as questões sociais, de quem não tem possibilidades económicas não tem acesso á prática da modalidade.
O que é que o clube pode fazer para chamar mais minis para dentro da modalidade?
– Na minha opinião, a diferença tem de ser feita na parte comportamental, ou seja, quando os pais perceberem que os filhos aqui se tornam melhores pessoas, saem mais preparados, e isso é uma mais-valia. A prática do mini-basket pode prepará-los para os desafios da vida, independentemente de serem ou não serem atletas da modalidade. O que eles ás vezes aprendem na escola não vai servir para rigorosamente nada, saber os rios todos de Portugal no mundo do mercado de trabalho não vai servir se tiverem de emigrar mas saber trabalhar em equipa, saberem aplicar regras, saberem os horários dos treinos são tudo coisas, que aqui no Belenenses, nós damos muita importância. Uma outra coisa que é bastante decisiva é a construção de amizades que duram para o resto da vida. Poucos deles vão jogar até aos trinta e poucos anos, ou menos, nos femininos ainda menos mas há amizades que vão criar aqui para o resto da vida e isso também tem um peso importantíssimo.
Estivemos a ver o treino dos mini e reparámos que existe muito o ímpeto dos miúdos, em qualquer exercício, de encestar mesmo que não esteja aplicado no exercício. Mesmo sendo um trabalho nada fácil da sua parte como se faz um exercício sem que seja necessário o encestar da bola?
– É uma questão extremamente engraçada. Eu tenho um artigo no “planeta basquet”, que é “aprender a lançar sem angústias” em que eu os coloco na aprendizagem do lançamento sem o cesto. Ao não pôr o cesto eu consigo que a atenção deles fique centralizada na execução, o sucesso é fazerem bem a não executarem bem. A partir do momento em que aparece o cesto, o miúdo não quer saber se o gesto ou a ação motora é a correta ou a incorreta, a única coisa que quer saber é se a bola entra ou não entra.