A banda britânica Royal Blood actuou no Campo Pequeno no passado Domingo e foi mais uma vitória de uma das bandas rock mais acarinhadas dos últimos anos pelo público português.
Fotos por Tiago Pereira.
Os Royal Blood, duo constituído por Mike Kerr e Ben Thatcher, cumprem em 2023 o seu 10º aniversário como banda (contando desde o seu primeiro single oficialmente lançado), e nesse período a banda de rock britânica já actuou em Portugal 5 vezes. Tive a possibilidade de ter visto todas essas actuações em terras lusas, por isso, a minha crónica sobre o concerto do passado Domingo reflictirá esses momentos gravados na minha mente enquanto redigo o texto.
Tendo acompanhado de perto a carreira dos Royal Blood desde a sua génese, foi interessante revê-los pela quinta vez numa actuação que pareceu ser a mais “arriscada” da banda por cá. O que teve de risco? Bem, dar um concerto a solo numa das maiores sala fechadas de Lisboa em pleno mês de Julho, rodeado de festivais e concertos de estádio, não aparentava ser uma jogada certeira. Para além disso, a banda trazia um Typhoons que foi bem recebido pela crítica especializada, mas a amostra das músicas do último álbum que apresentaram no Alive não ressoou como esperado. Mas tal poderia ser atribuído ao facto de estarem a apresentar as músicas perante um público que não era o deles, visto que tinham a função naquela noite de abrir as hostilidades para os Metallica.
E o concerto do Campo Pequeno eliminou-nos as dúvidas. Perante o seu público, Typhoons é de facto um sucesso, e a batida mais dançável, e a introdução de sintetizadores e piano soam muito bem ao vivo. Começando com Hole, os Royal Blood levaram-nos a pensar na sua estreia em Portugal no Coliseu dos Recreios em 2015 e em como a banda cresceu desde essa altura.
Os Royal Blood são agora uma banda confiante e interactiva em palco, com os fãs no público, e sabem intercalar melhor os momentos da actuação. No entanto, também parece ter-se perdido alguma da irreverência que se viu nesse concerto e sobretudo na sua estreia do palco secundário do NOS Alive em 2017. 10 anos na estrada tornaram obviamente a banda mais consistente e segura.
E por isso, as músicas do Typhoons se destacaram mais neste concerto, porque trouxeram uma sonoridade mais colorida e uma complexidade sonora que a banda ainda não tinha experimentado, pois os dois primeiros álbuns consistiam praticamente só no baixo de Mike e a bateria de Ben. Boilermaker, Limbo e Trouble’s Coming conseguiram meter o público do Campo Pequeno a dançar, contrapondo ao headbanging que músicas como Out of The Black ou Ten Tonne Skeleton exigem.
Também tivemos direito ao single (Minutes at Midnight) do futuro álbum que a banda irá lançar ainda este ano e a estreia mundial de Pull Me Through que abrandou o ritmo da noite, e que deixam água na boca perante aquilo que Back to the Water Below poderá ser, quando sair em Setembro.
No entanto, a maioria do alinhamento foi composto pelo álbum de estreia, homónimo, que contém êxitos como Figure it Out e Little Monster. Na verdade, num concerto a solo de Royal Blood o difícil é encontrar músicas que o público não conheca os riffs e os refrões, e este Domingo as excepções terão sido apenas a Hole e a Pull Me Through.
Se há coisa que os Royal Blood fazem bem é trazer o melhor do rock “orelhudo” do Séc. XXI, e neste Domingo à noite no escaldante Campo Pequeno foi isso mesmo que fizeram. Belo trabalho Mike e Kerr, esperamos agora que nos tragam mais novidades num regresso próximo a Portugal.
SETLIST ROYAL BLOOD CAMPO PEQUENO – 2 JULHO
Hole
Come on Over
Boilermaker
Lights Out
Mountains at Midnight
You Can Be So Cruel
Pull Me Through
Trouble’s Coming
Typhoons
Loose Change
Little Monster
How Did We Get So Dark?
Limbo
Ten Tonne Skeleton
Figure It Out
Encore:
All We Have Is Now
Out of the Black