“De vitórias morais está o inferno cheio”. A expressão não é bem assim, mas não ficaria nada mal se aplicássemos aos últimos jogos do Belenenses. Para os mais pudicos, o “jogámos como nunca, perdemos como sempre”, também era facilmente aplicável. O certo é que o Belenenses mantém os 9 pontos e não ganha há 3 jogos. Desta feita, foi em Braga que a equipa voltou a perder pontos frente a um conjunto superior em termos individuais mas muito inferior em termos colectivos. Pelo menos assim o foi durante 90 minutos. Uma derrota repleta de injustiça que tem no penalty falhado por Camará o maior “amargo de boca” de todos os adeptos azuis.
O onze montado por Quim Machado foi similar ao apresentado no Restelo frente ao Benfica. A maior mudança foi o regresso de Vítor Gomes e o facto de André Sousa jogar perto de Camará num sistema de 4-4-2. O Braga entrou melhor e logo aos 5 minutos, após um erro gravíssimo de Rosell ao deixar Ricardo Horta completamente sozinho, inaugurou o marcador pelos pés do ex-Málaga. A partir do golo dos arsenalistas a toada do jogo mudou. O Belenenses passou a sair a jogar com mais critério, fazia boas combinações no ataque e causava muito perigo através das bolas paradas estudadas. Menos de penalty, pois claro. Após falta sobre Fábio Sturgeon, Abel Camará, chamado a converter a grande penalidade, falhou clamorosamente o golo atirando de forma fraca e previsível. Os visitantes desperdiçavam aqui uma óptima oportunidade para igualarem o marcador ainda na 1ª parte. Até ao fim dos primeiros 45 minutos, mais largura dos homens do Restelo e mais coesão defensiva por parte dos bracarenses. A posse de bola estava repartida, mas os ataques e as ocasiões de perigo pertenceram aos forasteiros.
Na 2ª parte o treinador azul cometeu vários pecados capitais: lançou tarde os jogadores que tinha no banco, apostou em Tiago Caeiro já perto dos 90 e optou por não tirar os piores elementos azuis, Camará e Rosell – fez mais uma exibição inacreditavelmente má. A toada continuou a mesma, com os azuis a dominarem os acontecimentos e a terem boas chances para marcar, sobretudo de bola parada – Sturgeon falhou duas oportunidades muito similares. As jogadas eram criadas depois de uma boa primeira fase de construção, algo pouco visto noutros jogos. Contudo, o Braga melhorou com as alterações e teve 10 minutos em que foi superior ao Belenenses, canalizando esse tempo para fazer com que Ricardo Horta marcasse mais um. Mais uma vez existiu um péssimo posicionamento dos laterais – algo comum a todo o jogo – e pouca pressão ao portador da bola. Antes do fim do encontro, houve ainda tempo para o “homem-golo” da equipa fazer o que faz sempre que joga: marcar. Tiago Caeiro ainda deu alguma esperança a todos os adeptos da equipa lisboeta, no entanto o sucesso foi pouco e o Belenenses acabou por perder 2-1.
O resultado é injusto. O conjunto azul foi muito mais equipa do que os arsenalistas. Mais esclarecido, perigoso no último terço e dominador. Foi desta forma que a equipa se apresentou ao longo dos mais de 90 minutos de encontro. O que faltou foi o que tem faltado sempre nos últimos anos: eficácia. Vários lances desperdiçados, tendo como cúmulo máximo, um penalty falhado. A atitude é boa, falta é materializar as boas jogadas em golos, que é disso que vive o futebol. Para a semana o Belenenses tem uma deslocação complicada a Santa Maria da Feira. Depois desse jogo, recebe o Porto, no Restelo. Calendário complicado que pode deixar um cenário muito negro para Quim Machado.