Raya e o Último Dragão (Raya and The Last Dragon) estreou hoje no Disney+ com Acesso Premium, com um custo adicional. Conheça a nossa opinião sobre este novo filme de animação da Disney.
Crítica escrita por: Bernardo Freire (Visão de um Crítico)
Num mundo onde o tópico da representação é cada vez mais relevante, se há empresa que tem feito um esforço notório para dar voz a culturas sub-representadas no entretenimento mainstream, esta é sem dúvida a Disney. Não só porque tem noção de que esta atitude tem subjacente uma quantia apreciável de milhões monetários, mas também por questões de responsabilidade social. É enriquecedor podermos ter contacto com uma Princesa da Polinésia, de seu nome Moana, ou conseguirmos absorver a cultura hispânica através de filmes animados como Coco (2017), da sua empresa subsidiária, Pixar. É importante que as pessoas olhem os ecrãs e consigam ver o seu reflexo. A construção da subjetividade do eu agradece.
Na linha deste raciocínio, Raya and The Last Dragon vem acrescentar uma barra de ouro ao panteão do cinema de animação. Uma história triunfante que coloca em grande destaque a cultura do Sudeste Asiático nas suas mais diversas frentes. Há quinhentos anos, na terra fictícia de Kumandra, os humanos e os dragões viviam em harmonia. Contudo, a paz foi perturbada por monstros chamados Druuns, névoas roxas que transformam seres vivos em estátuas. Em ordem a travar os Druuns, os dragões fizeram um sacrifício final. A Humanidade ficou a salvo, mas os cinco reinos entraram em conflito, com Heart a ficar com o cristal mágico que protegera a terra.
Munido da esperança de um dia reconciliar os reinos, Benja (voz de Daniel Dae Kim), o Chefe de Heart, convida os chefes das restantes fações para uma refeição no seu reino. Aquilo que parecia ser a génese de uma nova união rapidamente se revelou uma fachada. Uma luta pela posse do cristal resulta na sua quebra, abrindo uma janela de oportunidade para o regresso dos impiedosos Druuns. Anos mais tarde, Raya (voz de Kelly Marie Tran), a filha de Benja, viaja por terras distópicas à procura do último dragão, Sisu (voz de Awkwafina), a fim de salvar o seu pai e reunir Kumandra.
É uma aventura clássica, contada com imensa personalidade, distinção e tato cinematográfico. A progressão da narrativa acompanha os diferentes reinos – Tail, Talon, Fang, Spine e Heart –, uma reprodução simbólica de países como a Tailândia, Vietnam, Camboja ou até Laos. Cada um animado como se fosse o local primordial da história. Seja através da palete de cores ou das características da zona geográfica, é impossível não ficar absorvido neste mundo fantástico de artes marciais e problemas terrestres. Sendo esta última propriedade caracterizada por aparências, desconfianças e rancores.
A jornada de Raya é marcada pelo acréscimo de várias personagens que prometem aquecer os corações de todas as idades. Sisu é um destaque natural, com uma personalidade genuína e bondosa, está destinado a ser um sucesso semelhante a Olaf, do filme Frozen (2013); Tuk Tuk, o animal de Raya, e o seu meio de transporte, é adorável do início ao fim; Até a bebé Noi soma a esta irmandade improvisada uma boa disposição surpreendente. São mais aqueles que se agregam à missão, na certeza de que todos sofrem de mazelas internas causadas pelos Druuns.
Em termos temáticos, Raya and The Last Dragon promove uma mensagem intemporal de perdão, inclusão e esperança no outro. Valores que embora não sejam revolucionários, estão executados com frescura suficiente para garantir múltiplos desfechos emocionais. Mesmo com a ausência de números musicais. Em sua substituição, a ação funciona como canal de entusiasmo e vibração. Com coreografias e enquadramentos fotográficos dignos de películas como Kill Bill Vol. 1 (2003) e Vol. 2 (2004). É um nível de atenção ao detalhe por vezes negligenciado no espetro do género animado, mas que a realização dos criativos não deixa escapar.
Divertido, estilisticamente deleitoso e trabalhado com muito amor, este é um daqueles filmes que se tivesse um escritório não tinha expostos muitos prémios de originalidade. No entanto, tinha de sobra para emoldurar no que diz respeito a emoção, personagens memoráveis e um universo imaginário que não queremos deixar. Há qualquer coisa de mágico no ato de pegar em fórmulas conhecidas e misturar ingredientes nas mais diversas quantias. E se há filme que acertou na receita, foi o sujeito desta crítica.
Raya e o Último Dragão | Crítica Cinema (disponível na Disney+)

SINOPSE DE RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO: Há muito tempo, no mundo de fantasia de Kumandra, humanos e dragões viviam juntos em harmonia. Mas, quando uma força maligna ameaçou a terra, os dragões sacrificaram-se para salvar a humanidade. Agora, 500 anos depois, o mesmo mal voltou e cabe a uma guerreira solitária, Raya, localizar o último dragão lendário para recuperar a terra separada e o seu povo dividido.
Product In-Stock: InStock
5