Luis Santos 
Gostava de vibrar tanto a ver jogos da Seleção como vibro a ver jogos do Belenenses, juro que gostava, mas não consigo. Infelizmente, não consigo.
É fastidioso ver jogos da seleção, chega a ser penoso estar hora e meia a olhar para a televisão e não sentir um rasgo de emoção, de entusiasmo.Futebol sem emoção, é como moamba sem piri-piri já dizia o saudoso Jorge Perestrelo. E atenção, eu gosto imenso de futebol.
Por vezes sinto e penso, que eu, desportivamente, sou primeiro Belenense e só depois Português.
Comparo um bocado esta diferença entre clube e seleção a relações familiares: a seleção, a nossa família ( algo que nos é automaticamente impingido à nascença ), o clube, os amigos que nós escolhemos.
Eu nasci Português e por isso mesmo, estou intimamente ligado à seleção portuguesa, não a escolhi e sendo razoável, nem posso, nem devo, mudar de seleção. Agora quanto ao clube, embora me tenham feito sócio um mês depois de eu nascer, eu poderia, muito bem, mudar de emblema, mas não o fiz.
No Restelo, pelo menos aqueles que marcam sempre presença, todos nos conhecemos, sabemos, mais ou menos, de cor, o sítio onde certas pessoas se sentam, mesmo não tendo cativo. Agora quando joga a seleção, é diferente: vai toda a gente, até mesmo quem não sabe que é um fora de jogo. Ao Restelo vai-se por amor, à Seleção, por diversão.
Ir ver o Belenenses jogar, é ir ver um jogo de futebol, ir ver a seleção jogar, é ir a uma festa.
E não deixo de ser patriota por não apoiar a seleção: apoio a minha seleção portuguesa do Restelo, que nos últimos jogos tem-nos brindado com ‘onzes’ iniciais exclusivamente portugueses.
Já dizia a música: “Ser do Belenenses é ser diferente”, e é bem verdade. Ser português, desportivamente, é ser igual a todos os outros: pactuar que só uma oligarquia pode fornecer jogadores à seleção e fechar os olhos à ditadura do agente FIFA.
Será que numa equipa de 25 jogadores que está em 7.º lugar, a 4 pontos da liga Europa, onde, salvo erro, só 5 são estrangeiros, só um jogador (Ventura) tem lugar na seleção? (Rui Fonte é emprestado pelo SL Benfica).
Por exemplo, numa tentativa de renovar a seleção, o Palmeira não faria melhor figura e não daria mais garantias de futuro que o José Bosingwa?
Ainda está para nascer quem me convença que a seleção é de todos nós e não só de alguns.
