Que Nioh 2 é um jogo tipo “Souls Like” já todos sabem, mas será que está tão bom como o Nioh 1, que é aclamado por muitos como um dos melhores “Souls Like”, a resposta directa é que, talvez, esteja até melhor! Consultem a nossa análise e percebam o porquê!
O conceito do jogo é: inimigos difíceis que podem matar-nos a qualquer momento, combate metódico onde temos que analisar cada padrão de ataque, enfrentar chefes imponentes e, em alguns casos, gigantes, inexistência de mapa, alguns lugares para recuperar vida, mas que ressuscita todos os inimigos, etc… Toda a base de um Demon Souls, ou Dark Souls, ou Bloodborne, ou Sekiro, etc… Nioh “roubou” isto à From Software e deu-lhe o seu toque pessoal, não fosse a Team Ninja responsável por jogos como Ninja Gaiden. Isto só quer dizer que dificuldade é um dos aspectos mais importantes nos seus jogos.
O género Souls já foi explorado por outras empresas e criaram alguns jogos interessantes. É o caso de Lords of the Fallen ou Revenant from the Ashes. Nioh 2 não vem mudar esta fórmula, não apresenta uma mudança substancial, mas é mais uma sequência que melhora muitos dos aspectos que destacaram o Nioh de um grupo restrito de jogos que se podem apelidar de “Souls Like”.
Estamos no Japão, em 1555, jogamos com um personagem criado por nós mesmos (mudando já um pouco do original). Somos meio humanos e meio Yokai e temos a capacidade de capturar o espírito e a essência desses demónios. A aventura leva a Tokichiro, um vendedor de Spirit Stones (que usamos para obter amrita – ou almas, caso se fosse um Dark Souls). Juntos, tentaremos trazer um pouco de paz a uma região cheia de violência, devido à invasão de Yokais, que são demónios. A história acaba por ser bastante agradável, principalmente pelo carisma dos seus personagens secundários. Neste aspecto, o jogo deu um salto gigante em relação ao seu anterior e é um ponto a destacar, realmente.
Ao nível de jogabilidade, a estrutura permanece bastante semelhante ao anterior. Porém, há várias adições que expandem um pouco e tornam o jogo mais variado, se formos a comparar isto com um Dark Souls ou Sekiro. Aqui acho a dificuldade um pouco injusta, pois acabamos por morrer, às vezes, sem culpa alguma.
No início da nossa aventura, temos uma área de tutorial ou dojo, onde podemos praticar com todos os estilos de armas do jogo e as diferentes posturas de ataque (baixa, média e alta). Esta é uma diferença no género, porque podemos escolher a postura e vamos variando durante todo o jogo.
A qualquer momento e à medida que os encontramos, podemos trocar de arma e experimentar cada estilo, até ver qual deles se adequa melhor à nossa maneira de lutar. A postura é importante, porque corremos o risco de não tirar o máximo proveito do que cada arma tem a oferecer. Cada sector de armas tem a sua própria árvore de habilidades, cujos pontos serão desbloqueados ao usá-los. Se estamos constantemente a mudar a arma, nunca teremos as habilidades mais úteis, porque so terás acesso depois de ganhares muitos pontos com essa arma e, acredita, terás muitas, mas mesmo muitas armas.
Tanto nas armas, como nas armaduras, irás encontrar bastante varieadde e conseguir até moldar a imagem que quiseres, isto porque existe um personagem que pode moldar a tua imagem, ou seja, podes ter as capacidades de uma armadura, mas com a imagem de outra que aches mais apelativa visualmente e isto faz com tenhas uma armadura completamente personalizada e ao teu gosto.
A outra coisa que escolhemos no início é o nosso espírito de guardião, que nos permite canalizar as habilidades de Yokai. Cada um desses espíritos permite transformar a nossa forma Yokai durante um período (representado por uma barra de energia que se esgota ao fazer ataques, bloquear ou esquivar). Convém escolher bem quando te transformas em yokai, porque, apesar de não poderes morrer quando estás transformado, por outro lado, se levares muito dano, acabas por esgotar uma vantagem e, sinceramente, este modo passa muito rapidamente e recarrega muito lentamente, o que quer dizer que só poderás usar isto uma vez num Boss mais complicado.
Uma das coisas mais interessantes que o Nioh 2 oferece como novidade é mesmo o Shift Yokai, pois permite reduzir consideravelmente a vida dos nossos rivais e os seus Ki. O Ki funciona um pouco como stamina. Os Yokais também criam zonas no chão, onde não consegues recarregar a tua stamina e, para evitar isso, assim que acaba um ataque temos de fazer um Ki Blast, ao carregar em R1 após um ataque, eliminando essas zonas. Se te habituares a isso durante os ataques, vais ter uma vantagem enorme neste jogo. A cada ataque ou movimento, consumiremos o Ki; se ficarmos sem ela, ficamos presos e expostos aos ataques do inimigo. Estas diferenças resultam num ritmo de jogo acelerado, frenético e implacável, fazendo a diferença entre este jogo e os outros do género.
Essas zonas são simplesmente uma amostra do que acontece ao nosso personagem, quando estamos dentro daquilo que é conhecido como The Dark Realm, ou seja, The Kingdom / Dark Plane. Essas zonas aparecem em certos sectores do nível em que estamos e somos o plano de existência dos Yokai; para purificar essas áreas, teremos que derrotar o inimigo principal.
Os Bosses do jogo, alguns, são bem complicados e difíceis, como já seria de esperar. Temos de criar um plano para os conseguir vencer e, para isso, vais morrer e morrer e também morrer… a paciência será mesmo a tua melhor amiga.
É assim que o Nioh 2 acaba por nos apresentar um grande desafio ao nível da jogabilidade. Todas as vezes que atacamos, temos que estar vigilantes para recuperar o nosso Ki, mas isso também acaba por nos dar várias ferramentas para podermos enfrentar o desafio, ou seja, o jogo tem várias maneiras de ser jogado e apenas depende de ti, e das tuas habiliadades, para usar o melhor em cada parte do jogo.
Existem novos modos online, como expedições: missões cooperativas onde enfrentamos bosses e é bastante desafiador. Isto é um plus muito grande, até porque, por exemplo, Sekiro nem teve sequer modo online.
Embora os Yokai sejam coloridos e variados, o resto do jogo é um pouco mais apático e previsível, talvez para eles sobressaírem mais, mas os modelos dos personagens acabam por não brilhar pelos detalhes… nem os efeitos de iluminação e nem as paisagens são inteiramente espetaculares. Talvez o que mais chame a nossa atenção seja quando fazemos a transição para a nossa forma Yokai, mas dura tão pouco que não podemos apreciá-la completamente.
Nioh 2 acaba por ser uma boa aposta da Team Ninja, é um upgrade em relação ao anterior. Como já tivemos jogos de zombies em todo o lado, agora as histórias de samurais enchem as nossas bibliotecas. Chega um ano depois de Sekiro, um jogo com sistemas semelhantes, que compartilha tempo, estética e que realmente aumentou o standard de jogos de Samurais Souls, elevando-os com uma verdadeira evolução dentro do género. Nioh acaba por ser um clone de Dark Souls mais do que competente e até melhor em alguns aspetos, como por exemplo, os elementos de RPG. Este é uma continuação competente também e é um jogo a ter em atenção.
Se gostas de jogos desafiadores, com elementos RPG, e és amante do género Souls, vais adorar deste jogo. Não creio que seja o reinventar da roda, como achei que o Sekiro tivesse sido, mas não deixa de ser um bom Souls clone, com elementos bastante diferentes no motor de combate e com um grau de dificuldade acima de muitos do género.