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Fúria Azul: “Os adeptos não são números”

Fúria Azul: “Os adeptos não são números”

No passado dia 6, a Fúria Azul lançou um Comunicado no seu blog oficial e nas redes sociais anunciando a suspensão do apoio oficial à equipa de futebol da SAD.

A degradação das relações entre a claque “Fúria Azul e “Os Belenenses Futebol,SAD” já era do domínio público mas esta ação apenas ocorreu agora.

Sendo que este grupo de sócios sempre acompanhou a equipa de norte a sul e até ao estrangeiro, a Comunidade Azul procurou questionar este núcleo oficial do clube, sobre a sua decisão:

CA – A Fúria Azul (FA) emitiu um comunicado dizendo que deixa de apoiar a equipa profissional de Futebol, explicando os motivos para  tal. Isso significa que os seus membros irão deixar de ir aos estádios e de apoiar a equipa?

FA – Enquanto grupo deixamos de apoiar oficialmente a equipa de futebol. Logicamente que muitos membros da Fúria continuarão a ir ao futebol e a levar com eles as nossas camisolas e cachecóis, a irem para o nosso sector e inclusive a deslocarem-se fora para acompanhar a equipa, contudo esse apoio não será oficial. Os nossos materiais de apoio e incentivos à participação e coordenação deixarão de existir.

CA – A lista de situações que levou a claque a tomar esta posição é longa. Que situações mais graves é que encontraram e podem ter levado a esta decisão?

FA – A lista é longa mas, na verdade, é apenas um pequeno resumo do muito que tem acontecido. Houve situações graves que nos marcaram, tais como o que consideramos agressões ao maior ativo que um clube pode ter, os seus sócios, ou a proibição da entrada de símbolos do clube no seu próprio estádio. Não nos conseguimos esquecer da criança que chorava bastante por a sua bandeira (20x20cm, diga-se) ter sido posta no lixo, ou do mítico Lú que ficou à porta por não poder entrar com a sua bandeira… Acima de tudo o que nos levou a esta decisão foi um acumular de situações e foi a ideia clara de que a identidade do Belenenses não é respeitada pela SAD.Quem atualmente gere o futebol profissional não percebe que gerir um clube,em todas as suas vertentes, não é como gerir uma empresa “normal”. Não percebem, ou não querem perceber, que os adeptos não são “números”, que a história e os valores do clube não são coisas abstratas, que a rivalidade não é algo desprezável… Pelo contrário, tudo isso é a base do clube e é, para nós,muito mais importante do que qualquer vitória num jogo de futebol.

CA – Chegaram a ter reuniões com a SAD? Se sim, qual foi o resultado das mesmas?

FA – Sim, chegámos a ter reuniões. Estamos sempre disponíveis para falar sobre o nosso clube e discutir o seu futuro. A primeira foi solicitada pela direção do clube em que estiveram também os representantes da SAD e posteriormente mais 3 reuniões onde tinham sido limadas algumas das divergências e acima de tudo tentámos criar pontes de entendimento para o futuro, mas tudo foi em vão, inclusive o planeamento efetuado para esta época, pois a SAD pura e simplesmente ignorou tudo o que tinha sido acordado, fazendo tábua rasa do que havíamos acordado.

CA Alguns adeptos falam de certos comportamentos de membros da FA, como os lançamentos de petardos, para justificar certas ações, reportadas por sócios e pela FA nas redes sociais e algumas até filmadas, por parte da SAD,  tais como impedir a entrada de certo material ou a perseguição a certos de sócios que compõem o vosso núcleo. Pensam que isto explica a postura que mencionam, por parte da SAD?

FA – Sobre os petardos, dizemos apenas que a Fúria Azul é contra esse tipo de pirotecnia. Como devem perceber a Fúria não se pode responsabilizar por um adepto que esteja no nosso sector e rebente um petardo. Todos os nossos elementos ativos sabem que não usamos esse tipo de pirotecnia e várias vezes impedimos o seu uso quando detetado. Aproveitamos esta oportunidade para demonstrar a nossa solidariedade com o nosso elemento que, injustamente, foi acusado pela SAD pelo rebentamento de um petardo, sendo inclusivamente ameaçado de proibição de entrada no estádio, quando nada está provado e estamos a falar de uma criança de 14 anos. Voltamos a referir que as acusações são para serem provadas, senão não passam de perseguições sem sentido. Estamos certos que todos os que vão ao estádio não estarão para enfrentar acusações deste tipo, unicamente porque estão no setor de uma claque a apoiar o seu símbolo.

CA – Surgiu uma noticia no “Record” que o Instituto Português do Desporto e da Juventude tinha notificado Os  Belenenses Futebol, SADpelo facto da Fúria Azul não ser um grupo de adeptos organizado e ter entrado com faixas. No entanto, a Fúria Azul está registada oficialmente como Associação. Porque é que a FA não se quer registar como um grupo de adeptos e qual o vosso entendimento desta notificação?

FA – A Fúria Azul, já há  muito tempo que vem a referir, e temos pareceres que sustentam a nossa posição, que não pode haver, perante a atual lei, qualquer impedimento para o material da claque entrar livremente nos estádios. A lei é bem explícita no que refere aos materiais que não podem entrar e unicamente são referidas faixas que apelem à violência ou de caráter racista e xenófobo, ora nenhum dos materiais que a Fúria, ao longo de décadas fez entrar nos estádios podem ser incluídos nessa categoria. A Fúria Azul está registada há muito tempo como Associação de Adeptos, com número de contribuinte e estatutos e além de tudo isso é reconhecida como núcleo oficial do clube. Para nós é por demais evidente que nenhum dos sócios do clube que compõe a Fúria atua de forma ilegal. A lei tem que ser igual para todos e aí, uma vez mais, é a SAD que tem que defender os nossos sócios e adeptos, pois é ela em última instância quem autoriza ou não a entrada dos símbolos de apoio ao clube.O que defendemos é o que a lei nos autoriza a fazer, unicamente isso.

CA – Tendo em conta que a FA deixa de apoiar o Futebol Profissional da SAD, certos adeptos questionam-se sobre o futuro da FA. Qual o seu papel? O que irá agora fazer a claque e os seus sócios?

FA – Apoiar as outras modalidades, claro. Não é algo estranho para nós, sempre fizemos questão de apoiar as várias modalidades, principalmente o Andebol, Futsal e o Basquetebol. É verdade que nos últimos anos esse apoio tem estado longe do pretendido – o grupo chega onde pode com os (poucos) recursos que tem – mas pretendemos fazer um esforço para regressar aos velhos tempos e voltar a recriar o ambiente que se vivia no Acácio Rosa. O futebol de formação vai também ter o nosso apoio.

CA – Foi feito um apelo à Direção para que assuma um papel mais ativo na defesa dos interesses dos sócios. Irão ter reuniões com a Direção? O que esperam que a curto prazo aconteça?

FA- Não temos planeada nenhuma reunião mas estamos disponíveis para reunir com a Direção assim como com qualquer sócio ou grupo de sócios que queiram ajudar a inverter o rumo atual.

CA – No comunicado dizem que esta é uma ação que vos custa muito. Porquê?

FA – Obviamente que custa, é a decisão mais difícil que tomámos até hoje. São 31 anos a apoiar o futebol, 31 anos de alegrias, de tristezas, de sacrifícios imensos… Achamos que não é preciso dizer mais nada.

CA – Querem deixar algum apelo aos sócios e adeptos do Belenenses?

FA – A todos o nosso apelo é que se unam em torno do nosso clube e dos ideais que levaram  à sua fundação. Não nascemos para ser vassalos de outros. Sabemos que nem todos os sócios apoiam a nossa decisão, contudo,foram muitos anos a suportar perseguições sem sentido, humilhações ao nosso trabalho militante. Fazemos isto com a esperança de, no futuro, ver o nosso clube e o nosso futebol, donos do seu próprio destino, bem gerido por quem sabe a história. Exigimos respeito por todos os sócios, os que são da Fúria e os que não são. Temos 31 anos de história de diversas gerações de Belenenses, aos sócios e adeptos, pedimos que compreendam a nossa posição e que a vejam como um grito de defesa do nosso clube de futebol “Os Belenenses”. Continuaremos presentes, quer no futebol, quer nas restantes modalidades a exigir um Belenenses dos sócios e para os sócios.Apelamos que agora, mais que nunca, se juntem a nós na defesa deste propósito.

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