“Listen” foi o mais votado entre os membros da academia, numa escolha entre quatro filmes portugueses propostos a discussão: “Listen”, de Ana Rocha de Sousa, “Mosquito”, de João Nuno Pinto, “Patrick”, de Gonçalo Waddington, e “Vitalina Varela”, de Pedro Costa.
Em comunicado, o presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso, recorda que o filme conquistou vários prémios em Veneza, “um dos mais importantes festivais de cinema do mundo”, e “rapidamente se tornou no filme português mais visto do ano, apesar do momento crítico” que o país atravessa, por causa da covid-19.
Essas duas condições revelam “um voto de esperança no talento dos cineastas portugueses, cada vez mais reconhecidos além-fronteiras e acarinhados pelo público nacional”, afirmou Paulo Trancoso.
“Listen” é a primeira longa-metragem de ficção de Ana Rocha de Sousa, um drama familiar inspirado numa história real, sobre uma família portuguesa emigrada em Londres, a quem é retirada a guarda dos filhos, por suspeitas de maus-tratos. A narrativa acompanha os esforços da família em provar aos serviços sociais e judiciais britânicos que as suspeitas são infundadas.
Com coprodução luso-britânica, o filme foi rodado nos arredores de Londres com elenco português e inglês, encabeçado por Lúcia Moniz, Ruben Garcia e Sophia Myles.
O filme venceu seis prémios no Festival de Veneza, entre os quais o “Leão do Futuro”, para uma primeira obra, e o prémio especial do júri da competição Horizontes.
“Listen” estreou-se nos cinemas portugueses a 21 de outubro, tendo somado desde então cerca de 29.300 espectadores.
Caso a Academia de Cinema dos Estados Unidos coloque entraves ao facto de o filme ser falado em inglês, Paulo Trancoso explicou hoje à agência Lusa que é possível escolher outro candidato.
“Esperemos que não haja entraves, só um comité específico fará a análise dos filmes. Mas não poderíamos coartar o filme a ser candidato. O filme tem língua inglesa, tem língua portuguesa, tem língua gestual, o contexto da linguagem está adequado, é uma história facilmente identificável que é sobre uma comunidade portuguesa”, disse Paulo Trancoso à agência Lusa.
A 93.ª edição dos Óscares, prémios norte-americanos de cinema, está marcada para 25 de abril de 2021, em Los Angeles, nos Estados Unidos. As nomeações para os Óscares serão conhecidas em março.
A cerimónia estava inicialmente prevista para final de fevereiro, mas foi adiada para abril, num contexto de pandemia da covid-19 que afetou a indústria cinematográfica em todo o mundo e em praticamente todas as áreas, da produção à distribuição e exibição.
TEXTO: Lusa