Parte 3:
CA – Qual é a tua rotina em termos de clube? O que fazes quando chegas, etc.. Conta-nos o teu dia a dia no Belenenses.
Miguel Rosa – Chego, vou equipar-me, umas vezes vou para o ginásio fazer prevenção, outras vezes fico a conviver com os meus colegas no balneário, a ler o jornal antes de ir treinar. Quando estava tocado passava no posto médico. É assim o meu dia-a-dia no clube.
CA – Vocês até tomavam o pequeno-almoço juntos, certo?
Miguel Rosa – Começámos a tomar há coisa de dois meses atrás. Foi muito importante para a união do grupo. Acho que, na fase decisiva da época, foi a melhor coisa que o presidente podia ter feito.
CA – Como é o ambiente do grupo?
Miguel Rosa – Muito bom. Todos uns amigos dos outros. Não vi, ao longo da época, ninguém chateado com o companheiro, sempre tivemos unidos. Essa foi uma das chaves para o nosso sucesso.
CA – A tua garra é um dos aspectos mais apreciados e falados quando se foca às tuas qualidades enquanto futebolista e, consequentemente, enquanto pessoa. O que te faz ter essa garra e toda a força que demonstras em campo?
Miguel Rosa – Sempre fui assim desde pequenino. Muita raça, muita atitude, nunca dava um lance por perdido, isso foi-se mantendo e ainda hoje sou assim.
CA – O golo ao Marítimo que marcaste aqui no Restelo é um bom exemplo disso.
Miguel Rosa – Exacto! Mas também tive a felicidade de acreditar que ela(a bola) ia ser desviada no primeiro poste.
CA – O facto é que tu não és um jogador alto, no entanto, marcas imensos golos de cabeça.
Miguel Rosa – Por acaso é verdade, até comentei isso com os meus colegas. Este ano fiz 4 golos de cabeça. Um dos quais ao Boavista, que, na minha opinião, foi um grande golo. Na formação do Benfica também fazia muitos golos de cabeça, aqui no Belenenses é que nem tanto.
CA – Golos teus que já não vemos há muito tempo são os de livre directo.
Miguel Rosa – É verdade. Este ano, infelizmente, não fiz nenhum e costumo fazer todas as épocas. Estão guardados para o ano (risos)!
CA – Objectivos a curto prazo? Algo que visses como uma meta a atingir.
Miguel Rosa – Já que agora atingimos a Liga Europa, gostava muito que atingíssemos a Champions. Ouvir o hino da Champions no Restelo era muito bonito. Deve ser uma coisa de outro mundo.
CA – Tens algum adversário que gostasses de enfrentar? Quer jogador, quer clube.
Miguel Rosa – Gostava de defrontar o Barcelona, que tem um futebol que me atrai muito e também gostava de enfrentar o Messi, que é o meu ídolo. Antes de cada jogo começar, uma hora ou duas antes, vou ver os vídeos dele. Pego sempre no telemóvel e ponho-me a ver os vídeos dele. Ele é único, faz coisas que mais ninguém consegue. É o melhor do mundo.
CA – Quem é o teu melhor amigo no futebol? Que importância teve ele no teu trajecto?
Miguel Rosa – Ao longo dos anos sempre tive grandes amigos. Aqui no Belenenses dou-me muito bem com todos mas estou mais vezes com o Tiago Silva, com o Abel, com o Pelé, com o Sturgeon, com Dálcio e com o Deyverson.
CA – Esperas estrear-te na “seleção A” num curto prazo?
Miguel Rosa – É um objectivo. Para o ano, se Deus quiser, sendo eu já mais visto na Liga Europa, pode ser que se concretize. É um grande objectivo para a minha carreira.
CA – Sentes algum amargo de boca por teres feito épocas tão boas e nunca se terem lembrado de ti? Achas que ignoram os jogadores fora dos “três grandes”?
Miguel Rosa – Sei que me valorizei muito nessas épocas e com os prémios que ganhei, mas se for a ver foram na Segunda Liga, acho que eles não ligam tanto à Segunda Liga. Quanto ao resto, acho que o mister Fernando Santos está atento a todas as equipas, tanto no estrangeiro como em Portugal. Isso, se for ver a convocatória, tem alguns jogadores novos. Acho que o mister Fernando Santos está atento e, se Deus quiser, para o ano ou daqui a dois, terei a minha oportunidade.
CA – O Europeu de 2016 é uma ambição?
Miguel Rosa – Ambição é. E um objectivo também. Agora, tudo depende de mim e da época que fizer. Oxalá que consiga lá estar.
Perguntas rápidas:
CA – Melhor adversário que enfrentaste?
Miguel Rosa –Na formação do Benfica defrontei o Bayern de Munique. Perdemos 2-0. Eles eram maiores que nós e tinham muita qualidade. Todo o poderio fisíco e individual veio ao de cima e eles conseguiram desequilibrar. O melhor adversário, o Pablo Aimar. Eu ia aos treinos dos seniores, via-o a treinar e só sonhava ser como ele. A qualidade que ele punha nos treinos era impressionante.
CA – Jogador com o qual és mais parecido?
Miguel Rosa – Sinceramente, nunca pensei nisso. Só me inspiro no Messi.
CA – Pior coisa que te podem fazer em campo?
Miguel Rosa – Agredirem-me. Tal como aconteceu aqui com o Marítimo. Levei uma cotovelada. Isso é a pior coisa que me podem fazer.
CA – Jogo que te deixou mais frustrado?
Miguel Rosa – O jogo em que perdemos aqui com o Paços de Ferreira.
CA – Jogo que te deixou mais radiante?
Miguel Rosa – Vou destacar este último com o Gil Vicente. Sofrer na bancada é mais difícil. Uma pessoa quer ir lá para dentro e não consegue
CA – Melhor golo?
Miguel Rosa – Um pelo Carregado, um pelo Benfica B e outro pelo Belenenses, frente à Oliveirense. Todos de livre. Prefiro marcar um livre à entrada da área do que um penalty. Este ano também tínhamos bons marcadores de penalties, como é o caso do Pelé. Nunca o vi falhar um penalty.
CA – Melhor festejo/o mais emotivo?
Miguel Rosa – Este jogo frente ao Gil Vicente, em que garantimos a Liga Europa. E o jogo contra o Varzim, quando estivemos perto de descer à II Divisão.
CA – Deslocação na qual sentiste mais o apoio do público?
Miguel Rosa – Contra o Estoril. Além de ser derby, levamos sempre muita gente ao Estoril e enchemos sempre o nosso lado. Chegamos a ter mais gente do que eles.
CA – Sabes algum cântico do Belenenses?(risos)
Miguel Rosa – Quem não bate palmas não é pastel! (risos)
CA – Os adeptos reconhecem-te na rua?
Miguel Rosa – Sim. Acontece muito quando vou na rua, ou nos centros comerciais, dizerem: “olha o Miguel Rosa, dá para tirar uma foto?”. Vão sempre ter comigo para falar comigo. Confesso que até já tenho saudades de ser uma pessoa normal e não ser tão reconhecido onde vou.
CA – A tua família tem um peso muito importante para ti, certo?
Miguel Rosa – Sim. Desde os 8 anos que sempre me vieram ver, sempre me vieram apoiar, quer seja em Portugal, quer seja no estrangeiro, seja onde for. Acompanharam-me sempre muito. A eles devo-lhes muito.
CA – Um ponto forte do teu jogo?
Miguel Rosa – Bolas paradas, remates fora da área, tecnicamente sou evoluído, acho que passa por aí.
CA – E um ponto fraco?
Miguel Rosa – Eu ia dizer que era o jogo de cabeça, mas este ano fiz 4 golos (risos) . É capaz de ser a defesa, sobretudo nas bolas paradas defensivas.
CA – Os adeptos gostam muito de um aspecto do teu jogo que é, quando jogas a extremo, o cortar para dentro e depois rematar.
Miguel Rosa – É a minha melhor característica quando jogo a extremo. Isto quando jogo na esquerda. Agora estou mais habituado a jogar a extremo, mas a minha formação foi feita a médio ofensivo.
CA – O teu equipamento preferido desde que estás no Belenenses?
Miguel Rosa – Os deste ano e os do ano passado. São muito bonitos.
CA – Importa saber, lês a Comunidade Azul?
Miguel Rosa – Leio, claro que sim!
CA – Por fim, queríamos-te agradecer todo o tempo que gastaste a responder a estas perguntas. Obrigado, Miguel. Para acabar em beleza, umas palavrinhas para os nosso adeptos.
Miguel Rosa – Agradecer o apoio deles, que continuem a apoiar a equipa nos bons e nos maus momentos e que para o ano encham o Restelo!
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