Doom Eternal chegou na passada sexta-feira para se afirmar como o melhor FPS desta geração e como um bom escape de adrenalina à situação actual. Saibam o que temos a dizer deste novo título da id Software.
O reboot de Doom em 2016 valeu a id Software rasgados elogios tanto do público como da crítica, e rapidamente se estabeleceu como um dos melhores títulos desta geração de consolas. A acção frenética e desenfreada que experienciamos a controlar Doom Slayer é das melhores sensações que um videojogo pode transmitir.
Após o tremendo sucesso desse título, poucas dúvidas restavam sobre a vontade da id Software e da Bethesda em continuarem a série, desta vez com intervalos menores entre novas iterações, pois antes do reboot, o último jogo, Doom 3, tinha sido lançado em 2003. Esse intervalo de 13 anos entre novas incursões na série fez com que muitos outros jogos aparecessem e reclamassem para eles mesmos a coroa do género. Se em 2016 Doom colocou-se na corrida novamente, em 2020 Doom Eternal rouba a coroa de uma vez por todas.
A id Software podia muito bem ter seguido as tendências actuais e readaptar Doom para que fosse mais fácil de vender o jogo a um público maior, a quem passa as suas noites a jogar Battle Royales ou a jogar/ver partidas multiplayers competitivas, ou focar-se numa experiência cinematográfica mais focada na narrativa. Mas não, Doom Eternal é tão heavy metal e demoníaco como a saga assim o exige.
Doom Eternal segue a história do jogo de 2016, e começamos logo a matar um dos três Hell Priests que estão na Terra a ajudar o domínio de Khan Makyr, e bem, depois temos de ir procurar os outros para lhes dar o mesmo fim. A história e o lore de Doom Eternal continua a se desenrolar em cutscenes e logs de texto ao longo da campanha, mas a jogabilidade é tão divertida e frenética, que sinceramente duvido que a maior parte dos jogadores se vá recordar da história depois de arrumarem o título.
A jogabilidade é onde o título mais se destaca. Toda a acção acontece fluidamente. Desde início partimos com as ferramentas essenciais para conseguirmos sobreviver as vagas iniciais de demónios, e vamos aprendendo diversas técnicas e adquirindo armas e upgrades ao longo da campanha. Há um elemento RPG neste Doom Eternal que aumenta a nossa experiência no jogo, dando a possibilidade de cada um jogar o jogo como quiser. Por exemplo, eu joguei priveligiando o reforço de munições (que neste jogo são mais escassas), e um combate de curto alcance, e por isso fui evoluindo as armas, armadura e a personagem tendo em conta essa minha estratégia. Mas a variedade de inimigos que se vão encontrando, obrigam a que se use todas as ferramentas que o jogo dá, e por isso, o jogador tem de analisar muito bem as suas escolhas e estratégias.
As armas são poderosas, o ataque corpo-a-corpo também o é, mas o que salva a maior parte das vezes é a motoserra. Isto porque quando estamos sem vida ou munições, é a morte por motoserra que nos dá mais items necessários à nossa progressão. Sempre que encontramos uma horda de inimigos existe um sem número de maneiras para a enfrentar, mas naturalmente o jogador será obrigado a combinar ataques de diferentes armas, combate corpo-a-corpo, motoserra e utilização das características da arena da batalha. O que é certo, é que desde início será difícil o jogador ter um minuto de descanso, viciando o jogador nessa adrenalina certa. Mesmo quando morremos, queremos logo voltar à acção. Doom Eternal é um jogo imediato que nos introduz facilmente nas mecânicas, mas que é extremamente difícil de mestrar.
Para além da acção, somos também presenteados com secções de plataformas, que cumprem muito bem o seu papel. Tal como a exploração dos mundos em busca de segredos, como Cheat Codes, Extra Lifes ou Álbuns, acabando por limpar o palato entre as sequências de acção.
Graficamente, Doom Eternal espanta. Não esperávamos tanto detalhe na recriação dos cenários e nos demónios que enfrentamos pela campanha. Tudo no jogo parece megalómano, e sentimo-nos emergidos em todos os níveis da campanha. É um feito incrível o que a id Software conseguiu recriar com o seu motor gráfico, o id Tech 7. Se em 2016, se notavam alguns falhas na renderização de texturas com o motor id Tech, Doom Eternal com o novo motor não vacila, e sempre a 60 frames por segundo. Apresenta-se sempre em grande nível, ilustrando de melhor forma a arte demoníaca que nos habituámos a ver na série, contrastando com a explosão de cores nestes cenários. Quem diria que o Inferno seria tão colorido?
Demónios há muitos, e todos eles bem caracterizados. É fácil olhando para eles definir qual a melhor estratégia para os enfrentar, com o realce dos seus pontos fracos. E os danos nos inimigos são bem visíveis, principalmente quando estes são esquartejados.
Doom Eternal é o jogo mais heavy metal que existe. A sua banda-sonora assim o indica, e é o melhor caracterizador daquilo que Doom Eternal é na sua essência. Rip & Tear é Doom, e Doom é Rip & Tear. Não há melhor libertador de energia nas consolas que ouvir a banda sonora composta por Mick Gordon enquanto cortamos demónios às postas.
Em relação ao multiplayer, Doom Eternal oferece o modo BattleMode que consiste em batalhas assimétricas com 1 Doom Slayer e 2 Demónios. Apesar de ser um modo divertido e diferente das componentes multiplayers que a maior parte dos shooters oferece, não perdemos muito tempo neste modo, talvez devido ao desequilíbrio que existe em que quem controla o Doom Slayer parte sempre em desvantagem. Não entusiasma tanto, nem de perto, como a campanha single-player.
Doom Eternal oferece tudo aquilo que esperávamos, e mais ainda! Intenso, viciante, heavy metal até ao osso! Doom Eternal continua os bons pergaminhos deixados pelo reboot de 2016, e adiciona mais mecânicas e estratégia. A id Software sabe bem o que a franchise é e o que ela significa. Doom Eternal é, sem grandes dúvidas, o FPS desta geração e o melhor jogo de 2020 até agora. Fiquem em casa, e salvem o mundo vestindo a pele de Doom Slayer!