A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha é o novo filme de Fede Alvarez, protagonizado por Claire Foy, baseado no recente best-seller mundial escrito por David Lagercrantz, constituinte da série Millennium, de Stieg Larsson. Uma história que em nenhum momento faz jus à trilogia original, reduzindo-se a um banal filme de acção.
Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist encontram-se presos numa teia de espiões, ciber-criminosos e oficiais do governo corruptos, tanto na Suécia como nos Estados Unidos, conhecida como “The Spider Society”. O enredo apresenta alguns detalhes diferentes do que foi relatado nos livros de Larsson e no filme de 2011 (The Girl With The Dragon Tattoo), talvez com a intenção de o afastar destes últimos e criar um filme isolado. Há algumas incoerências que não são esclarecidas, deixando pelo caminho algumas pontas soltas.
O argumento falha em contar uma história complexa e profunda, algo que é muito característico na série Millennium e que lhe conferiu um elevado nível de originalidade. Aquele tom intrigante e obscuro que tanto sucesso fez nos livros e nos filmes anteriores é posto de lado, reduzindo o filme a algo banal e cliché, que já muitas vezes foi visto. Estes são pontos bastante negativos, pois a obra literária é exactamente o oposto. Ainda assim, existem alguns momentos, ainda que poucos, em que a trama se torna interessante, mas como não têm bons alicerces, não conseguem ter a intensidade necessária e não são suficientes para melhorar o filme.
Para além disto, o desenvolvimento das duas personagens principais, Lisbeth e Mikael, que são bastante complexas (principalmente Lisbeth), é bastante fraco. Ambas não são equilibradas da melhor forma, acabando Mikael por ficar completamente apagado e sem relevância alguma para a trama. Lisbeth, que aqui é interpretada por Claire Foy, é feita a única verdadeira protagonista da história, mas com isto perde-se imenso. Foy é uma belíssima actriz, mas o seu talento não é bem aproveitado nem pelo argumento, nem pela realização.
A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha é um objecto cinematográfico complicado, logo pelo facto de ser a adaptação de um livro que serve de sequela a uma trilogia, que é escrito por um outro autor que não o criador da série. Fede Alvarez não consegue ligá-lo bem ao enredo original, não deixando claro se é intencional ou se são apenas incoerências do argumento. De qualquer maneira, a falta de um tom mais complexo, intenso e obscuro faz com que o enredo perca imensa substância, reduzindo-se a um filme de acção como tantos outros.