Era Uma Vez… Em Hollywood é o nono filme de Quentin Tarantino, protagonizado por Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie. Uma homenagem ao fim da Era de ouro do cinema de Hollywood, nos anos 60, que apresenta um Tarantino mais contido, sereno e nostálgico, que nos conta não apenas uma história, mas vários enredos condensados em 2h45 de filme.
Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), estrela de TV, e o seu duplo de muitos anos, Cliff Booth (Brad Pitt), confrontam-se com uma indústria que já não reconhecem. Dalton começa a sentir na pele a decadência dos seus anos de glória, enquanto luta para que o mesmo não aconteça. Este é certamente um filme muito mais descontraído, comparando com o resto da filmografia do cineasta. O argumento, com diálogos bastante bons, está recheado de um sentimento de amor e nostalgia à época de ouro de Hollywood, principalmente no que toca aos Westerns. Por meio destas emoções em retrospectiva, é feita uma reflexão sobre o trabalho do Actor na indústria do entretenimento e a sua relação com o “star sistem”.
Deste modo, o discurso é muito virado não só para o lado histórico da trama (que também tem pelo meio muita ficção), mas também para Hollywood actual. Em vários momentos, Tarantino aproveita para transmitir a sua paixão por filmes, referências aos mesmos e conhecimentos seus sobre a sétima arte. É um filme de reflexões, pensamentos e de alguma contensão.
Acaba por não haver um seguimento linear do enredo, sendo antes desenvolvido um aglomerado de acontecimentos, cada um com o seu pequeno desenlace. Esses pequenos enredos nem sempre têm ligações entre si, nem têm uma importância concreta para a trama. Facilmente surgem momentos mais arrastados, mas que fazem parte de toda uma visão de Tarantino. Uma visão com muitos detalhes, referências, histórias e fantasias.
Era Uma Vez… Em Hollywood não será certamente o melhor filme do realizador americano, mas representa algo diferente no seu trabalho. O argumento tem um tom mais descontraído, ainda que continue a ter o humor, a imaginação e os delírios comuns no cinema de Tarantino. Imensas referências culturais preenchem o cenário, bem como um forte sentimento de nostalgia e reflexão sobre Hollywood, o cinema e o passado.