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Crítica Cinema – “Cabaret Maxime”

Crítica Cinema – “Cabaret Maxime”

“Cabaret Maxime” é a nova longa-metragem do realizador português Bruno de Almeida. Um drama que retrata a história de Bennie Gaza (Michael Imperioli), e do seu Cabaret, durante uma crise que vai desafiar o seu carácter. Para além de Michael Imperioli, o filme conta com os atores Ana Padrão, David Proval, John Ventimiglia, Nick Sandow e Drena De Niro no seu elenco principal.

O enredo apresenta-se simples, linear e sem grandes peripécias. A vida de Bennie – o dono de um Cabaret no centro de um bairro antigo e de má fama – é abalada quando a “modernidade” ameaça o seu negócio com 15 anos, o Cabaret Maxime. É, no entanto, uma narrativa emotiva, por vezes desconcertante, onde o drama psicológico está presente a cada momento.

No início do filme é-nos gradualmente apresentado o dia-a-dia (ou, neste caso, a ‘noite-a-noite’) do Cabaret e da vida noturna do bairro. A apresentação das personagens não e imediata. As suas personalidades vão sendo desvendadas ao longo de toda a narrativa e nem tudo é contado. Aliás, vários elementos da história e das suas personagens não são transmitidos ou mostrados. No entanto, nada fica por dizer. O drama subsiste através da opção evidente da informação não ser desvendada na totalidade. A história completa-se no imaginário de cada espectador. O grande exemplo desta opção é o seu final que, apesar de fechar um ciclo, deixa em aberto várias questões.

A narrativa de “Cabaret Maxime” situa-se algures entre a realidade e o imaginário, permitindo ao espectador transportar a história do filme para a sua própria realidade. Um pouco à semelhança do que vai acontecendo quando os aficionados de casas-de-apostas.pt estudam as equipas e os mais recentes resultados para projetarem os resultados de determinados jogos para com isso alcançarem um rendimento extra.

A ação de “Cabaret Maxime” passa-se numa cidade metafórica, indefinida, que pode ser Lisboa (onde decorreu a rodagem da película), mas que também pode ser outra cidade qualquer. Temporalmente, sabemos que estamos no século XXI, mas o décor, as cenas de burlesco e mesmo a banda sonora fazem-nos por vezes duvidar disso. Mais uma vez, portanto, a opção do realizador passou por incutir no espectador o seu papel de cocriador, incentivando o seu imaginário.

O personagem principal, Bennie (Michael Imperioli), é o cicerone que acompanha o espectador ao longo da história. É a visão que Bennie tem da realidade que é mostrada e o espectador é convidado a ser seu cúmplice. Tecnicamente, a recorrente utilização de close-ups ao rosto de Bennie sublinha esta cumplicidade e permite a constante leitura psicológica do personagem. A sequência dramática do filme é alternada por vários momentos cómicos ou musicais, o que permite aligeirar, sem porém diminuir, a carga dramática da narrativa. Esta opção resulta numa eficaz captação da atenção do espectador que, enquanto assiste ao filme, move-se entre o riso e a tensão dramática.

Tecnicamente, são valorizáveis duas questões. Em primeiro lugar a forma artística e adequada em como é utilizada a dicotomia luz/escuridão, algo que se torna importante tendo em conta que a maior parte da ação acontece durante a noite. Em segundo lugar, a forma como são apresentados os planos dos números de Cabaret. Em “Cabaret Maxime”, os espetáculos de Cabaret (números musicais, de burlesco, de comédia) não são um acontecimento secundário, mas transformam-se em sequências narrativas do filme. O palco do Cabaret ocupa o plano para que o espectador passe a fazer parte do público do Cabaret.

Nota positiva para a banda sonora que valoriza os momentos altos do filme, sendo composta por vários géneros musicais, incluindo alguns temas clássicos. Destaca-se a seleção musical dos momentos de Cabaret, como o clássico A Chi (1967), do italiano Fausto Leali. Alguns dos temas contam com a participação dos portugueses Ena pá 2000 e Irmãos Catita.

Destaca-se a interpretação de Michael Imperioli (Bennie) e de Ana Padrão (Stella). Ana Padrão interpreta a esposa de Bennie, uma mulher bipolar que é também a estrela principal do Cabaret.

“Cabaret Maxime” entrega ao público o drama que anuncia, mas também diverte e entretém através dos seus momentos lúdicos. É uma obra emotiva, onde sobressai o simbolismo e o imaginário. No final percebemos que a película de Bruno de Almeida é mais do que uma história sobre um Cabaret e o seu proprietário. É uma reflexão sobre a inevitável metamorfose do tempo, da sociedade e das pessoas. É uma reflexão sobre os valores sociais e pessoais, sobre o amor, sobre a família e sobre o futuro.

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