A Agente Vermelha é o novo filme de Francis Lawrence, protagonizado por Jennifer Lawrence e Joel Edgerton. Este conta a história de uma bailarina russa de sucesso que se torna espiã do governo russo na Europa. Da mesma forma que a vida da personagem muda drasticamente, também o rumo do filme sofre alterações, mudando o seu tom e o seu ritmo, que pode não ter sido feito da melhor forma.
Aqui vemos como o governo russo treina os seus espiões, de modo a que estes estejam dispostos a usar o próprio corpo e as capacidades de sedução para obter informações e manipular os seus inimigos. A primeira parte do filme é bastante explícita não só naquilo que mostra, mas também nas suas intenções. O filme utiliza alguns momentos de brutalidade para chocar e mostrar que a vida de espião não é um percurso de oportunidades, luxos e glamour.
Contudo, o tom do filme muda repentinamente com a mudança na vida da personagem principal, e isso prejudica-o. Entramos numa fase em que nunca sabemos o que vai na cabeça de Dominika Egorova, a personagem principal. Já não conseguimos analisar a sua personalidade nem as suas intenções. Os seus actos parecem indicar um determinado tipo de sentimentos, mas o seu passado leva-nos a questionar as suas motivações. Ainda que tudo isto seja intencional, acaba por haver alguma dificuldade em perceber Dominika enquanto personagem. Consequentemente, a segunda parte do filme é confusa e de envolvência difícil.
Apesar de tudo, Jennifer Lawrence tem uma boa actuação no papel de bailarina e posterior espiã. Mostra ser uma actriz determinada e talentosa, ainda que não seja espetacular, e se esforce demasiado no sotaque russo, não o conseguindo manter com coesão durante o filme.
A Agente Vermelha é um filme sobre a espionagem russa, mas acima de tudo sobre perseverança e tenacidade. A mudança de rumo e de tom que o filme sofre a metade do desenrolar do enredo, faz com que se torne confuso e até difícil de acompanhar. As verdadeiras intenções da personagem principal são tão escondidas, que é inevitável o espectador não se distanciar não só dela, como também da história.