Catarina Miranda, conhecida por muitos como emmy Curl, é neste momento uma das finalistas à corrida para a Eurovisão.
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A cantora transmontana falou-nos um pouco do seu trabalho, bem como da sua experiência como concorrente de um festival seguido avidamente pelos portugueses.
CA Notícias: Antes de mais, quem é a Catarina Miranda e quem é a emmy Curl?
Catarina Miranda: A Catarina Miranda é o nome que me deram, a emmy é o meu projecto de música , depois também tenho o projecto Cherry Luna e Alchera onde abordo a música em volta de ambientes apenas electrónicos, Cat Rain para fotografia e Emilia Caracol para moda.
CA: De onde surgiu o nome emmy Curl?
Catarina Miranda: Tinha cerca de 15 anos e quis criar algo exterior de mim, o nome é apenas uma expressão, acho que nunca acreditei que o “para sempre” existe, tem de haver mutação e aprendizagem, posso exemplificar com o momento em que damos um nome a uma canção, eu quis dar um nome a um conjunto de sensibilidades.
CA: Foi em Vila Real que cresceste e foste descobrindo a tua vontade de seguir um caminho no mundo da música. Podes falar-nos um pouco desses anos? Como foste descobrindo que era na música que irias traçar o teu caminho?
Catarina Miranda: Os meus pais já tinham uma banda juntos antes sequer de eu nascer, esta influência em mim seria incontestável, cresci e vivi os ensaios dos meus pais, as minhas estadias em amas e babysitters para eles poderem viver a música, foi algo que também, inconscientemente, eu queria fazer.
Os meus primeiros concertos foram logo na primária onde pedia autorização à professora para poder cantar no final. Cantar era para mim tão natural como respirar. Mas nunca pensei em só ser cantora ou música, o meu interesse pela arte é demasiado grande, por isso na minha rotina diária incluo imensas actividades criativas variadas desde pintura, fotografia a video e dança.
CA: Como foi sair de um ambiente no interior e partir para o litoral? Alguma vez colocaste a hipótese de um dia “voltar às origens”?
Catarina Miranda: É muito diferente viver no Porto. O ritmo de vida é muito mais rápido, há menos tempo, há mais ansiedade e preocupações monetárias pois as rendas estão muito altas mas há mais cultura que é o que me prende aqui.
CA: De todas as tuas músicas como emmy Curl tens alguma favorita? Se sim, podes-nos dizer porquê?
Catarina Miranda: A palavra favorita talvez seja ingrata mas gosto muito da Sand Storm porque fala da emancipação feminina e da minha fase de auto-descoberta enquanto mulher e ser humano.
CA: Qual dos teus álbuns mais te marcou até agora?
Catarina Miranda: Todos, pois todos eles foram importantes para me fazer crescer.
CA: Como tem sido o feedback ao teu trabalho? Além dos portugueses que países mais se têm interessado pelo teu trabalho?
Catarina Miranda: Não sei muito bem, há realmente muita gente estrangeira a comentar os meus vídeos, aliás são eles que mais comentam, mas nunca percebi quais são os países mais interessados.
CA: Podes referir nomes de cantores e/ou bandas que ainda hoje te inspiram? Já agora, fora da área da música, tens algum nome que te inspire?
Catarina Miranda: Kaki King, Floating Points, The Internet, José Gonzalez, Nick Drake, Debussy, Liszt, Fora da música Raul Brandão ou Juliet Marilliet.
CA: Se não fosses cantora o que imaginas que serias?
Catarina Miranda: Já sou um pouco de tudo, acredito que ser algo específico não me torna feliz, levo a minha vida como uma espiral onde faço varias coisas e cada uma vai ficando melhor à medida que o meu tempo é dedicada a ela. Neste momento tenho-me focado mais na música porque estou a acabar o meu novo álbum onde também estou a produzir e a misturar o que me consome bastante tempo.
CA: Como achas que a indústria da música em Portugal tem evoluído? Sentes que os portugueses, de forma geral, ouvem e interessam-se por música portuguesa?
Catarina Miranda: Acho que, devido à nossa geral (e vou generalizar) baixa autoestima não consumimos muito o que é nosso e preferimos ter em destaque nos nossos cartazes bandas de fora.
Mas eu acho que a nova geração vai mudar isso, porque a interligação cibernética está a fazer-nos perceber que também somos tão bons quanto os que estão do outro lado da fronteira, simplesmente precisamos de mais investimento na cultura e apoio a novas bandas poderem emergir quando estas têm qualidade.
CA: Como surgiu a oportunidade de te envolveres nesta “corrida” para o Festival da Canção? E como tem sido a experiência?
Catarina Miranda: O Júlio fez-me o convite e eu aceitei. Gosto muito do trabalho dele e dele como pessoa (que fui conhecendo para a frente) não poderia estar mais contente em ajudar e participar.
A experiência tem sido boa, não tenho andado muito atenta ao que se passa pois, na minha opinião, estou ali para apenas dar o meu melhor e trabalhar naquilo que gosto de fazer, mas, inevitavelmente, foram-me contando das novidades e nunca pensei que este ano fosse tão polémico como está a ser.
CA: Qual a tua primeira impressão de “Para sorrir eu não preciso de nada”? O que sentes que a canção te transmite quando a cantas?
Catarina Miranda: Esta canção além de (parecer) ser simples e transmitir isso é também muito feminina e rebelde.
CA: Como te sentiste quando interpretaste a música pela primeira vez ao vivo na RTP?
Catarina Miranda: Senti-me capaz, talvez seja a melhor maneira de explicar o que senti, estava com algum receio nos dias anteriores desse momento pois pensei que iria ficar muito nervosa, no inicio ainda me senti a medo pois é estranho para mim não ter um publico à frente (só tinha o júri mas estavam mais abaixo do meu campo de visão) depois fui melhorando e fiquei mais à vontade. Como num concerto normalmente a primeira música é só para ambientar, quando tens que entrar só para cantar um tema e isso representar-te unicamente é um medo que pode ser perigoso, mas no fim se me deixassem cantar de novo cantaria melhor.
CA: Quais as expectativas que tens para fase que se segue? Independentemente do resultado, tens algum projeto futuro em mente?
Tenho um álbum novo de emmy Curl a lançar este ano e outros eps e proectos a decorrer pelo meio. Para já é o mais importante para mim a concretizar e o que será, será.