O treinador português André Villas-Boas esteve hoje presente na Web Summit para falar ao público sobre dois temas principais que lhe dizem muito:
- Como conseguiu chegar ao topo do futebol mundial com menos de 40 anos?
- Quais as principais dificuldades que um líder enfrenta nos tempo modernos?
Se o primeiro tema ficou dedicado para o palco exclusivo do desporto, denominado Sports Trade, era expectável que a conversa entre o técnico e o moderador fosse mais focada na sua carreira e no estado do futebol. E Villas-Boas revelou que espera voltar ao futebol no próximo ano. Onde irá treinar? Bem, o técnico parece ter vontade de ingressar num clube da Bundesliga na Alemanha ou na… J1 League do Japão. O técnico disse que estava a aproveitar este ano de paragem desde que saiu do Shengai SIPG em Novembro do ano passado para aprender novas línguas como o alemão porque era um mercado que o interessava, mas nunca referindo directamente que iremos ver o treinador a treinar uma equipa da Bundesliga.
Sobre a liga japonesa, André Villas-Boas referiu que nutre uma especial admiração por aquele país, podendo eventualmente continuar a experiência asiática que iniciou na China. E confirmou que o futuro próximo não deverá passar por Portugal. Mas caso passasse seria sempre no FC Porto, embora que para o técnico luso, Sérgio Conceição é o treinador indicado para o clube.
Em relação ao tema da primeira conversa, Villas-Boas sintetizou a principal característica para um treinador ter sucesso: Autenticidade e estar atento ao que os outros sentem.
O técnico falou ainda do que a tecnologia pode trazer ao mundo do futebol, pois André Villas-Boas acha que para já ainda há muito a fazer nesse departamento, referindo que quando começou era hábito usar ferramentas como o Prozone ou o Wyscout mas que agora tem duas pessoas na equipa totalmente dedicadas a analisar todos os passes que um determinado jogador efectua, usando para isso bases de dados extensas, como a Opta proporciona. Aproveitou ainda para comparar a diferença entre os atletas do futebol com os dos desportos americanos, pois os atletas americanos passam 8 a 9 horas por dia nas instalações do clube enquanto que os jogadores de futebol à hora de almoço já saíram. Villas-Boas acredita que só quando esse paradigma for mudado é que as evoluções tecnológicas poderão ser realmente exploradas no futebol.
Na segunda conversa do dia em que o técnico esteve presente (e que pode ver no vídeo aqui em cima), André Villas-Boas afirmou que a principal função de um líder actualmente é motivar pessoas:
“Às vezes temos de ser um tipo diferente de líder para os diferentes jogadores, ser mais próximo ou pressionar mais consoante aquilo que seja melhor para eles. Tento dominar várias áreas paralelas para passar ao lado do facto de nunca ter sido um jogador de futebol como outros, como Zidane, Conte, Guardiola. Essa é a tendência de agora, há dez anos a tendência era treinadores como eu. O que temos sobretudo de ser é motivadores de pessoas, é o mais importante”
“A vida de um treinador não é fácil. Se quiserem ver uma coisa engraçada, tomem atenção ao Twitter durante um jogo de futebol e percebam o que se passa… Decidi em relação às redes sociais que sigo mas não faço parte, acho que é o melhor. Quando queremos ver algo mau sobre alguém, é ir procurar nas redes sociais… É difícil para nós treinadores porque aumenta as expetativas. O futebol vive do sucesso imediato mas é necessário tempo para chegar a esse sucesso e as redes sociais também tornam as coisas mais complicadas porque a intolerância aumenta”