Quando Uncharted 4: O Fim de um Ladrão saiu no mês de Maio do ano passado, poucos pensavam voltar a ver um um jogo completo da saga. A Naughty Dog não pensava em desistir já de Uncharted, considerando que haveria mais por contar neste universo. Com essa ideia em mente, estava planeado o lançamento de (pelo menos) um DLC Single-Player. Esse DLC tornou-se numa aventura completa com Chloe Frazer ao leme, a caçadora de tesouros que se estreou em Uncharted 2: Among Thieves e que se junta a Nadine Ross, que ficamos a conhecer em Uncharted 4, numa aventura pela Índia à procura da relíquia Tusk of Ganesh. Uncharted: O Legado Perdido foi apresentado como um jogo completo pela primeira vez no PlayStation Experience, em Dezembro de 2016.
Este é o primeiro Uncharted que não tem Nathan Drake como protagonista (ou sequer como presença secundária), o que poderá ter levantado suspeita perante alguns fãs da saga, visto ser uma personagem muito carismática. No entanto, quatro jogos depois (cinco, se contarmos com Golden Abyss para a PS Vita), a história de Nathan já foi contada, e depois de O Fim de um Ladrão, não faria sentido desenvolver mais narrativas à volta da personagem. Portanto a Naughty Dog tinha uma tarefa complicada de conseguir elaborar uma trama tão ou maus interessante que as outras das iterações anteriores da saga. Para tal decidiram explorar uma das personagens mais adorada pelos fãs, Chloe que não esteve presente no último jogo. É Chloe quem controlamos, mas não é a única personagem principal. A relação entre Chloe e Nadine Ross é o grande alicerce da história deste jogo, e é muito interessante ver como passam de uma relação meramente profissional até ao ponto em que se começam a tratar pelo nomes próprios. Algo que é conseguido através dos bons diálogos a que a Naughty Dog já nos habituou.
Começamos o jogo com Chloe a vaguear por um mercado na Índia, e aí damos logo de caras com o poderio gráfico pelo qual a saga Uncharted é conhecida. Tudo é apresentado ao detalhe. Quer seja numa PS4 Pro como numa PS4 “normal”, Uncharted: O Legado Perdido impressiona.
Chloe, fisicamente, controla-se da mesma forma como controlávamos Nathan, e portanto não sentirão grandes diferenças a controlar a personagem. Mas tem uma personalidade muito própria e uma história de fundo que até aqui não tinha sido aprofundada. Não raras vezes, Chloe desabafa com Nadine sobre a relação com o seu pai e a sua infância a Nadine, e o contrário também se aplica. Criando uma ligação a estas duas personagens, e demonstrando que Uncharted poderá ter um futuro, mesmo sem Nathan Drake (apesar do seu nome ser mencionado algumas vezes durante o jogo…).
A maior crítica que pode ser apontada é a falta de inovação em relação às iterações anteriores. Talvez a maior novidade na jogabilidade, é a existência de um mapa grande (a meio do jogo) que se pode explorar livremente e que contem algumas surpresas. No entanto, os mapas abertos de Uncharted não costumam oferecer grande motivação ao jogador para os explorar, e aqui não é excepção. É até estranho o facto da saga ser baseada em caças a tesouros, e não ter evoluído desde o primeiro em relação à forma como se encontram os tais ditos tesouros espalhados pelos mapas…
O jogo tem uma boa quantidade de conteúdo para o preço pedido (está a venda por 39.99€), oferecendo 8 a 10 horas de jogabilidade. Podendo essa duração estender-se mais caso queira completar o jogo a 100%. Para além disso, ainda inclui o modo multiplayer de Uncharted 4.
Uncharted: O Legado Perdido é fiel à fórmula habitual, e se por um lado garante-nos horas bem passadas, por outro pensamos que já experimentámos algo semelhante. E já, tudo aquilo que vemos aqui, já vimos parecido em qualquer outro Uncharted anterior, mudando só as personagens principais e o local. Mas não obstante as parcas novidades ao nível do gameplay, Uncharted: O Legado Perdido é um título obrigatório para todos os fãs e bastante recomendado para todos os que possuem uma PS4, e caso a Naughty Dog queira continuar com Uncharted, já têm a confirmação que podem deixar Nathan Drake a gozar a reforma, que a Chloe trata do assunto.