Chegamos assim ao fim do mês de Outubro e ao início de Novembro, com uma nova agenda de espectáculos a não perder. Confiram de seguida, algumas sugestões para esta semana.
Dia 28, Os Netos de Gungunhana estreia no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa. Esta é a nova criação do Teatro O Bando e é uma colaboração entre artistas portugueses, brasileiros e moçambicanos, baseada na trilogia de Mia Couto: As Areias do Imperador. O espectáculo reflete sobre as pequenas teias de poder presentes na mais pequena forma de sociedade, a família, que de modo progressivo se vão estendendo às tribos, cidades, países e federações. Este espetáculo constrói-se a partir da figura de Gungunhana, o último imperador moçambicano que, para alguns, foi um herói e um salvador e, para outros, um ditador e um pesadelo. Uma encenação de João Brites, em cena até dia 11.
Dia 1, o Fórum Luísa Todi, em Setúbal, recebe o espectáculo Orlando, a partir de Virginia Woolf. Agora Orlando vive. Não como homem ou mulher, como obra literária, como a tinta ou papel que a suporta, como a madeira do qual foi prensado, como árvore da qual foi cortado, como flor que dela desabrochou, como fruto por ela fecundado, como pessoa que o colheu, como semente por ela plantado, como terra que lhe oferece a fertilidade, como frio e chuva que o alimenta para que de uma nova vida desponte um rebento. Uma adaptação, dramaturgia e encenação de Eduardo Dias, para ser assistido até dia 4.
Na mesma data, Worst of estreia no Teatro Nacional D. Maria II. Não é incomum, ao longo dos tempos, escutar-se a opinião de um atraso crónico do teatro português, por comparação com as outras artes. Este espectáculo propõe-se a passar os olhos pela história do teatro nacional à sombra desta impressão. Para isso, um “best of” de atores nacionais dará voz às lamúrias com a ajuda de exemplos que confirmam o desalento. Worst of não é uma celebração. Uma criação do Teatro Praga, em cena até dia dia 18.
Ainda no dia 1, Cabaret Macabro estreia no Espaço Escola de Mulheres, em Lisboa. Antes de ser uma peça, este espectáculo é um processo. Um processo ancorado na revisitação da estrutura e motivos do cabaret, um processo de desmontagem e de bricolage com uma forte componente de perspectivação da realidade que nos rodeia. O que é moralmente correcto? O que é aceitável? Como é que a arte contemporânea reflecte o sistema de labirintos simultâneos a que parece corresponder o mundo actual? Com texto de Valério Romão, encenação e espaço cénico de Marta Lapa, em cena até dia 25.