Chegamos à última semana de Junho pensando como foi possível o mês ter passado assim tao rápido. Fica de seguida, uma selecção dos espectáculos que podem ser assistidos nesta que também é a primeira semana de Verão.
Dia 26, Jângal estreia no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa. Jângal é uma floresta, ou matagal, na Índia Portuguesa. Nesta definição revelam-se propósitos coloniais mas a sua etimologia remete-a para o sânscrito em que designava terra inculta (sem cultura dominante), um terreno por explorar, lugar de possibilidades infinitas por começar. Jângal é teatro que enfrenta o mundo danificado que temos, propondo histórias de encontros entre espécies, existências e ficções. Em cena até dia 1.
Dia 29, o Teatro Nacional D. Maria II apresenta O Rei no Exílio – Remake. Passados 27 anos e após ser apresentado em 27 cidades na Europa, África e América, Francisco Camacho regressa ao D. Maria II, onde estreou este espectáculo, para uma única apresentação do remake deste espectáculo que o projectou internacionalmente. Livremente inspirado no último rei de Portugal, D. Manuel II, exilado em Inglaterra em 1910, este solo dá a ver uma personagem dividida entre a passividade e a ação, que hesita em envolver-se na luta pelo poder e se rodeia de prazeres triviais.
No mesmo dia, o Teatro Aberto apresenta também uma sessão única do espectáculo Um Dia Uma Vida, no Centro Cultural Caldas da Rainha. Criado a partir do poema homónimo de Ruy Belo, com encenação de Marta Dias, as palavras do poeta surgem recriadas em palco com a magia do dispositivo cénico, do desenho de luz e do vídeo, através das histórias de quatro personagens que se entrecruzam e nos envolvem no modo como vivem o tempo que passa.
Dia 30, Antes, de Pedro Penim, estará no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada. Muitas cidades ou países apresentam um “malaise” distinto. São lugares que podiam ser Portugal, de tão afundados numa dolorosa Saudade do passado. Este sentimento comum a muitas latitudes é muitas vezes apresentado como um diagnóstico, uma negação de um presente doloroso em oposição ao desejo de regressar a um passado glorioso. Um espetáculo que vai retrocedendo no tempo através de um Atlas da melancolia.