Começa esta semana o mês de Março, com alguns espectáculos a não perder! Ficam de seguida, algumas sugestões para a semana.
Dia 27, Baleizão o Valor da Memória estreia no Teatro Carlos Alberto, no Porto. Um gelado, o Baleizão, vendido numa cervejaria homónima de Luanda nos anos 70, é o agente desencadeador e aglutinador do espetáculo dirigido por Aldara Bizarro, que se faz a partir das memórias de infância convocadas pela troca de cartas, textos, desenhos e fotografias entre estes dois amigos separados e com vivências diferentes, a de Angola durante a guerra colonial e a de Lisboa. Para ser assistido até dia 2 de Março.
Dia 1, Mise En Abyme estará no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa. Partindo de um texto de José Maria Vieira Mendes pertencente ao universo das artes plásticas, o conceito de mise en abyme começa por ser aplicado com a utilização desse mesmo texto, que aqui serve a dramaturgia do espectáculo, trazendo consigo a memória de outra peça ou filme. O texto, que construí argumento cinematográfico, é uma tentativa de encontrar uma outra ideia de desejo e de relação com o futuro, que torne os sujeitos de desejo mais disponíveis para o inesperado. Uma criação de Cão Solteiro e Vasco Araújo, em cena até dia 3.
Na mesma data, o Teatro Nacional D. Maria II recebe Frei Luís de Sousa, numa encenação de Miguel Loureiro. Como pode um encenador alemão fugir ao Fausto de Goethe, ou um francês ao Tartufo do Moliére? Um encenador inglês consegue afirmar uma escrita cénica sem passar pelo Hamlet? Como pode um homem de teatro português desenvolver a sua poética de cena sem se ver confrontado com aquele que ainda é considerado um dos monumentos teatrais do romantismo e mesmo de todo o teatro escrito em Portugal? O Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, é aquela estação de paragem obrigatória, que mais tarde ou mais cedo nos aparece no caminho.
Ainda dia 1, e também no D. Maria II, Tiago Rodrigues apresenta o seu novo espectáculo, Um Outro Fim Para Menina Júlia. Desde a estreia da peça de August Strindberg, há 130 anos, em Março de 1889, que actores de todo o mundo obedecem à ordem do autor e nos sugerem o suicídio de Júlia como o único desfecho possível desta história. Imaginar outro fim possível para estas personagens obriga-nos a mostrar em cena o que acontece depois da última didascália do autor. Obriga-nos a imaginar o futuro que não quis prometer às suas personagens. Em cena até dia 24.