Começamos um novo mês, mas as temperaturas de Verão parecem ter-se ausentado. Fica de seguida, uma selecção dos espectáculos que podem ser assistidos na primeira semana de Julho.
Dia 5, Cartas estreia no Espaço Escola de Mulheres, em Lisboa. Este espectáculo é uma recordação efémera de um homem e de uma mulher, na correspondência trocada entre eles. O espólio, que serve de base a esta criação, refere-se às cartas que Maria Helena Vilhena escreveu a Amílcar Cabral entre 1946 e 1960. Muitas perderam-se nas viagens, na fuga, na luta e no esquecimento. O que surge em cena são as lacunas, os espaços entre o desfoque e a nitidez, o movimento da memória em direção ao corpo. Com direcção artística de João Branco e Cátia Terrinca, em cena até dia 8.
Na mesma data, o Teatro da Politécnica apresenta o espectáculo Nada de Mim, dos Artistas Unidos. Uma mulher e um homem pensaram amar-se para sempre. Mas a felicidade não será a última palavra. Um espectáculo íntimo, obsessivo, poético e cru. Uma peça de Arne Lygre, levada à cena por Pedro Jordão, para ser assistida até dia 21.
Dia 6, Lulu estará no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada. Nesta encenação de Nuno M. Cardoso, é colocado em cena um monstro fabuloso, o desejo, à solta num mundo social que combina uma certa libertinagem cínica com uma fachada puritana, aproximando-se de um conto de fadas para adultos. O dramaturgo Edward Bond referiu-se a ela como sendo sobre sexo, dinheiro e violência: a História profética do capitalismo. A vida da protagonista que dá o nome à peça, espelha-se nas suas imagens sociais ao longo do texto. Esta anti-heroína começa por ser uma esposa domesticada, infiel e devassa, para se tornar numa aventureira e numa prostituta.
Dia 7 e 8, o Teatro Nacional D. Maria II recebe o espectáculo A reunificação das duas Coreias, integrado no festival de Almada. Este já esteve em cena em Almada em 2014, numa encenação do próprio autor, Joël Pommerat. Quatro anos depois, a companhia croata Gavella Drama Theatre resolveu lançar um novo olhar sobre o texto, que problematiza as relações entre os dois sexos e as diferentes dimensões da vida amorosa e familiar. Com encenação do italiano Paolo Magelli, o espetáculo é falado em croata, com legendagem em português.