Entramos na última semana de Fevereiro com uma agenda de espectáculos que merece a nossa atenção. Aqui ficam algumas sugestões para a semana.
Dia 21, o Teatro Nacional São João, no Porto, recebe Macbeth numa encenação de Nuno Carinhas. Ritos maléficos, prenúncios, noites sangrentas, insónias, fantasmas: esta é a mais maligna e enigmática tragédia de William Shakespeare. Macbeth regressa ao palco do São João, depois de uma temporada de sucessivas lotações esgotadas em meados de 2017, e depois de ter estado no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa. João Reis lidera um elenco de atores que se têm distinguido nas produções do TNSJ dos últimos anos. Em cena até 11 de Março.
Dia 22, Dramatículos 2 estará no Teatro da Politécnica, em Lisboa. Baseado numa obra de Samuel Beckett, este espectáculo é constituído por três curtas peças em que, na primeira, uma boca jorra palavras; na segunda, o corpo de um actor ensaia o que diz sem falar; na última, uma voz gravada repete à exaustão uma fala. As três são sobre formas de morrer, de sobreviver, a iminente necessidade dessa possibilidade, falas/tentativas de ser, de viver, entre outras coisas. Tradução de dramaturgia de Isabel Lopes.
Também dia 22, O Deserto de Medeia estará em cena na Casa das Artes de Famalicão. A encenadora Luísa Pinto, reuniu histórias reais de mulheres que mataram os seus filhos. Confrontando-se com os inúmeros casos relacionados com o complexo de Medeia, Luísa Pinto decidiu levar à cena uma reflexão sobre o Filicídio, crime que está longe de ser uma abominação exclusiva da antiguidade, mas que ocorre na atualidade, inundando noticiários e páginas de jornal. Aqui vai-se interrogar a condição das mulheres que matam os filhos, normalmente movidas de amor e ódio a um só tempo.
De 23 a 25, o São Luiz Teatro Municipal recebe Democracy in America, uma criação de Romeo Castellucci. Livremente inspirado na obra homónima de Alexis De Tocqueville, De La Démocratie en Amérique (1835), Castellucci transporta-nos para a vida comunitária dos puritanos e índios norte-americanos. Recorrendo a uma estratégia de palavras e imagens, procura esclarecer questões como a linguagem da comunicação, a religião e a noção de comunidade.
Dia 23 e 24, o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, recebe o espectáculo Sócrates tem de morrer, uma encenação de Mickael de Oliveira dividida em dois episódios: A Morte de Sócrates (dia 23) e A Vida de John Smith (dia 24). Partindo da obra Fédon de Platão, A Morte de Sócrates junta a figura reinventada de Sócrates (Albano Jerónimo), e dos seus fiéis amigos, Paulo (Paulo Pinto), Pedro (Pedro Lacerda), Raquel (Raquel Castro) e Ana (Ana Bustorff). Este narra os últimos três dias de Sócrates na prisão, na qual permaneceu durante um mês. Os amigos tentam convencê-lo a permanecer vivo, apresentando-lhe hipóteses de fuga, mas este mantém-se convicto de que a morte é preferível à vida.