Luis Santos 
Ravala é o alter-ego de dois criadores que “nasceu na esquina dos quatro gatos, em Barcelona, passou a noite acordado, ao raiar da manhã era Homem”. Ela, desenhadora, designer de sapatos e psicóloga clínica, ele é músico, juntos pintam.
É sempre ingrato falar de arte, mais ainda de pintura, uma vez que o traço e a cor provocam sensações e reacções sempre diferentes a quem os vê. Não se pretende fazer crítica, longe disso, tão somente transmitir a aceitação da provocação sentida pelas obras expostas.
Falámos com Ravala, e ficámos a saber que o que os inspira, entre outros temas (todos), é a urbanidade. Aqui cabe quase tudo. Daí a inquietação que, por exemplo, lhes provocou a violação da jovem brasileira por 30 indivíduos. A pintura se é provocadora, também serve de denúncia.
Nesta exposição havia pinturas e desenhos. Nos quadros, as técnicas utilizadas são, fundamentalmente o acrílico e o óleo, nos desenhos todas as tradicionais (lápis, aguarela, carvão), e ainda stencil e spray.
O traço e a forma dos quadros é bela e exuberante, neles um ponto comum – a cor. Segundo ela, a referência a Barcelona, o que os uniu. Detivémo-nos nos desenhos de corpos femininos nus. Ela referiu-nos uma história antiga, em que na escola de artes lhes foi pedido que reproduzissem uma figura humana, foi a única a fazer um nu, foi apelidada de “exibicionista”, as escolas têm destas coisas… Voltemos ao desenhos de Ravala, questionada sobre esses desenhos, falou-nos de alusões religiosas, são três: Eva, Diabo e Cristo. Contudo, se observados, os pormenores e as referências são surpreendentes.
Os quadros pedem-nos que gentilmente nos deixemos entrar por eles dentro e os vivenciemos, são quentes e envolvem-nos “sem dó nem piedade”. Que bom!
Ravala, um mundo inteiro, real, irreal e até surreal, dentro da tela e do papel, escorrendo por eles até aos nossos sentidos.
Sempre que ouvirem este nome, corram e vão ver, sentir, o trabalho deste alter-ego!
