Melhor era impossível. O Belenenses conseguiu remendar o que andava a falhar há já largas jornadas: eficácia e coesão defensiva. A turma de Belém vulgarizou o Feirense após uma 1ª parte de grande nível onde saiu a vencer por 3-0. No segundo tempo, o jogo mudou de rumo e os da casa galvanizaram-se, tendo ascendente durante quase todos os segundos 45 minutos. No entanto, uma boa solidez defensiva negou qualquer intento da equipa de Nuno Manta lograr mais do que um golo. Benny fixou o resultado final em 4-1 e com esta vitória na 7ª jornada da Liga NOS, os azuis juntam-se à carruagem dos da frente, fixando-se, à priori, no 6º lugar em igualdade pontual como o 5º (Rio Ave, que tem menos um jogo) e com o 7º (Vitória de Guimarães).
Domingos Paciência optou por mudar o sistema táctico mais uma vez e retirar criatividade à equipa conferindo-lhe mais poder de choque e altura. Chaby e Viana não foram opção e Maurides passou a ter a companhia de Tiago Caeiro na frente, num 4-4-2 com um meio-campo de trabalho e com pouca velocidade. Tandjigora (dos melhores em campo) e André Sousa (o homem do jogo) assumiram as alas, com Yebda e Saré no miolo. O Belenenses entrou bem e pôs os fogaceiros rapidamente em sentido, com vários duelos aéreos ganhos e muitas bolas na zona mais avançada do terreno. Aos 18 minutos, depois de um grande passe de Nuno Tomás, Maurides, após uma fantástica recepção e um grande trabalho, inaugurou o marcador. Estava feito o 1-0 e a equipa galvanizou-se ainda mais. André Sousa fez jus à sua boa forma recente e voltou a facturar, desta feita de livre directo, executado de forma exímia pelo 8 azul. Aos 30 minutos já havia 2-0 e a o emblema da Cruz de Cristo não dava sinais de abrandar. Ao bom estilo inglês e sem criativos ou alas desequilibradores, o “Kick and Rush” estava a surtir efeitos, mesmo saltando algumas etapas da 1ª fase de construção. Até ao final dos primeiros 45 minutos, Caio Seco ainda fez duas boas defesas e André Sousa, num fantástico remate dentro da área, marcava o segundo da conta pessoal (36′) e o 3-0 com que as equipas foram para o intervalo. Era a melhor exibição da temporada e um exemplo muito bom da importância da eficácia e do pragmatismo, num terreno difícil e frente a uma boa equipa.
A 2ª parte foi distinta. Os azuis – que equiparam de branco – entraram mais receosos e concederam a iniciativa de jogo ao Feirense, que, mesmo tendo mais volume ofensivo e de apostar muito no jogo directo, nunca foi capaz de se superiorizar ao ponto de fazer tremer o emblema lisboeta. Muriel transmite muita segurança à defesa e Gonçalo Silva e Nuno Tomás não inventam. O que mudou o encontro foi a entrada de João Graça, médio criativo dos da casa que ia organizando o jogo com alguma mestria. Domingos Paciência queria evitar que houvesse espaço para veleidades adversárias e resolveu voltar a jogar com três centrais, desta feita com Cleyton a ter entrado para o lugar de André Sousa e Benny para o posto de Caeiro. A diferença do jogo de hoje foi a composição táctica da defesa. Não se pode dizer que a equipa estivesse a alinhar num 3-5-2, porque os defesas laterais não foram alas e estavam mais agarrados à posição de origem, concedendo assim menos desequilíbrios defensivos. Era então um 5-4-1, com Maurides sozinho na frente, mas com Benny sempre perto no apoio. Depois de várias jogadas de insistência pelo ar, Etebo acabaria por ganhar um dos duelos e assistir Luís Rocha para o 3-1, aos 72 minutos. O golo caseiro surgiu numa altura em que poderia mexer com o jogo e, caso o Feirense lograsse chegar ao segundo, podia ser perigoso para o Belenenses. Porém, à passagem do minuto 74 e depois de uma boa jogada e um bom passe de Maurides, Benny – que também beneficiou da escorregadela de Cris – fecharia as contas do jogo com um bom remate de pé esquerdo. Até ao fim deu tempo para fazer descansar Tandjigora – entrou Roni – e para demonstrar a surpreendente coesão defensiva da equipa, algo que estava a faltar há já largos jogos.
Vitória expressiva um dos terrenos mais complicados da Liga NOS e frente a uma das melhores equipas da competição. Um jogo para ver e rever e vários princípios que deveriam ser aplicados em encontros futuros. A opção devia, no entanto, passar por voltar a colocar os criativos em campo, mantendo a eficácia e a solidez do quarteto – ou quinteto – defensivo. Com estes três preciosos pontos, o Belenenses junta-se ao grupo da frente e pode ter ganho o moral suficiente para continuar a senda de vitórias.