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Rescaldo: Quem muito inventa, arrisca-se a perder

Rescaldo: Quem muito inventa, arrisca-se a perder

Foi com um temporal a fazer lembrar um filme de terro, que o Belenenses se deslocou à Amoreira, para defrontar a equipa da casa, o Estoril, que não ganhava há mais de 3 meses. Num jogo em que a palavra de ordem foi invenção, o Belenenses não se conseguiu superiorizar aos canarinhos e deixou o ponto fugir a 10 minutos do fim. Se houvesse um vilão neste filme, teria de ser o treinador azul que arriscou demasiado quando os azuis até controlavam o jogo.

O onze inicial começou por ser uma surpresa. Miguel Rosa, jogador de posse, de explosão e com um elevado requinte técnico, a ponta de lança. Sozinho na frente. Na impossibilidade de jogar Tiago Caeiro – que se ressentiu dos esforço recente -, arriscou num jogador sem rotinas e características para jogar naquela posição. A equipa sentiu isso. Não tinha uma referência ofensiva e o futebol atacante dos visitantes foi pouco ou quase nenhum. Miguel Rosa ainda teve um golo anulado aos 36 minutos que podia ter mudado o rumo do jogo. João Afonso era o esteio azul na defesa e Ricardo Dias ia comprometendo a nível ofensivo com muitos passes falhados. A descoordenação ofensiva fazia antever algumas dificuldades na recuperação defensiva. E assim foi. A equipa azu chegou a ser apanhada algumas vezes em contrapé pela velocidade de Gerso e a técnica de Bonatini. Kuca, lesionado, saiu ao intervalo para dar lugar a Traquina. O extremo ex-Covilhã ainda deu alguma profundidade à equipa, sem no entanto se destacar. A ligação entre o meio-campo e o ataque era defeituosa e o último passe falhava sempre. Do lado dos canarinhos, não estava muito melhor. Alguma bola, mas pouca qualidade na execução das jogadas. Faltava um trinco puro em ambos os meios-campos e isso foi notado. Mau jogo na primeira parte, com alguma influência da chuva e do vento que prejudicaram duas equipas que gostam de ter bola no chão e procurar as sobreposições.

Os azuis do Restelo vieram transfigurados para o segundo tempo. Porém, começavam aqui as invenções. Ricardo Dias, com uma exibição desinspirada e já amarelado, saiu e deu lugar a João Amorim. André Geraldes, lateral-direito de raiz, foi jogar para o meio-campo, como interior direito. Não deu resultado esta alteração. Uma confusão entre extremos e laterais e uma incursão estranha de Geraldes no meio-campo. No meio de tanta atrapalhação, viveu-se também o melhor período do Belenenses. Até aos 70 minutos o domínio foi quase total. Fábio Sturgeon, desmarcado por Carlos Martins, teve nos pés o 0-1, mas falhou após boa saída Kieszek. O golo dos visitantes parecia próximo, com boas jogadas de apoio frontal e boas combinações entre os homens da frente. Tudo mudou após a substituição de um central, João Afonso – que foi dos melhores hoje -, por um Ponta de Lança, Tiago Caeiro. Aqui o conjunto lisboeta perdeu o controlo do jogo. A bola fugiu e os jogadores começaram a ficar desorientados com tantas trocas posicionais. João Amorim passou a ser Central com Geraldes a voltar à direita. Uma confusão que pôs todos os adeptos de mãos na cabeça. A partir daqui, a história é fácil de contar. Muita bola do Estoril, ataques rápidos e concisos, vários jogadores a surgirem nas costas dos laterais azuis e muitas ocasiões de golo. Tudo isto só podia dar no que Anderson Luís fez aos 80 minutos, ou seja, uma bola no fundo das redes. O Belenenses ainda tentou fazer alguma coisa nos 10 minutos restantes, mas foi ineficaz. Bonatini ainda foi a tempo de marcar o 2-0 numa jogada de contra-ataque após um canto dos homens do Restelo. Duas bolas a zero era o resultado final e um grande amargo de boca por todos aqueles que viram o ponto tão perto.

Um derrota que podia ter sido evitada caso não se tivessem efectuado tantas alterações ao esquema táctico azul. Experiências falhadas numa altura em que se procurava ganhar. O Estoril voltou a ganhar 3 meses depois e o Belenenses somou a primeira derrota com Julio no comando. O próximo encontro é frente ao Rio Ave em Vila do Conde.

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