Em casa dos estudantes, os azuis demonstraram – mais uma vez – que tinham a lição muito mal estudada e chumbaram categoricamente no exame que os podia levar ao Jamor. Uma Académica quase sempre com as ideias mais esclarecidas e com o teste bem preparado, acabou por sair com nota muito positiva deste exame fulcral para os homens de Coimbra. Do lado dos pupilos de Quim Machado, a inconsistência exibicional voltou a repetir-se. Jogadores fora do jogo, esquema táctio mal interiorizado e descoordenação quase total em todos os sectores.
O jogo começou de forma muito atabalhoada. O 4-4-2 implementado por Quim Machado foi visível com Camará e Sturgeon destacados na frente de ataque. Visível também foi a dificuldade em assentar a ideia de jogo trazida pelo novo mister. Um jogo muito incaracterístico que apenas começou a melhorar quando se começou a partir. André Sousa a jogar fora de posição foi uma pedra no sapato na estratégia azul – quando passou para o meio, na 2ª parte, a sua melhoria foi visível – e Sturgeon estava, claramente, em dia não. Camará e Gerso ainda tentaram visar a baliza de Diogo Costa de longe, mas sem grandes efeitos práticos. A Académica começou a subir mais no terreno e, após grande passe de Marinho, Pedro Nuno é derrubado na área por Joel Pereira. Kaká, o homem do meio-campo da Briosa, viria a atirar à barra. Isto à passagem dos 20 minutos. O Belenenses devia ter-se recomposto e ganho algum ânimo depois do penalty falhado por parte do adversário. Nada disso. Foram os da casa que ganharam ímpeto e, aos 36 minutos, após – mais uma – desatenção da defesa azul, Marinho viria a passar facilmente por dois defesas do Belenenses e atirar para uma baliza deserta. O golo foi precedido de fora-de-jogo, contudo. Estava feito o 1-0 com que se iria para a 2ª parte. Até ao fim da 1ª parte, Camará ainda dispôs de uma ocasião soberana para marcar, mas Diogo Costa fez uma excelente defesa.
No segundo tempo, Quim Machado optou por tirar Palhinha – dos melhores elementos azuis – e Luís Silva, que passou despercebido, para fazer entrar Andric e Rosell. O único aspecto positivo desta mudança foi o facto de André Sousa ter passado para a sua posição de origem e ter dado muito mais à equipa em termos de visão de jogo e qualidade na posse de bola. A toda mudou um pouco, com a Académica a conceder mais posse de bola e controlo de jogo ao Belenenses, remetendo-se mais ao seu meio-campo e aproveitando para sair em contra-ataque. Os defesas visitantes demoravam muito tempo a recuperar posição, concedendo espaço aos alas da Briosa para desequilibrar. Assim foi. Após um cruzamento da esquerda, Dinis Almeida desentendeu-se com Joel Pereira e colocou a bola dentro da própria baliza. O erro que afectaria – e de que maneira! – o central azul que, poucos minutos mais tarde, viria a atrasar a bola de uma forma totalmente displicente. Este lance só não deu golo visto Pedro Nuno ter falhado completamente isolado frente ao guardião da equipa da Cruz de Cristo. Até ao fim do encontro o Belenenses nunca se conseguiu superiorizar totalmente e, apesar do domínio consentido, não causou grandes calafrios aos homens da casa. O resultado cifrou-se nos 2-0 e os jogadores capitaneados por Marinho saíram os justos vencedores do desafio.
Os homens do Restelo continuam numa clara inconstância exibicional. Não há um rumo certo, há vários jogadores à deriva e os próximos jogos não se avizinham nada fáceis, visto a equipa orientada por Quim Machado defrontar o Benfica (c), o Braga (F), o Feirense (f) e o Porto (c). Será um verdadeiro teste ao novo timoneiro azul.