“O Reino do Meio” é o último volume da trilogia Lótus, de José Rodrigues dos Santos, editado pela Gradiva e chegou às bancas este mês (Setembro).
Para quem leu os anteriores volumes (As Flores de Lótus (2015) e O Pavilhão Púrpura (2016)) sabe que esta trilogia tem uma enorme componente política, andando em à volta da Europa e da Ásia, temos referências a Marx, Engel, Lenine, Mussolini, Mão Tse Tung, Confúcio, Estaline, Maquiavel e ainda Salazar.
Todos estes nomes têm algo em comum, a influência que tiveram na história política, as ideologias, as revoluções que causaram, etc. Em ambos os volumes encontramos imensos marcos históricos, como a Grande Quebra de Wall Steet, a chegada de Hitler, o comunismo de Estaline entre tantos outros.
José Rodrigues dos Santos faz-nos viajar entre a Europa e a Ásia do século XX com uma destreza já habitual nos seus romances, tão cheios de conteúdo, que nos permite adquirir sempre alguns conhecimentos.
“O Reino do Meio” não deverá ser excepção, aqui a história anda a volta da guerra que rebenta em Espanha, a invasão da China pelo Japão, o atentado contra Salazar e as intrigas palacianas em Tóquio aproximam o coronel Artur Teixeira do cônsul Satake Fukui na mais imprevisível e perigosa das cidades – a Berlim de Adolf Hitler. Lian-hua, a chinesa dos olhos azuis, está prometida a um desconhecido quando vê os japoneses entrarem em Pequim e a sua vida se transforma num inferno. O mesmo espectáculo é observado pela russa Nadezhda Skuratova em Xangai, onde se apaixona por um português que a forçará a uma escolha impossível. Temos a Berlim do blackout, dos boatos e das anedotas, do Hotel Adlon, das suásticas que brilham à noite e das lojas vazias com vitrinas cheias; a Pequim das mei po casamenteiras, dos chi pao de seda, dos cules e dos riquexós; a Tóquio do Hotel Imperial, dos golpes no Kantei, do zen e dos códigos de honra giri e ôn; e a Xangai da Concessão Internacional, dos portugueses do Clube Lusitano, dos néones, do Bund, das taxi-girls russas e dos bordéis.
Mal podemos esperar para ver como termina aquela que é uma das mais ambiciosas e controversas obras da literatura portuguesa contemporânea, que nos deu a conhecer quatro vidas moldadas pelo totalitarismo.