Chega. Chega de meias palavras, palavrinhas, palavrões omitidos e frases cortadas. Chega. Chega de sermos sempre polícias dos bons costumes, de pensarmos pequeno, de sonharmos por baixo ou de nos desconhecermos. Chega. Chega de desculpas, de discursos pré-fabricados, de falsas modéstias ou de ses. Chega. Chega de tudo isso. Não há espaço para lugares comuns e muito menos espaço a expressões de encorajamento saídas de um livro de bolso. É tempo de cairmos na realidade e percebermos o que aí vem. É tempo de assumirmos sem medo o obstáculo e de demonstrarmos vontade de o vencer. É tempo do jogo mais importante da época, e esse dia é a próxima segunda-feira.
4 jogos, 12 pontos em disputa, 1 ponto de vantagem sobre o 7º classificado. Não são precisas contas para se entender que é esta a nossa final. Que deste jogo se ditará muito, para não dizer tudo. Neste embate, frente ao 9º classificado, só nos interessa a vitória. Sobretudo numa jornada tão pesada como será a 31ª. Se não, vejamos: O Paços de Ferreira, actualmente 7º classificado, vindo de uma vitória moralizadora e com um treinador talentoso, receberá o Braga, o 4º classificado; o Nacional, o 8º classificado a apenas 3 pontos do Belenenses e catalizado pelos últimos resultados e pela ascensão meteórica, vai a Alvalade. 3 jogos que definirão a luta pela Liga Europa. Não interessa que faltem 4 jogos, 10 jogos ou 1 jogo, o importante é o agora e a finalíssima com os vila-condenses. A atenção não pode estar noutro local que não no Restelo, porém, o Belenenses pode ganhar em 3 campos. Três campos nos quais pode sair mais do que vitorioso e com muito mais do que uma vitória. Pode sair com uma nova moral, um novo acreditar e um crer cada vez maior. Para que, como tem sido nosso apanágio nos últimos anos, os objectivos primordiais não se desvaneçam nos instantes finais, é preciso cabeça. Cabeça e noção da importância do jogo. Sem isso, voltaremos ao quase e a frustração será a mesma dos anos e anos passados. Será preciso total empenho e concentração para voltar a escrever mais um parágrafo desta linda história.
Não há como fugir: o jogo no Estádio do Restelo frente ao Rio Ave, que será disputado no dia 4 de Maio, é o jogo mais importante, fulcral e determinante da época. Não há cá espaço para “o próximo é que é!”; “se não ganharmos este ganhamos o outro”; “o que interessa é como acaba”. Nada disso. É necessário enfrentar o desafio com todas as armas e deixar tudo em campo. De nos juntarmos todos na nossa casa – o Restelo, subentenda-se – e darmos todo o nosso apoio aos onze guerreiros que entrarem em campo. Relembrar-lhe as antigas conquistas, as glórias passadas e mostrar-lhes que um clube gigante como é o Belenenses tem de fazer da luta pela Europa a sua ambição mínima. Só dessa forma será possível passarmos a ser um, unos, coesos, por sua vez, mais fortes. A força de todas as vozes, palmas, incentivos e calor humano, fará a equipa elevar-se e subir de novo ao sitío do qual nunca devia ter saído: o topo. O topo do momento, da emoção, da felicidade, da classificação. É aí que deveremos chegar. É aí onde devemos estar. Apenas remando todos para o mesmo lado e com a mesma persistência e confiança é que encontraremos bom porto.
Posto isto, não faltem. Digam presente quando a comparência é necessária, dêem a cara quando o momento é delicado e apoiem se querem recolher os frutos. Não levantem a mão só nos jogos “grandes”, levantem a voz quando sabem que são precisos. É necessário mostrar a grandiosidade do Belenenses e transparecer para os jogadores a relevância do confronto da vida deles, que terá, obrigatoriamente, de ser o de Segunda-feira.
Vamos a eles, clube do sonho!