A 1.ª edição da Drawing Room Lisboa, projeto curatorial focado no desenho contemporâneo, decorre na Sociedade Nacional de Belas Artes, de 10 a 14 de outubro. O CA Notícias esteve à conversa com Mónica Álvarez Careaga, diretora da feira, sobre o significado e a importância da Drawing Room Lisboa.
50 artistas e galerias de 7 países na 1.ª Edição da Drawing Room Lisboa – CA Notícias
A 1.ª edição da Drawing Room Lisboa reúne galerias de Portugal, Espanha, Grécia, França, Alemanha, Brasil e Colômbia. A 1.ª edição da Drawing Room Lisboa reúne 50 artistas, 19 galerias de 7 países e artistas como Ana Jotta, Joao Felino, José Loureiro, Luisa Cunha, Manuel San Payo, Maria José Cavaco, Martinho Costa, Miguel Palma, Nuno Henrique, Pedro A.H.
Mónica Álvarez Careaga é comissária de arte contemporânea e produtora cultural. Historiadora de arte pela Universidade de Oviedo e museóloga pela École du Louvre (Paris). Já comissariou diversas mostras de artistas e colectivas em Espanha, Portugal, Alemanha, Polónia, Bélgica, Estados Unidos, China e Japão.
O seu percurso profissional incluiu ainda funções de direcção na organização de festivais e feiras. Foi directora do Festival Miradas de Mujeres em 2014 e consultora artística da Arte Lisboa de 2017 a 2011. É responsável pelo comissariado de projectos na Arco Madrid, Swab Barcelona, Art Beijing, Set Up Bologna e MIA Photo Fair Milano.
Mónica Álvarez CareagaCA Notícias: Pode falar-nos um pouco do conceito da Drawing Room?
Mónica Álvarez Careaga: Drawing Room Lisboa é uma feira especializada nas práticas contemporâneas ligadas ao desenho. É um conceito muito inclusivo, porque os artistas atuais estão a desenhar muito, tanto na fase de conceber projetos que logo resultam em instalações, performances, vídeos, etc, como criando obras finais com uma austeridade de media muito bela. A feira tem um conceito curatorial, com um Comité Consultivo de especialistas internacionais e uma direção artística muito firme devido à curadora Maria do Mar Fazenda. Todos eles trabalharam para que os stands apresentados pelas galerias participantes estejam de acordo com as nossas abordagens.
CA: Qual a importância de trazer este evento para Portugal?
Mónica Álvarez Careaga: A Drawing Room Lisboa é a “feira irmã” da Drawimg Room Madrid, cuja última edição recebeu 12 mil visitantes. A edição portuguesa vai estar integrada num circuito europeu de feiras dedicadas ao desenho contemporâneo, em conjunto com a Drawing Now (Paris), Art on Paper (Bruxelas), Wopart (Lugano-Suiça) ou Paper Positions (Berlim) e irá marcar um ponto alto no calendário das artes visuais em Lisboa. Estou particularmente feliz de poder iniciar um projeto novo em Lisboa, uma cidade que tem um tecido cultural tão rico e diversificado.
CA: De que forma a Drawing Room contribui para a promoção da arte e dos artistas portugueses?
Mónica Álvarez Careaga: Através da rede de feiras que mencionei anteriormente estão a surgir várias oportunidades para as galerias e artistas, não só no aspeto comercial, com a angariação de novos compradores jovens que se atrevem com os preços mais moderados do desenho. Trata-se de uma “liga” própria, que inclui também responsáveis de Museus, desde a Galeria Albertina de Viena ao Museu do Desenho de Madrid, por exemplo, que estarão presentes num colóquio organizado em colaboração com o Museu Nacional de Arte Contemporânea, a comissários e colecionadores interessados especialmente no desenho e na obra sobre papel. Algumas das galerias mais jovens que participaram nas três edições da Drawing Room Madrid foram posteriormente aceites em convenções internacionais prestigiadas e, no que se refere aos artistas, surgiram convites no “Saison du Dessin” em Marselha, no “Biennale Disegno” em Rimini, no “The Drawing Center” em Nova York…
CA: O evento contará com uma grande participação de artistas portugueses. Foi uma preocupação da organização dar visibilidade ao que se faz em Portugal?
Mónica Álvarez Careaga: Desde o início pensamos que o projeto só tinha sentido se fosse bem recebido pelos artistas e galeristas portugueses. Estes últimos estão a desenvolver uma grande obra baseada num discurso de desenho. O objetivo da Drawing Room Lisboa é contribuir para a valorização desta produção e canalizá-la para o mercado. Mais de metade das galerias da feira são portuguesas e algumas das galerias de outros países apresentam artistas portugueses com quem trabalham. Estamos muito satisfeitos.
CA: A Mónica tem uma vasta experiência na área da Arte em vários países. Considera que a arte contemporânea portuguesa se posiciona ao nível do que se faz internacionalmente?
Mónica Álvarez Careaga: Mantenho relações profissionais com Portugal há muito tempo – colaborei com a Arte Lisboa – e penso que a qualidade do trabalho dos artistas é extraordinária e a sua presença em contextos internacionais multiplica muitas vezes o que seria de esperar da dimensão do país.
CA: Quer deixar alguma mensagem aos visitantes da Drawing Room Lisboa e ao público em geral?
A visita à Drawing Room Lisboa deixará os colecionadores de arte satisfeitos, porque vão encontrar obras muito particulares dos artistas que seguem, e será uma descoberta para o público em geral. A feira fomenta uma aproximação íntima à obra de arte, uma autêntica apropriação dos seus valores: subjetividade, memória, habilidade, autenticidade. Pensemos que o desenho não pode ser delegado, é feito diretamente pelo artista que assina o trabalho.