O arranque dos campeonatos profissionais da época 2014/15 poderá estar comprometido, devido ao risco de falência técnica em que vive a Liga de Clubes. A pouco mais de um mês da 1.ª jornada do escalão principal, marcada para 17 de agosto, a Liga tem apenas cerca de 20% do orçamento de 10 milhões de euros garantidos e a solução poderá estar na promulgação da lei que legaliza as apostas online.
A situação é simples e quase dramática: neste momento, a Liga não tem qualquer patrocinador oficial para a época 2014/15 e por isso não tem qualquer receita garantida por essa via. Certos são apenas os cerca de 700 mil euros devidos à inscrição dos clubes para as suas competições e cerca de 1 milhão de euros de multas previstas. Num orçamento de 10 milhões de euros, menos de 20% estão certos.
O cenário agrava-se com as dívidas a fornecedores ou aos árbitros, por exemplo, a quem a Liga tem vários meses de pagamentos em atraso. Ontem mesmo, a Liga foi informada que a Guérin, empresa do Grupo Salvador Caetano, vai avançar com uma queixa para tribunal devido à falta de pagamento de uma verba de 300 mil euros referentes ao aluguer de automóveis de serviço para o organismo que tutela o futebol profissional e especialmente para serviço dos árbitros.
Apostas salvadoras. Num cenário que deixa a maior parte dos intervenientes – clubes e FPF – preocupados, o presidente da Liga parece manter o otimismo. Mário Figueiredo terá em carteira propostas de nada menos que cinco empresas ligadas às apostas online para virem a patrocinar os campeonatos profissionais. Mas para isso precisa que a legislação seja aprovada (o que deverá acontecer no próximo dia 25), promulgada pela Presidência da República e publicada em “Diário da República”. E aqui reside o problema, já que o processo burocrático não permitirá que qualquer contrato possa ser assinado antes de finais de agosto, princípios de setembro.
Até lá, a solução poderá passar por um apelo aos clubes para que sejam eles a suportar a grande fatia dos custos imediatos com a arbitragem. E esta época, com os alargamentos das duas ligas e o aumento de jogos, os custos com a arbitragem também se multiplicam. Na 1.ª Liga, por exemplo, irá passar-se de 240 jogos para 306 jogos e na segunda, de 462 para 552, um aumento total de 156 jogos nos dois escalões.
Federação à espera
A FPF tem mantido uma política discreta nos bastidores da crise, permitindo, por exemplo, que estejam por liquidar as dívidas da Liga de Clubes relativas ao funcionamento dos Conselhos de Arbitragem e de Disciplina, que rondam os 150 mil euros anuais, apesar de, entretanto, a própria Liga ter recebido cerca de um milhão de euros dos clubes, através de multas.
Líder fala em “tranquilidade”
Mário Figueiredo mantém grande tranquilidade em relação ao início das competições organizadas pela Liga. “No final de julho, teremos os primeiros jogos da Taça da Liga, houve o sorteio das competições este fim de semana e, portanto, tudo corre com a tranquilidade que é normal. Nos dias em que os jogos começarem, todos os clubes se apresentarão com os plantéis feitos”, assegurou ontem o líder do organismo, desvalorizando mesmo os procedimentos de impugnação ao ato eleitoral que o reconduziu no cargo: “O clima está bom, chegou o verão, está sol, o resto é conversa pequena!”