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“Leaving Neverland” | Crítica

“Leaving Neverland” | Crítica

“Leaving Neverland” apresenta as histórias de dois adultos James Safechuck e Wade Robson que afirmam ter sido sexualmente abusados por Michael Jackson quando eram menores. O documentário estreia no catalágo da HBO Portugal nesta sexta-feira.

O documentário dividido em duas partes, “Leaving Neverland”, explora as experiências separadas, mas em paralelo, de duas crianças, James “Jimmy” Safechuck, de dez anos, e Wade Robson, de sete anos, ambos amigos de Michael Jackson e que alegam ter sido abusadas pelo músico.

Com a extensão de quatro horas, divididas em duas partes, “Leaving Neverland” é uma obra inquietante que nos leva pela vida dos dois indivíduos, agora adultos, e as consequências que as acções de Michael Jackson, relatadas por eles, tiveram nas suas vidas e nas dos seus familiares. As acusações e o espectro da pedofilia já rodeiam a figura do músico desde 1993 quando foi acusado por Jordan Chandler (na altura com 13 anos) e pelo seu pai. Desde então várias alegações foram surgindo, mesmo após a morte de Michael em 2009.

É o caso das alegações de Wade e James, apresentadas em 2013 numa acção civil interposta por ambos. Essa acção seria recusada por um juíz em 2017, por ter sido requerida muito depois dos supostos actos terem acontecido, apesar de não ter considerado que as acusações não teriam credibilidade. “Leaving Neverland” é assim uma forma de expor as histórias de James e Wade ao grande público e deixar que cada espectador tire as suas ilações, e para que possa servir para prevenir que situações semelhantes se repitam e que outras vítimas tenham a liberdade para falar do que lhes aconteceu.

“Leaving Neverland” é, como se pode perceber, muito controverso. As músicas de Michael Jackson acompanharam a vida de muitos e foi idolatrado por milhões, sendo difícil por vezes separar a obra do artista. E a obra baseia-se nos relatos de James, Wade e os seus familiares, acompanhados por algumas provas que confirmam a ligação próxima do músico com as famílias e as crianças, mas sem provas físicas que confirmem as alegações.

Muitos fãs do músico têm apresentado isso como um argumento de rebate em relação à veracidade das alegações, mas é complicado ver “Leaving Neverland” e não se deixar afectar pelos depoimentos de Wade e James. O documentário apresenta as suas vidas de um ponto de vista bastante íntimo, não precisando de grandes planos ou transições dramáticas para aumentar a tensão dos relatos. Todos os entrevistados são filmados em separado, tendo tempo e espaço para a sua história e visão dos acontecimentos, seguindo uma narrativa cronológica desde o momento em que Michael entrou nas suas vidas até à actualidade. Ouvindo a descrição dos acontecimentos em pormenor com uma proximidade gritante ao espectador por parte dos intervenientes é o grande trunfo do documentário, deixando que o espectador tome a decisão de acreditar no que está a ser contado ou não.

“Leaving Neverland” não é fácil de ver, o que acaba por atestar a qualidade do trabalho do realizador Dan Reed. A elaboração da narrativa começando com os motivos que levaram James e Wade ao contacto com Michael Jackson e terminando com as consequências que ainda sofrem na sua vida actual é impactante e é difícil ficar indiferente aos depoimentos de Wade, James e as suas famílias. Poderá ser argumentado que o documentário acaba por pecar por não dar voz ao contraponto, mas não era esse o seu objectivo. A intenção de “Leaving Neverland passava por dar voz à verdade de Wade e James e que essa voz fosse bem ouvida. Objectivo cumprido.

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