in

Laterais de eleição reclamam oportunidade na Seleção.

Laterais de eleição reclamam oportunidade na Seleção.

Ano após ano, as carências posicionais da seleção portuguesa são faladas, debatidas e esmiuçadas até ao mais pequeno pormenor. Falam-se de carências de pontas de lança, defesas centrais, médios criativos, laterais, tudo e mais alguma coisa. No entanto, para a comunicação social e para os “pseudo-entendidos” em futebol do panorama nacional, as opções limitam-se ao estrangeiro, aos plantéis dos 3 de sempre, ou à nova coqueluche do Jorge Mendes, o Braga. Tudo o que for português, transbordar qualidade e jogar fora desta realidade, tem a sua sina traçada. O Belenenses, um dos três clubes com mais portugueses da Liga, é um exemplo ilustrativo disso mesmo. Dessa injustiça que desde há uns anos para cá, vêm assolando o futebol em Portugal. Uma vergonha. 

Com um plantel jovem, misturado com ex-internacionais experientes, o clube da cruz de cristo torna-se assim, muito provavelmente, o mais ostracizado. Ainda para mais tendo em conta a época soberba que tem vindo a fazer. Contudo, este texto focar-se-á numa posição específica e que há muito tempo tem vindo a ser uma área carenciada de todas as convocatórias, falo pois da posição de: lateral. Ou defesa-lateral se preferirem. Neste caso concreto, a equipa das quinas já não está bem servida há uns tempos largos, tendo apenas um titular indiscutível e várias tentativas falhadas a tentar segurar o lugar. Exceptuando a jovem promessa, Raphael Guerreiro, claro. É em Belém, mais precisamente no Estádio do Restelo, que moram 3 laterais de excelência que poderiam – e deveriam, sem qualquer dúvida – , ser opções válidas para o nosso selecionador, bem como mais mencionados e destacados na comunicação social. Falamos pois de: Palmeira, Nélson e Filipe Ferreira.

O trio de defesas do Belenenses, tem provado jogo após jogo, dia após dia, que merece ser opção. Na Liga, não há portugueses melhores nessas posições. Fora dela, talvez um ou dois. Posto isto, é necessário que se abram os horizontes, que se alarguem as perspectivas e que se deixe de apostar sempre nos mesmos, só por terem o empresário que têm ou serem do clube que são. O que conta no futebol é a qualidade, não a notoriedade. Os três, cada um à sua maneira, têm demonstrado ser peças fulcrais na equipa azul, sendo inúmeras vezes os preferidos da bancada ou mesmo os melhores em campo. Tudo isto para cair em saco roto. Um sonho merecido estragado por pressões extra-futebol, extra tudo o que interessa, que é a bola a rolar em campo. Aí, nesse aspecto específico do jogo, os de Belém são os que, actualmente, melhor se encontram para servir o nosso país nessas duas posições específicas de lateral-direito e lateral-esquerdo. Quem vir os seus jogos percebe automaticamente porquê.

Comecemos por Nélson. O internacional português de 31 anos, voltou ao nosso futebol 7 épocas depois e demonstrou desde logo não estar em Portugal para passar férias e muito menos no Belenenses para ter um tranquilo fim de carreira. Nélson tem mostrado todas as qualidades que sempre lhe foram reconhecidas, acrescendo a isso uma entrega e espírtio de equipa maiores do que nunca, fruto do bom ambiente e da boa relação que existe entre o plantel e com o clube em si. Extremo de raiz, tem jogado a maior parte da sua carreira a defesa-direito, onde diz ser lá que se sente mais à vontade. No Restelo, Nélson tem jogado em todo o lado, desde extremo-direito, a defesa-esquerdo, onde passa a maior parte do tempo. O certo é que tem cumprido, mais do que isso, tem-se feito notar pela positiva. Apesar dos 4 jogos feitos pela seleção, o lateral ambiciona mais. Deseja voltar a envergar tão prestigiada camisola e o tão bonito símbolo. O segundo mais bonito, a seguir ao que enverga todas as semanas. Melhores que ele fora do Belenenses? Poucos. Vem reclamando assim, uma oportunidade. A sua polivalência devia ser tida em conta, sobretudo para um selecionador que deitou a sua estreia a perder por culpa dos laterais. Nélson seria uma mais-valia, sem dúvida uma pena.

Seguimos para Filipe Ferreira.  O jovem de 24 anos, outrora médio esquerdo, já cimentou o seu lugar na equipa desde a excelente – sublinhe-se, excelente – temporada que efectou o ano passado. Quando poucas pessoas acreditavam no seu valor, Filipe provou o contrário. Revelou ser um dos melhores defesas-esquerdos do campeonato. Nem isso lhe valeu sequer um minuto de atenção de Paulo Bento. Esta época, mais maduro e com outro estatuto, viu uma lesão estragar-lhe um inicio fulgurante de temporada que estava a efectuar. Mais confiante, decidido e moralizado que nunca, Filipe Ferreira não desistiu e voltou de lesão com a mesma qualidade com que saiu. Merece, já há muito tempo, uma oportunidade de mostrar o seu valor na equipa das quinas. Merecia mais do que Tiago Gomes a última chamada. Ou mereceria se estivesse em condições físicas. Com Coentrão ainda a voltar de lesão, seria a oportunidade perfeita para, agora Fernando Santos, apostar no jovem Belenense. Era merecido e só isso faria sentido. Duas épocas a bom nível não coincidência, são sinónimo de qualidade.

Por fim, a grande surpresa da época, Mário Palmeira. O transmontano de 25 anos, que fez quase toda a sua carreira a central, chegou ao Restelo para se afirmar onde o tem feito; a lateral-direito. Palmeira é, sem dúvida nenhuma, a maior surpresa desta época. O seu nível exibicional roça a excelência em cada jogo que faz e a sua qualidade parece aumentar a cada dia. Desde que fez a sua estreia no Belenenses, o lateral-direito, nunca teve um mau jogo, teve jogos “menos bons”, por assim dizer. O que diz muito da sua influência, preponderância e qualidade. A equipa não funciona da mesma forma sem o próprio. Palmeira é, talvez, o mais injustiçado desta lista. Não que os outros não o merecessem de igual forma, apenas porque a forma de Palmeira tem sido estupenda, não havendo, neste momento, defesa-direito a jogar a melhor nível que o ex-Tondela. Não há. Por mais exercícios mentais que se façam, listas, quadros, pontuações, tudo e mais alguma coisa, o certo é que Mário Palmeira merece, de caras, uma hipótese de se estrear na seleção portuguesa. Se, no decorrer da época, Fernando Santos não apostar nele, é um sinal puro de que as equipas menos faladas e “endeusadas” pela comunicação social, são apenas lixo aos olhos das mais altas patentes da Federação. Nada que não fosse expectável, todavia, é tremendamente injusto para quem faz o que Palmeira tem feito, ou seja, uma temporada incrível. Candidato a revelação do ano da Liga Portuguesa. Isto se houvesse justiça.

Foi desta forma que se elaborou uma análise com teor de injustiça – não de recalcamento, apenas injustiça – aos fantásticos laterais do Clube de Futebol “Os” Belenenses, que tanto merecia voltar a ter jogadores na seleção do seu país, algo que outrora, era estranho não acontecer. Que se deixe de olhar sempre para os mesmos, quando na realidade, “fora da caixa” estão mais e melhores jogadores. Mais com um sonho. O sonho de representar o seu país. Bem merecem, especialmente este trio do Restelo, que desempenha com excelência a posição onde Portugal tem mais carências; na lateral.

Aos três, resta só desejar que mantenham o nível, que o talento e as boas exibições, essa, já ninguém lhes tira.

Laterais de eleição reclamam oportunidade na Seleção.Google Notícias

Siga o CA Notícias na Google e leia as notícias em primeira mão!
Futebol Feminino: Castrense 1-5 Belenenses

Futebol Feminino: Castrense 1-5 Belenenses

Futsal Juvenis: Derrota expressiva na 1.ª mão pode dificultar continuidade

Futsal Juvenis: Derrota expressiva na 1.ª mão pode dificultar continuidade