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Glockenwise: “O Bons Sons já é um espaço de afirmação no panorama nacional”

Glockenwise: “O Bons Sons já é um espaço de afirmação no panorama nacional”

Os Glockenwise foram uma das bandas que actuaram no início da edição deste ano do festival Bons Sons. Conversámos com a banda de Barcelos composta por Nuno Rodrigues (vocalista, guitarrista e responsável pelo projecto Duquesa), Rafael Ferreira (guitarrista e que também tem um projecto a solo: Ra-Fa-El) e Rui Fiusa (baixista).

CA (CA Notícias) – Qual a vossa opinião sobre o Bons Sons?

NR (Nuno Rodrigues) – É a primeira vez que actuamos no Bons Sons como banda, mas nós temos a opinião geral que todos têm sobre o festival. Pessoas da aldeia são muito amigáveis, fomos muito bem recebidos. E existe a particularidade do público aqui ser bastante heterogéneo. Existe tanto um ambiente familiar como outro tipo de ambiente mais jovem e divertido, pessoas de todas as idades e de todos os extractos sociais. Sabemos como isto é importante para a economia local e para a própria associação. Portanto aceitámos logo o convite para o festival.

CA – O que significa para vocês, sendo uma banda portuguesa, a existência e o sucesso de um festival que aposta apenas no que é feito por cá?

RF (Rafael Ferreira) – O festival cresceu por ser um festival de música portuguesa, e neste momento o Bons Sons já é um espaço de afirmação no panorama nacional para as bandas. É importante para a afirmação dos projectos actuar no Bons Sons. Todas as bandas gostam ou gostariam de estar presente neste festival.

NR – Ao mesmo tempo que faz rescaldo do melhor que tem sido feito na música pop portuguesa, também cria oportunidades para artistas com menor visibilidade ou que têm maior dificuldade em furar no panorama. Portanto aqui podes ter no mesmo palco bandas com grandes editoras atrás como artistas que editam as suas músicas por si. É tudo homogéneo. E assim os artistas sentem-se respeitados e bem recebidos.

CA – Em Janeiro estiveram presentes no Eurosonic em Groningen, podem contar-nos um pouco dessa experiência? Num ano em que Portugal era o país em destaque.

NR – Eu relativizo esses festivais. O Eurosonic é de facto um festival grande e reconhecido, mas há muitos festivais desse género. Nos já tínhamos tocado num festival bem mais pequeno em Espanha e aí conseguimos que nos acontecessem coisas bem mais interessantes à nossa volta do que no Eurosonic. Porque no Eurosonic é muito mais difícil furar a rede. Está povoada por artistas e editoras muito grandes. Nós tocámos numa sala muito grande e cheia. Mas não apareceu nada em concreto interessante para nós.

RF – É necessário haver uma boa preparação antes da ida a um festival tão grande como o Eurosonic. O concerto é importante obviamente, mas o trabalho prévio a estabelecer a rede é muito importante mesmo. As bandas que conseguiram bons negócios foram aquelas que deram bons concertos mas que se preparam muito bem antes. Todos lá querem vender.

CA – Heat ja saiu há praticamente dois anos, o que poderemos esperar do futuro dos Glockenwise?

NR – Já temos algo em calha. Sem adiantar muitos pormenores, vamos entrar em processo de gravação. Estamos mesmo a dar os retoques finais e em breve daremos novidades.

CA – Os projectos a solo têm contribuído para uma maturidade sonora da banda?

RF – Acho que é sempre positivo em todas as carreiras. Em especial na música que sai sempre a ganhar com essas situações de aprendizagem. No nosso caso apesar de serem projectos a solo, continuamos a trabalhar com as mesmas pessoas.

NR – No caso de Duquesa, o Rafa está sempre presente no estúdio e faz parte da banda ao vivo. É muito bom para dar asas a projectos que queremos fazer sozinhos sem ter de preocupar com os ensaios com a banda. Por outro lado, fazer um projecto a solo acaba sempre por ser mais difícil. A introdução de outros elementos dá-me novas perspectivas de como fazer as coisas.

RF – O confronto de agendas no nosso caso não acontece, e portanto nunca tivemos grandes problemas com essas situações. Por exemplo, após o lançamento do ‘Heat’, promovemos o álbum durante dois anos, e depois quando as coisas ficaram mais calmas foi quando nos dedicámos aos nossos projectos a solo.

CA – Foram actuar a Londres há pouco tempo. Qual a reacção do público fora de Portugal?

NR – É difícil comparar. Neste momento as culturas são tão homogéneas que é difícil encontrar essas diferenças entre grandes cidades. Em Londres correu muito bem o concerto. Quando não nos conhecem temos de conquistar o público com a nossa música, a energia do concerto e a dinâmica da banda.

RF – Acho que o entusiasmo dos concertos depende muito daquilo que se fala de antemão do concerto. Se toda a gente estiver ali para receber aquela banda, o concerto dificilmente correrá mal se fizeres tudo bem.

NR – Uma banda que tenha muito hype, muita imprensa, as pessoas ficam ansiosas para esse concerto, e o concerto acaba por ficar melhor do que se apanhares uma banda que não a conheces e não ouviste falar dela. Voltando a falar do nosso concerto no Eurosonic, o concerto correu bem, as pessoas gostaram, mas já deviam estar cansadas. Porque o Eurosonic é um festival de showcase, e na altura em que tocámos o público já tinha ouvido muita música, e portanto as pessoas não estavam ansiosas por nos ver tocar, mas sim analíticas.

NR – Na minha opinião, as bandas vão deixar de fazer tours. Nós fizemos duas tours europeias que correram bem, mas eu acho que nunca mais gostaria de fazer uma tour em que fosse totalmente desconhecido aquilo que estou a fazer. Se não houver um panorama daquilo que fazes, acaba por ser muito mais ingrato andar na estrada do que estar na estrada a viver uma onda de hype.

RF – Às vezes os artistas sentem que é indiferente estar ali a actuar porque o pessoal quando não tem conhecimento daquilo que está a ver ou ouvir, o concerto acaba por desaparecer da memória colectiva.

NR – Mas por vezes acontece o contrário. E quando assim é acaba por compensar.

CA – Que álbuns ou bandas têm ouvido ultimamente ou que vos possam ter inspirado para os novos registos a serem lançados?

RF –
Nunca oiço coisas do ano em que estamos sinceramente. Ultimamente tenho visto muitos documentários sobre o mundo da música, como por exemplo o do Jim Jarmusch sobre os Stooges (‘Gimme Danger’). Ouvir música, depende. Se for no carro, oiço o que tenho por lá, provavelmente Neil Young ou outros. Tenho de ir espreitar o meu Spotify para conseguir dar uma resposta mais concreta (risos).

NR – Eu ando a ouvir muita coisa britânica que passei à frente que não tinha prestado tanta atenção, e projectos dos anos 90. Este ano tenho ouvido muito The Modern Lovers, Jesus & Mary Chain, Roxy Music, entre outros.

RF (depois de espreitar o histórico no Spotify) – Na última semana ouvi muito Stone Roses, Fleetwood Mac, Andy Schauf (que actuou no Vodafone Paredes de Coura ontem), não ouvi muita coisa obscura sinceramente. Ah ouvi um disco dos Super Dragões (‘Porto Campeão’) em que tive a dissecar as letras das músicas com um amigo meu (risos).

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