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Crítica: “Dunkirk”

Crítica: “Dunkirk”

Dunkirk traz Christopher Nolan para um lado mais humano e o resultado é um estrondoso e atípico filme de guerra.

Este tão famoso nome tem sido associado a grandes blockbusters nos últimos 15 anos, passando pela sucedida trilogia do Batman, até aos filmes cerebrais com narrativas não-lineares, uma característica típica de Nolan, como Inception (2010) e mais recentemente Interstellar (2014).

Talvez muitos já estejam familiarizados, mas é possível que grande parte das audiências de hoje em dia não conheçam a história de Dunkirk e a Operação Dínamo, o foco principal do filme.

Em maio de 1940, os soldados aliados, maioritariamente ingleses e franceses, ficaram encurralados em Dunquerque, norte de França, pelos alemães no início da Segunda Guerra Mundial. Winston Churchill pôs então em prática a Operação Dínamo que tinha como objectivo inicial evacuar 45.000 homens da Força Expedicionária Britânica. No período de uma semana, cerca de 338.000 homens de várias nações conseguiram voltar a casa graças aos civis que embarcaram nos seus barcos para resgatar os soldados.

Para quem acha que vai assistir a mais um filme de guerra, Dunkirk tem uma abordagem diferente. É uma história de sobrevivência que se foca mais no evento em si do que nas personagens. Não existem as típicas imagens sangrentas ou o diálogo ocasional onde as personagens se dão a conhecer. Estas muito pouco falam, comunicando mais entre acções do que propriamente palavras. Não ficamos a saber qual é a história da vida de alguém, quem foi ou quem será no futuro.

Nolan fez questão que víssemos o filme no presente, como se estivéssemos ao lado de cada personagem, e para isso acontecer oferece três perspectivas diferentes: a terra (The Mole, One Week), o mar (The Sea, One Day) e o ar (The Air, One Hour). Em terra temos o Comandante Bolton (Kenneth Branagh) a controlar os navios que se destinam exclusivamente à evacuação. No meio de milhares de soldados, em destaque observamos Tommy (Fionn Whitehead), Gibson (Aneurin Barnard) e mais tarde, Alex (Harry Styles). No ar estão Farrier (Tom Hardy) e Collins (Jack Lowden), dois pilotos que entram em confronto com alguns aviões inimigos. E por fim, no mar temos Mr. Dawson (Mark Rylance) no seu barco, um dos civis em missão de resgate, acompanhado pelo filho Peter (Tom Glynn-Carney) e o seu amigo George (Barry Keoghan).

O realizador britânico dedica-se em transmitir a sensação do que é estar dentro de uma guerra. O desespero pela sobrevivência, os bombardeamentos, os tiros ensurdecedores, o sufoco de estar submerso. Estas são todas sensações que sentimos com as personagens através do realismo que Nolan tanto faz questão de adicionar aos seus filmes. E esse realismo é também acompanhado pela fotografia belíssima, por Hoyte Van Hoytema, que pede para ser vista em IMAX.

Desde a primeira nota, tocada por Hans Zimmer, que sentimos a sua intensidade e somos subitamente lançados para uma guerra aterrorizadora, que apesar de estar no passado, naquela 1h e 46 minutos se sente tão presente.

Dunkirk faz com nos transformemos nuns fantasmas flutuantes a viajar no tempo e juntos assistimos a um evento histórico que influenciou o percurso da Segunda Guerra Mundial ao encorajar os ingleses a levantarem-se e ripostarem. Christopher Nolan conseguiu inovar a narrativa de um género que já tem dezenas de versões diferentes no cinema.
Acima de tudo, apesar de ser uma história de derrota, Dunkirk é um filme inspirador que prova como uma pátria unida conseguiu alcançar um feito incrível.

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