Dragon Ball Z: Kakarot leva a história que todos conhecemos do Dragon Ball Z ao mundo dos videojogos e dá-nos a oportunidade de vivermos novamente a série mais conhecida do anime. O jogo saiu a semana passada e já podem ler a nossa análise.
Ora bem, quem viveu na era do Dragon Ball Z em Portugal, sabe bem a febre incrível que a série despertou por cá e é exactamente na história de Dragon Ball Z que Kakarot se baseia. Logo no início do jogo, Radish chega à terra em busca do seu irmão e é quando descobrimos uma das maiores reviravoltas da história do Dragon Ball inicial: Son Goku não pertence à Terra, mas à raça Saiyajin. Ouvimos, no meio da língua japonesa, a pronúncia de um nome, “Kakarot”, a verdadeira identidade de quem, até então, era conhecido apenas como Son Goku.
É a partir deste ponto que as batalhas de Dragon Ball se expandem muito além das fronteiras da terra, para abranger mundos alienígenas e até divinos. Para recontar a história, a CyberConnect2 e a Bandai Namco optaram por um RPG de ação. O estúdio CyberConnect2 quis homenagear o Dragon Ball Z com o objetivo de criar a maior transposição para um videojogo, do trabalho de Toriyama, escritor da história.
Dragon Ball Z: Kakarot é um jogo feito para os fãs, bastante vasto, mas com algumas lacunas nas mecânicas de RPG.
Desde a chegada de Radish até a derrota de Bu, Kakarot refaz com absoluta fidelidade todas as sagas de Dragon Ball Z, tirando as side missions que dão mais conteúdo ao jogo. Estamos a falar de cerca de 35 horas de jogo, apenas para a história principal. Mas se quiseres explorar o universo todo, então tens mais outras tantas pelas frente.
De qualquer forma, deve-se admitir que o CyberConnect2 estudou o guião de Toriyama com muita atenção: se excluirmos algumas pequenas imprecisões, que apenas os fãs mais ávidos perceberão, em geral, a semelhança narrativa de Kakarot com o trabalho original é incrível, a ponto de repetir até as mesmas linhas e as mesmas cenas do anime.
Entre situações bastante lentas e outras mais apressadas, em que há espaços temporais apenas com texto, que facilmente se encaixavam como side missions, ou com vídeos que contam o que se passou em fast forward, por exemplo, do ponto de vista da escrita, Kakarot representa, uma das melhores adaptações de videojogo tiradas de um anime, também graças a uma renderização visual que, durante as cinemáticas mais importantes, atinge níveis muito altos de fidelidade.
O grande problema neste jogo é, sem dúvida, as missões secundárias, que nada acrescentam ao jogo e, algumas, por intermédio das cenas do DBZ, que acabam por não ter sentido nenhum, como ir buscar receitas para a mãe de Son Gohan, por exemplo.
De facto, entre umas histórias e outras, Kakarot permite-nos respirar nos chamados intervalos, ou seja, momentos de relativa calma, nos quais – por um determinado período de tempo – temos a capacidade de passear pelo mundo do jogo com mais calma.
Porém, algumas destas partes calmas acontecem em momentos de alta pressão na história e fazer uma side mission quando algo de muito mau está a acontecer, acaba por cortar por completo o drama.
Como qualquer bom jogo do género, vamos encontrar alguns mini jogos, como pescar ou conduzir, mas acabam por ser demasiado simples e sem grande mérito.
O Kakarot possui uma componente gráfica flutuante. Os personagens são feitos com bastante detalhe, simulando adequadamente a característica dos mesmos. Algumas cenas são de facto visualmente extraordinárias, com animações e efeitos capazes de criar situações iguais às da série animada. Tudo isto com a banda sonora original, que faz reviver a memória nostálgica de muita gente.
Já os cenários deviam ter bem mais detalhes, dado que, muitas vezes, as montanhas partem-se durante o jogo. As texturas e o cenário em volta merecia um melhor trabalho.
O mapa de Kakarot está dividido por secções. É um mapa semiaberto, mas bastante grande. Voar e correr pelo mapa é divertido e realmente há muito para explorar. Poder fazer isto no universo de Dragon Ball é um sonho para qualquer fã, até porque a maneira como a equipa recriou os cenários mais famosos da série é quase perfeita, estando tudo perfeitamente posicionado como no mangá e no anime.
Por detrás do jogo está uma verdadeira enciclopédia do Dragon Ball, que funciona como colecionável. Esses itens coleccionáveis irão preencher as páginas da Encyclopaedia Z, que – como o nome sugere – é um resumo de todos os acontecimentos mais importantes de Dragon Ball e cheias de informações e curiosidades. Espalhados pelos locais, também encontramos as inevitáveis Dragon Balls: uma vez coletadas, podemos convocar Shenron e pedir, por exemplo, que ele traga de volta os oponentes derrotados anteriormente para desafiá-los pela segunda vez, entre outras coisas.
Uma das curiosidades do jogo é que quando vagueias pelo mapa, podes ativar uma visão sensorial que destaca os elementos interativos do ambiente, cuidadosamente divididos por cores, de acordo com o tipo: comida, bolas do dragão, etc.
Há áreas que estão cheias de animais para serem caçados, outras com patrulhas inimigas que povoam os céus e as torres da fita vermelha para serem demolidas com descargas de energia. O problema é que todas essas dinâmicas são repetidas constantemente durante o gameplay.
À medida que progredimos nos capítulos da missão principal, Kakarot pede-nos para vestir alternadamente o papel de diferentes guerreiros, dependendo das necessidades da trama: de Gohan Coraçãozinho de Satã, Vegeta, Son Goku, etc. Cada um deles trará um estilo de luta caracterizado por pequenas variações em termos de movimento e habilidades, tal como na série.
O sistema de combate responde bastante bem, fez-me relembrar um pouco o Dragon Ball Z Legends, para a “falecida” Sega Saturn, com os especiais, as transformações, etc, em que tudo segue a narrativa de Dragon Ball Z, com a velocidade incrível de um belo Dragon Ball, mas sem passar um episódio inteiro à espera do primeiro murro. O jogo até se mostra bastante desafiador e quem está à procura de um jogo básico e fácil, talvez este não seja o jogo certo. Tens de ter constantemente cuidado com a energia, tanto de vida como de poder.
A câmara, às vezes, faz movimentos estranhos, ficando presa no chão e bugando algumas vezes. Este é um dos aspectos que deveria ser corrigido, pois quando o joguei, aconteceu diversas vezes.
Em situações específicas, poderemos enfrentar os confrontos também na companhia de alguns aliados, que actuam como elementos de suporte: eles são controlados automaticamente pela CPU, mas poderemos solicitar a sua intervenção através do uso do botão suporte. Estes aliados dão bastante jeito, pois além de atacar, também te regeram a energia.
Quando completamos missões, tanto principais como secundárias, vamos ganhando medalhas de personagens. Estas medalhas dão a oportunidade de receber bónus adicionais. Um personagem particularmente experiente em combate, em essência, aumentará o valor da comunidade ligada à luta, por exemplo, e vamos encaixando essas medalhas consoante a sua versatilidade, estando dividido por secções: luta, cozinha, tecnologia, e outras.
Para resumir, o jogo tem alguns elementos primários de RPG que faz lembrar, em alguns momentos, o Pokémon, mas o seu forte é a história e o visual dos personagens. Adorava ver este jogo com a dobragem original portuguesa, mas infelizmente não tem… claramente não me vão ouvir a dizer isto de muitos jogos! Mas isto deve-se ao facto de Dragon Ball ter marcado uma geração, e que cada segundo de Kakarot é uma memória de antigamente. O jogo tem momentos espetaculares, é um bom jogo e merece toda a atenção que está a ter.