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Domingos Paciência: «A minha função é ser treinador, não marioneta»

O treinador do Belenenses em entrevista ao jornal Expresso, onde demonstra a importância da família e vinca os seus ideais enquanto treinador, afirmando que não se deixa manietar pelas direções dos clubes por onde passa.

Domingos Paciência ainda não tem uma carreira muito extensa como treinador, mas já deu vários passos na tentativa de se cimentar na profissão. Contudo, foi como excepcional jogador que o, agora treinador do Belenenses, se destacou. Em entrevista à Tribuna, do jornal Expresso, o treinador português começa por falar das curiosidades das suas experiências no estrangeiro nas quais, agora como técnico, não leva a família e de várias situações caricatas do seu ainda parco percurso como timoneiro.

O ex-treinador do APOEL, conta uma situação que o levou a sair do Kayserispor, clube turco que orientou em 2013/2014, uma situação que já ocorreu no Belenenses, com Quim Machado a ter vindo afirmar o mesmo na comunicação social. Paciência criticou a direção do clube da Turquia uma vez que queriam obrigá-lo a utilizar os jogadores que o presidente mandava, motivo que originou a saída ao fim de 7 jogos disputados.

“E a nível de funcionamento do clube é muito diferente também?
É. Por exemplo a situação que me levou a sair.

Conte.
Nós, os treinadores portugueses, gostamos de ser lideres, a nossa cabeça funciona com as opções e decisões que tomamos e não gostamos muito que as pessoas interfiram e nos imponha determinadas coisas. E a mim, a partir do momento em que me impuseram determinada situação, senti que o fim da linha estava ali.

O que lhe impuseram?
Foi a questão de jogadores, de quererem forçar a inclusão de determinado jogador. Isso aconteceu comigo e com outros treinadores também.

Essa tentativa de imposição vinha da parte do clube ou de empresários?
Isso acontece normalmente da parte do clube, do diretor desportivo ou do presidente. O jogador foi um investimento do clube, era um ativo, e eles achavam que tinha de jogar e eu achava que ele não tinha qualidade suficiente. E é o que basta para entrar em choque. A cultura para aqueles lados (eu estava na parte asiática da Turquia), a forma como vivem o futebol e como vêem o treinador de futebol é muito diferente. Estou-me a lembrar que eu tinha uma reunião com o diretor desportivo em que ele dizia “com este não conte, com este não conte, este pode contar, com este não”; resumindo, ele fazia o dez com que eu tinha de contar, portanto, estava a fazer-me a equipa (risos). Eu dizia, temos mais uma semana de treinos e vou ver em que condições estão esses jogadores e qual o feedback que me dão e em função disso vou tomar a decisão. Nunca poderia de maneira nenhuma dizer: “Sim senhor, são esses dez? São esses dez que vão jogar”. Isso era fazer mais de marioneta do que de treinador. E a minha função é de treinador.

Foi isso que levou à ruptura com o Kayserispor?
Foram essas situações e também o investimento que era para ser feito. Normalmente nos projetos para os quais nos convidam liderar, há condicionantes. Não são projetos muito apelativos em termos de ambição, nenhum deles, a não ser o APOEL, era para ser campeão. Os outros eram projetos de manutenção e de algum risco. Normalmente quando se entra nesses clubes há duas condicionantes. Primeiro é a qualidade dos jogadores e depois é o aspecto financeiro e a promessa de que irão ser comprados jogadores no sentido de melhorar a qualidade e isso às vezes não é o que acontece. Foi isso que aconteceu comigo, não fizeram nada do que estava previsto.”

Domingos falou ainda de que quer assentar arraiais, diminuindo as saídas para projectos no estrangeiro, ficando em Portugal e dando mais importância à família.

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