‘Lady Bird’, nomeado para 5 Oscars e vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Musical ou Comédia estreou na semana passada em Portugal. A estreia de Greta Gerwig como realizadora a solo é um sucesso, embora que moderado. As prestações de Saiorse Ronan e Laurie Metcalf são o melhor que o filme oferece.
Sendo o último filme dos nomeados ao prémio de Melhor Filme nos Oscars deste ano a estrear por cá, é fácil cair na tentação de o comparar com os seus “rivais” directos. Sendo directo na comparação, ‘Lady Bird’ é um bom filme, é um bom trabalho de quem esteve envolvido, sem dúvida alguma. Mas fica curto. Não sendo o mais fraco dos nomeados, a sua falta de frescura (a que muito se deve um argumento já muito batido no cinema nos últimos anos) e a inexperiência de Gerwig na realização impedem que este filme seja mais do que aquilo que aparenta ser.
‘Lady Bird’ conta a história de uma personagem com o mesmo nome (dado autonomamente por si) e a sua relação com a mãe e a adolescência. Um filme que parece ter sido inspirado na própria vida da realizadora em alguns aspectos, apesar de não ser biográfico, reflecte um percurso talvez conhecido de muitos, em parte porque todo o adulto foi adolescente, e também porque já vimos este filme em algum lado… Só nos últimos anos já tivemos ‘Edge of Seventeen’, ‘The Perks of Being a Wallflower’, ‘Juno’, ‘Boyhood’, ‘Moonrise Kingdom’, ‘Submarine’, entre muitos outros. Todos eles abordam a adolescência e os temas não diferem muito uns dos outros. Para um filme se destacar, tal como estes mencionados, é necessário ter algo mais. Esse algo mais é o que falta em ‘Lady Bird’. Não é um filme que tenha muitos erros (tirando o arco do Padre Leviatch), o tempo a vê-lo não é perdido e as prestações dos actores mantêm-nos interessados na história que o filme conta. Mas no final, não sentimos que tenhamos ganho muito.
Saiorse Ronan cimenta cada vez mais o seu lugar como figura de Hollywood e do cinema em geral. A actriz de 23 anos já soma 3 nomeações para os Oscars (2 delas na categoria de Melhor Actriz e a outra como Melhor Actriz Secundária). Apesar de ainda não ter arrecadado a estatueta dourada mais desejada deste meio, a verdade é que pelo seu ritmo e qualidade é algo que não demorará muito até acontecer. Neste papel de Lady Bird, Saiorse não desilude e consegue-nos transmitir todas as emoções que a personagem (e que qualquer jovem daquela idade) sente.
Laurie Metcalf, por seu lado, ao interpretar o papel da mãe da adolescente oferece uma prestação que podia muito bem ter chegado para “roubar” o Oscar de Melhor Actriz Secundária a Alison Janey em ‘I, Tonya’. Num ano marcado pela figura maternal, Laurie Metcalf consegue dar mais substância e consistência à sua personagem do que aquilo que acontece em ‘I, Tonya’. Se ‘Lady Bird’ perdeu um Oscar, foi o desta categoria. Nas outras categorias em que o filme estava nomeado, é comparativamente inferior à concorrência respectiva.
‘Lady Bird’ é um bom filme e é mais um que será considerado como uma referência na categoria dos filmes “Coming of Age”. No entanto, não existe aqui nada de novo que surpreenderá o espectador. Uma hora e meia bem passada com boas prestações de Saiorse e sobretudo de Laurie Metcalf, e que nos deixa com vontade de ver o que Greta Gerwig vai conseguir fazer depois deste seu primeiro passo a solo como realizadora.