A menos de um mês do início da 5.ª edição da Comic Con Portugal, o CA Notícias esteve à conversa com o diretor geral do evento, Paulo Rocha Cardoso.
A Comic Con Portugal 2018, o maior evento de Cultura Pop do país, reúne num só espaço a maior mostra nacional e internacional do género. Com uma duração de quatro dias, o evento tem uma programação própria que agrega todo o universo do entretenimento que vai desde o Cinema & TV, Banda Desenhada & Literatura, Cosplay, Gaming, New Media ou Música.
Paulo Rocha Cardoso, diretor geral da Comic Con Portugal, é colecionador de BD e aficionado por filmes e videojogos. À conversa com o CA Notícias, Paulo falou-nos sobre o passado e o futuro da Comic Con, deixando-nos algumas sugestões para a 5.ª edição do evento, que acontece de 6 a 9 de setembro, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras.
Paulo Rocha CardosoFazendo uma retrospetiva, como surgiu o evento Comic Con em Portugal?
O evento começou em 2012/2013, quando se começaram a fazer estudos relativamente a trazer este universo para o nosso país. A Comic Con já existe desde 1970 (EUA) e é um evento sempre muito associado ao imaginário. Eu sou um geek por natureza – colecionador de BD e aficionado por filmes e videojogos – e sempre acompanhei muito do que se faz a nível internacional. Começamos a perceber que em Portugal faltava algo também, faltava algo que incluísse todas estas áreas e que criasse experiências em todo este universo. Começamos então a perceber o que era possível fazer para isto acontecer. Juntamos várias pessoas e a indústria juntou-se ao projeto também. Visitantes e comunicação social também acreditaram neste projeto e fizeram-no crescer. Eu costumo dizer que não fomos nós que fizemos isto acontecer, foram todas as pessoas que fazem parte deste universo que fizeram o evento chegar até onde chegou hoje.
A que se deve o sucesso e o crescente número de visitantes em cada edição da Comic Con Portugal?
Eu tenho a certeza que a dinamização de séries de televisão associadas ao universo de super-heróis e dos filmes que se tornam blockbusters ajudou imenso a uma maior consciencialização da Cultura Pop, levando a própria indústria a querer apostar mais e a estar mais direcionada para este segmento. O segmento da Comic Con não tem idades, é geracional, todos nós crescemos com Dragon Ball, Indiana Jones, Star Wars, ZX Spectrum, A Turma da Mónica. Todos nós crescemos com estas referências que fazem parte da nossa personalidade. Isso ajuda também no momento em que chegamos a um evento desta natureza, em que as pessoas se identificam. Existe sempre algo dentro da Comic Con que atinge cada um de nós em memórias, em emoções, em experiências. Isto leva as pessoas a visitarem o evento.
O que mudou na Comic Con Portugal desde a sua primeira edição?
O nosso grande desafio sempre foi a criação de projetos de melhoria. Queremos sempre aumentar as experiências, criar memórias e criar atividades com as quais as pessoas se identifiquem, reconheçam e gostem. De ano para ano fazemos uma análise de como podemos melhorar, como podemos transformar mais a experiência e crias mais emoções nas pessoas. Muitas vezes não é a organização que coordena os conteúdos que vão estar presentes, a Comic Con tem na sua missão promover a indústria da Cultura Pop em Portugal e, portanto, é com a própria indústria que os conteúdos são apresentados. Ao termos mais parceiros, também os conteúdos vão sendo adaptados e vão crescendo, o que aconteceu, por exemplo, há dois anos com a introdução da música.
Das várias áreas presentes na Comic Con Portugal, existem áreas que se destaquem na adesão por parte do público?
Existem sempre áreas que são mais facilmente mensuráveis. A indústria do Cinema, dos Videojogos ou a Literatura, por exemplo, são áreas onde existem mais dados e nas quais o público se identifica imediatamente. Existem sempre gostos que fazem as pessoas direcionarem-se mais para determinadas áreas, mas a maior diferença da Comic Con é que todos estes segmentos, todos estes públicos, se cruzam e isto faz sentido. Hoje, não podemos dizer que somos só aficionados de cinema ou de televisão. The Walking Dead, por exemplo, é um tema que está na Televisão, mas que vem da Banda Desenhada. Batman está presente nos Videojogos, na Televisão, na Literatura, na Banda Desenhada, no Cosplay, na Música e todos eles se concentram. Na realidade não são as diferentes áreas que fazem a essência da Comic Con, um conteúdo que é transversal pode atingir todas estas áreas presentes no evento. É fácil diferenciar escolhas, mas a grande vantagem da Comic Con é que o nosso visitante passa por todas estas áreas e identifica-se com todas elas porque o conteúdo é comum.
Na edição de 2018 assistimos à alteração de local para o Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras. O que se espera de diferente com esta alteração?
O recinto, que já está a ser montado, terá cerca de 100 mil metros quadrados. O próprio recinto será uma grande aventura e uma grande experiência. Cada uma das áreas vai crescer com experiências que até agora nunca foram possíveis por limitação do espaço. Este ano será possível entrar em cada um destes universos e experienciar o mundo do cinema ou das séries de televisão. Vai ser possível ser um agente secreto, um polícia, transformar-se nestes ídolos que vemos nas telas. Mas também as restantes áreas – como o Gaming, o Cosplay, a Literatura e a BD – vão poder ter uma maior dimensão e uma maior expressividade. Tudo muda face aos anos anteriores, porque tudo está a ser construído de forma diferente. Este ano, o próprio recinto vai ser a grande atração.
Que novidades irá o público encontrar no Passeio Marítimo de Algés?
Este ano temos áreas que são fechadas e áreas que são ao ar livre. Estas áreas ao ar livre vão permitir experiências únicas. Termos também ante-estreias de filmes, de séries de televisão. Grandes novidades e lançamentos exclusivos do recinto Comic Con, como lançamentos de livros. Teremos o lançamento, recentemente anunciado, do jogo Marvel’s Spider-Man, da PlayStation. Todas as áreas terão grandes atrações e grandes atividades. Tudo isto é fruto da evolução que temos vindo a construir ao longo destes quatro anos e o futuro ainda só agora está a começar.
Quer partilhar algumas das suas escolhas pessoais para a 5.ª edição da Comic Con Portugal?
Isso é complicado, nós temos muitos convidados, muitas áreas. Eu costumo dizer que não tenho preferências, todas elas têm algo de especial. Mas posso falar de algo que me marcou na minha vida, com a qual eu cresci e, como eu, também muitos portugueses. Eu cresci com A Turma da Mónica e termos cá o Mauricio de Sousa (7 a 9 de setembro) é algo muito importante. Termos cá novamente Chris Claremont (6 a 9 de setembro), criador do X-Men, que faz parte do meu universo de aficionado do X-Men, é sempre uma grande honra. Mas teremos muitos outros: Dolph Lundgren (Os Mercenários), Nicholas Hoult (Skins, X-Men, Mad Max), Dan Fogler (Monstros Fantásticos e onde encontrá-los). Todos os convidados que estarão presentes fizeram parte da nossa vida em determinados momentos. Todos estes conteúdos vão tocar as pessoas de forma diferente e, sendo eu um aficionado, também me tocam.