O Belenenses desloca-se esta sexta-feira ao Bessa para jogar a 19.ª jornada da Liga NOS. Mais do que os três pontos, joga-se, às 20h30, história. Rivalidade. Uma rivalidade histórica que tem de servir de motivação aos jogadores. São muitos os confrontos entre os dois históricos do futebol português e cada jogo deve conter esse peso do qual as rivalidades são feitas.
Do lado portuense está uma equipa muito melhor do que nos últimos anos. Miguel Leal não é Erwin Sanchéz ou Petit, é um treinador. O ex-Moreirense tem feito um trabalho exímio nos homens do Bessa e a equipa tem conseguido resultados surpreendentes – à cabeça o empate a 3 no Estádio da Luz -, apresentando um futebol positivo. A fortaleza do Bessa nunca é fácil de quebrar. O Belenenses já o fez. Várias vezes. Não são os momentos que jogam, porém, neste momento, a qualidade dos axadrezados é superior à dos azuis. A forma como articulam o ataque e como Iuri Medeiros pauta a equipa, é de louvar. O já conhecido Fábio Espinho e o recém-chegado Schembri são jogadores que conferem outra qualidade ofensiva à equipa. As grandes debilidades boavisteiras são mesmo a nível defensivo. Vagner veio suprir o principal problema: a baliza.
O Belenenses não está bem. Veio do pior jogo da época e a equipa ainda não se encontrou a nível exibicional. Cristiano falhou quando não podia falhar e o meio-campo azul simplesmente não existiu no último jogo. Há algo que Quim Machado tem de decidir: se vai apostar num futebol lateralizado com uma insistência sucessiva em cruzamentos, não pode continuar com Juanto na frente. Não é coerente. Se, por outro lado, decide adoptar a matriz – que não se tem visto esta época – de um futebol de pé para pé, apoiado, a procurar o corredor central, então, aí talvez faça sentido o espanhol. Não chegámos ao ponto de falarmos em crise de identidade, mas pouco falta. A equipa não deverá sofrer alterações e Tiago Caeiro, que tem mostrado que merece ser titular, está com alguns problemas físicos, o que deve fazer com que fique de fora. Na defesa, tudo se manterá igual. A única alteração possível é a entrada de Maurides, avançado recém contratado ao Internacional de Portalegre. A atitude tem de mudar.
Os jogadores têm de sentir mais a camisola e o símbolo que carregam. Apesar da grave crise – de todos os valores – que o Belenenses atravessa, existem coisas que não se podem perder. Nem no tempo, nem na história, nem no futebol português. Ser vulgarizado no Bessa implicará – ou devia implicar – um grave problema moral em todos os jogadores e equipa técnica. Há coisas que não se esquecem e jogos que valem mais que três pontos e este, da 18.ª jornada, é um deles. O que se pede é a garra de quem não pensa em nada se não vencer. Só isso. Em caso de vitória, o clube da Cruz de Cristo poderá voltar a respirar melhor e afastar-se do comboio do fim.