O Belenenses recebe esta Segunda-feira, às 19h – mais um horário propício a uma desertificação -, o Tondela; equipa aflita que é treinada por um ex-companheiro de Sá Pinto, Rui Bento. Será um duelo, não de aflitos, mas de equipas que vêm de resultados pesados e que querem limpar a última imagem deixada. Os homens do Restelo querem começar a carburar em casa de formar a voltar a tornar o seu Estádio, uma fortaleza. Os Viseenses, por seu lado, desejam dar um salto qualitativo e sair do último lugar no qual caíram após a vitória do Moreirense em casa frente ao Paços de Ferreira.
Os pupilos de Rui Bento – que não iniciou a época, mas substituiu Vítor Paneira -, nem são das piores defesas da Liga, lugar esse que pertence, sem contestação, ao Belenenses. O Tondela tem 12 golos sofridos, o que não é um número assim tão horrendo quanto isso. O principal problema da equipa recém-promovida, são os golos marcados. A eficácia não reina no distrito de Viseu, sendo os 4 golos marcados em 9 jogos, um bom espelho disso mesmo. Metade desses 4 golos, foram marcados por Romário Baldé, avançado emprestado pelo Benfica. É exactamente de emprestados de clubes da Liga NOS, que o Tondela está cheio. Uma equipa feita de sobras das outras, que ainda não encontrou o caminho da estabilização do onze inicial, tendo sempre várias mexidas. Porém, também existem pontos fortes. A defesa experiente, com jogadores batidos na 1ª Liga, dá-lhes uma boa consistência. Berger, Bruno Nascimento e Kaká, são nomes conhecidos do universo do futebol português. Depois, o ainda campeão da Segunda Liga Portuguesa, conta com várias setas apontadas ás balizas adversárias, tais como: Wagner, Murillo ou mesmo Nathan Junior. Qualquer um deles, aliado ao ponta de lança Romário Baldé, podem desequilibrar de um momento para o outro e têm de ser alvo de atenção por parte da defesa azul. Algumas individualidades num colectivo fraquíssimo que não tem fio de jogo definido nem a coesão necessária para ser eficaz na Liga NOS.
Os homens da casa não estão em bons lençóis. Ricardo Sá Pinto sabe que tem de limpar a imagem deixada nos últimos jogos da Liga; não só pelos resultados, mas sobretudo pela qualidade exibicional. Os 21 golos sofridos em 9 jogos (algo quase histórico), fazem urgir a necessidade de mudança na componente defensiva. Apesar da dupla de centrais e de laterais estar sempre a mudar; tem de haver mais consistência e menos permeabilidade, algo que já não é admissível a este nível. Em casa tem de se criar uma cultura vitoriosa, de equipa temível e imbatível. O Restelo não pode ser só um sítio de passagem para as equipas adversárias; tem de ser um campo difícil onde poucos passam. Isso só se consegue criando uma cultura de vitórias. Depois do problema da fragilidade defensiva, vem o mais grave de todos: o problema das lesões. São 6(!) os jogadores com os quais Ricardo Sá Pinto não poderá contar para defrontar o Tondela. Num plantel que está a disputar 4 competições, ficar sem 6 jogadores, é obra. Sobretudo jogadores da importância dos 6 que faltam. Gonçalo Brandão, João Afonso, Miguel Rosa, Carlos Martins e Palmeira com problemas físicos; Luís Leal por castigo. São 6 jogadores que, em condições normais – pelo menos 5 deles -, tem lugar no onze titular. O revés enorme numa equipa que anda ainda à procura da consolidação exibicional. Posto isto, o onze do Belenenses deve contar com as caras novas de Tiago Caeiro e de Tonel.
A vitória só pode ser a único objectivo da equipa, tal e qual referiu o seu timoneiro. A oportunidade é de ouro, não fosse o Belenenses receber o último classificado em casa. As condições são as melhores, resta saber se a equipa estará à altura do desafio. Jogar de 3 em 3 dias não é fácil, mas é preciso não perder o comboio. Sabendo então que o próximo jogo é em Alvalade, há ainda mais a necessidade de vencer hoje, o Tondela. Mais do que limpar a imagem, é preciso começar a encarrilar e deixar a pobreza exibicional para trás.